domingo, 7 de março de 2010

Música da Semana: The Dark Side Of The Moon... versão The Flaming Lips

Em 1973 os Pink Floyd lançaram um álbum conceptual que é visto globalmente como a grande obra-prima da banda. Refiro-me ao "The Dark Side Of The Moon".

Sendo este um dos discos mais vendidos da história da música, obviamente que o surgimento de covers das suas canções não é nada de espantar. Agora o menos imaginável é assinar-se uma cover do álbum inteiro. E foi isso que os corajosos The Flaming Lips, fizeram e lançaram em 2009 uma nova interpretação de The Dark Side Of The Moon.


Na realidade, eles não estão nesta aventura sozinhos pois a assinatura do álbum é "The Flaming Lips & Stardeath and White Dwarfs", e durante quase todo o álbum as vozes são de Henry Rollins e da Peaches.
Portanto, muita gente de categoria a tentar refazer tão célebre disco dos Pink Floyd e sinceramente o resultado final é... mesmo bom!

Os Pink Floyd começaram a carreira como uma banda de rock psicadélico mas quando fizeram o TDSOTM, o psicadelismo já haviam se diluido no rock progressivo e espacial da banda. Ora os The Flaming Lips são uma banda também ela (neo)psicadélica e ainda bem que esta tarefa foi por eles tratada, pois poucas poderiam apreender o todo desta disco de 73, que na verdade, após o conhecermos cada vez melhor ele se revela bastante mais complexo do que parece.

A versão 2009 que nos propõem os The Flaming Lips, consegue um primeiro grande feito que é conseguir manter a integridade de todo o conceito da obra mas isso não significou para eles reproduzir tudo de forma exacta. E ainda bem.

Se o original é rock progressivo, este apresenta-se não só progressivo mas ainda muito mais psicadélico. E sinceramente, ficou mesmo muito bom. Tão bom que não chega escutá-lo uma só vez, de cada vez que se o ouve. E este álbum pede igualmente para ser escutado de seguida como um todo, como se todo ele fosse uma única e só faixa (exactamente tal como o original nos exigia).
Esta nova interpretação é estruturalmente idêntica ao original mas todas as faixas foram reconstruídas e reinterpretadas sonoramente, há imensas modificações mas o trato dado por mais diferente que possa parecer produz um resultado contemporaneo do original... igual sem sequer o ser.
É como observar a capa desta versão de 2009 e só por ela reconhecermos de onde ele vem só pelos raios...

Por falar na capa, a inicio parecia-me a parte mais fraca do todo mas depois de bem escutado até se entende a opção. A capa remete para o que se apreende duma aprendizagem, como se existisse aqui literalmente um mestre e um aprendiz. O resto já sabemos que o aprendiz terá de saber lidar um dia com a "bagagem" que o mestre lhe deixou. na foto da capa, ambos têm a mão no instrumento musical, que é um baixo... precisamente o instrumento que tocava o idealista de todo o conceito do álbum: Roger Waters.

No fim, o que notei é que nos devolve a mesma sensação que provavelmente todos nós sentimos quando apreciamos o original dos Pink Floyd pela primeira vez. Continua presente a mesma atmosfera, todo o desenvolvimento intrigante desta viagem conceptual sobre a vida moderna e consegue o mesmo efeito de terminar em apoteose.


Por fim, há nele um segundo resultado inesperado: isto pede mesmo que se escute novamente o original todinho só para confrontar o valor de cada um, na actualidade.
É que depois de ouvido o dos The Flaming Lips, a versão original dos Pink Floyd vai parecer... não algo com quase 40 anos mas sim um disco novo!

Fica aqui um pequeno "cheirinho" do inicio do álbum:
"Breathe" - The Flaming Lips & Stardeath and White Dwarfs with Henry Rollins and Peaches doing The dark side of the moon. (2009)

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