sábado, 26 de abril de 2008

Unifamilias


O país está de tanga, o dinheiro muito difícil de segurar, tudo sempre caro, os empregos e postos de trabalhos amarguram as vidas de cada um... enfim. Uma máquina que de imparável que é, não pára de mesmo assim acenar com marketing agressivo com sempre novas e melhores coisas que fazem com que tudo se torne imprescindível para a nossa vivência diária.

Nos últimos 20 anos - e principalmente desde os últimos 10-, os casais para viverem na nossa selva, apertaram sempre em tudo.
Uma das situações de tantas contracções é nos filhos. Os filhinhos dos nossos actuais dias, ainda pequenos ou grandes, paradoxalmente, têm de tudo. Os pais dão-lhes tudo e de tudo. às vezes em exagero e até cedo demais. Esses filhinhos, que são lançados para aquilo a que apelido de selva, vivem uma situação diferente daquelas que viviam os nossos antepassados: são filhos únicos.
Únicos porque os casais foram empurrados a terem só um único filho. E é sobre esta situação que vou dissertar algo do que penso.

A sociedade criou aquilo a que apelido de unifamilias. Ou seja, ao se ter um só filho penso que damos inicio a novos problemas sociais e ainda o impedimento a esse ser de uma certa vivência social e em sociedade.
Um filho único não tem irmãos ou irmãs. Nunca vai ter sobrinhos e nem os seus filhos terão algum dia primos.
Se esta tendência continuar, daqui a algumas gerações as familias resumir-se-ão apenas a avós, pais e netos, sendo o comum nesta situação ser o filho único da geração anterior que também provém da situação unifamiliar.

Eu acho esta situação preocupante, pois, as crianças têm de depender unicamente de si ou ter se possível amigos ou vizinhos para as brincadeiras ou confidenciar as suas dúvidas por exemplo. A defesa do termo familiar para a criança tornar-se-á vago. Afinal, por exemplo na escola, onde estará o irmão ou primo mais velho para o proteger nas suas enrrascadas? Ou ser ele o mais velho e protector do mais novo... ou até mesmo primo. Estão a compreender a lógica, ok...

Para os pais a situação também tem diferenças que já se me afiguram lógicas. Quando se dá um brinquedo ou outra oferenda... terá de ser pensado ou a duplicar ou então adequadamente a pensar que se dá a um o outro também merecerá e aí existirá a regra da regulação dos pais. Acaba por ser um factor muito interessante regular os paizinhos no caso dos exageros. Principalmente nos dias de hoje que é comum fazer-se quando se tem um filho único.
No campo afectivo, aquilo a que se tornaria na unifamilia um exagero de mimo passa a ser encarado com outra correcção. Parece-me certo assim que ter mais que um filho, regula os pais, regula o crescimento dos filhos e mais importante ainda regula a árvore familiar.

Apreciando a nossa economia geral, ter um filho é bom, que apesar de ter muitas despesas associadas, acabam por ser as mais bem suportadas. Ter muitos é algo já dificílimo de conciliar e ainda para mais com a capacidade financeira e profissional que os novos pais têm. Parece-me que o número mágico acaba por ser os dois filhos. Dois torna-se assim o mínimo saudável e ao mesmo tempo... o máximo.
É o que penso...

2 comentários:

Bruno M C Castro disse...

Saudável, foi o que os meus Pais fizeram... Quatro!!! Eu sou o mais velho, com 25, tenho duas irmãs com 23 e 12, e para fechar a fábrica, arranjaram o mimalho que tem 5 anos.
Concordo plenamente contigo, não sou a favor de famílias com filhos únicos, penso que esses filhos são estragados de mimo.
Eu ainda não sou pai, mas gostaria de poder vir a ter 2 ou 3 filhos, mas claro que compreendo que com o nível de vida a que hoje estamos habituados, e já não falo só a nível monetário, mas também de disponibilidade dos pais para abdicarem um pouco das suas carreiras profissionais, das suas saídas à noite, de paciência para a educação deles, etc., torna-se bastante fácil de ouvirmos alguns casais novos dizerem que se soubessem bem o que estavam a fazer, não tinham tido era nenhum...

ArmPauloFerreira disse...

Bruno: Parabéns por teres vários irmãos. Eu também tenho muitos e até de forma complicada... é a vida! Mas é bom termos mais gente. Quando novos nunca percebemos mas um dia que fores um adulto emancipado vais ver as coisas com outra perspectiva.
E o teu irmão mais novo vai te ver com outros olhos.

Quanto a não ter nenhum... também é ir ao extremo. Aí são os casais que se tornam egoístas. Muitos desses arrependem-se muito tarde e sentem-se incompletos por não terem os filhos quando os poderiam ter.