sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Apple: o novo MacBook Air... apreciação, opinião e questões


Gostei muito do renovado MacBook Air!

Na verdade, o que me encantou mais foi até a versão de 11" de base.
Um ecrã com 11,6" mas com a mesma resolução habitual dos portáteis com 13" (exibindo os mesmo pixels) é uma boa jogada. O de 13" faz o mesmo mas ao ser maior...

O MacBook Air foi desde sempre um portátil muito "sui generis", que atacava sem as mesmas armas o segmento dos pequenos netbooks. Sem as mesmas armas porque era muito grande e excessivamente caro para incomodar esse segmento (rever artigo sobre netbooks neste blog).
O Air também se colocava como um portátil com especificidade invulgar pensada para certos nichos de utilização (rever artigo acerca do Air original).

Desta vez o Air surge numa nova conjuntura muito curiosa. A percepção que tenho é a de que o hype em torno dos netbooks eclipsou-se, devido a o mercado ter visto surgirem os smart-phones como os iPhones e os com Android, e a recente tomada de posse com os tablets (como o iPad e outros). É como se um ultra-portátil se tornasse questionável na nova conjuntura. E a nova conjuntura funciona em ter um bom smart-phone com acesso á net permanente e um bom computador portátil (bem apetrechado e já como computador único de cada pessoa).
A percepção que tenho, é que são já raros os utilizadores de computadores de secretária de estilo clássico, que é um monitor, uma torre, um teclado, um rato, montes de fios e um local dedicado somente ao computador. Os portáteis mudaram isso. O que também não significa que é plenamente positivo (mas isto é uma outra história...)

Na geração anterior, os argumentos mais fortes do MacBook Air eram o peso ultra-leve e o facto de ser muito fino.
Ora a própria Apple já aprendeu imenso com o Air, e o que vimos foi as gamas de MacBook Pro a herdaram não só variadas opções estéticas, como também verem-se cada vez mais finos e mais leves.


Ora em 2010, o Air conseguiu melhorar bastante mais:


O novo MacBook Air, passou a ser ainda mais fino e leve, e ganhou duas versões de tamanho, sendo para mim a a versão de 11" a versão mais merecedora do significado de ser um MacBook Air.
Nele desta vez, acho adorável a "metade" que tem o teclado ser a "descer". A nível ergonómico (pousar as mãos ao nível da mesa) bate tudo o que já se viu!
Acho engenhosa a ideia de erradicar o uso de disco-duro, quer seja "disco" ou SSD, e se usar placas de memória flash espalhadas no interior para o armazenamento. É esta a razão que o torna tão fino, permitindo ao espaço interior ser praticamente usado para as baterias.
A memória flash permite acessos tão rápidos (que até indica que a necessidade de RAM pode ser usada com apenas os 2Gb que não perturbam a performance), que a Apple consegue assim dotá-lo de "instant on" (que é o acesso instantâneo ao computador no momento em que se lhe abre tampa (não é tanto para o start-up).
O facto de não ter a super-drive para ler (e gravar) DVDs, já não é novidade pois o anterior Air já não tinha também. Não ter uma porta para ethernet... também já não tinha desde o Air original e muito honestamente é secundário, uma vez que as ligações predominam cada vez mais por wireless (e o Wi-Fi com a norma "n" é bem rápido).
Em suma, afigura-se com um perfeito portátil... mas isto são as maravilhas de tudo o que é novidade.


A questão que me coloco é: Tem actualmente justificação um MacBook Air?

Eu olho para a gama de "computação" Apple e parece-me que o Air não terá uma vida muito fácil.
Se o colocarmos entre o iPad (metade do preço e para as tarefas de consulta e pouco mais é mais eficiente e práctico) e um MacBook Pro (de 13", cujo valor é muito idêntico ao Air de 13" mas tem um bónus de poder ser um computador principal, por estar totalmente apetrechado - superdrive, muito maior armazenamento, mais RAM e design igualmente bem conseguido - particularmente até gosto mais do vidro ir até ás pontas). O MacBook Air deveria ficar entre estes dois e como nem tem o preço para isso e nem tem todas as características dum Pro... acho-o realmente questionável. Na melhor das hipóteses, será apenas uma alternativa mais capaz que um iPad.


-O problema #1 deste novo MacBook Air começa no preço pois tem uns 200/250 dólares a mais. Deveria custar uns 750$, para ser uma alternativa menos premium do que é. E recordemos que a Apple tem o MacBook "branco" cujo preço é inferior mas oferece muito mais.
-O problema #2 que acarreta o MacBook Air é que ele é também um portátil comprometido logo na origem. Afinal, não consigo considerar um MacBook Air num cenário em que ele é visto como um computador principal seja de quem for. Será visto como um Mac complementar, tal como o iPad. E para se o poder ter como principal obrigaria a um acréscimo de periféricos para se ter o conforto necessário: disco externo seria obrigatório, uma drive óptica externa para CDs/DVDs igualmente, adaptadores de USB para cabo ethernet igualmente... e até mesmo um monitor externo maior (caso se opte pelo interessante de 11"). Isto voltaria ao imediatamente ao problema #1 do preço... E se pensarmos bem com o preço do Air de 11" compra-se um incomparável iMac de 21,5", cuja versão de entrada de gama é uma mais valia para melhor a anos-luz de diferença... só não permite é andar com ele!
- o Air não se configura na gama de portáteis Apple em escalada. Ser um segmento alternativo parece-me mais um problema que uma virtude, contando assim para o ponto #3. Acho que o poderá continuar a confundir os clientes.
Teria sido super interessante, se a escalada portátil Apple fosse a seguinte:
iPod touch/iPhone - iPad - MacBook Air - MacBook - MacBook Pro
Ora, o Air como a Apple o introduz na gama, posiciona-se mais no fim da cadeia que a meio, o que significa um produto mais para as elites e certos nichos (normalmente bem abonado financeiramente), que manterá assim o Air sem o sucesso que ele mereceria mais.


Resumindo, é tudo muito bonito mas na hora da verdade, o comprador vai olhar para o que vai ter de desembolsar e acabará saindo com um MacBook Pro de 13"...

Desenganem-se, acho este MacBook Air, em termos de sugestão de conceitos tecnológicos, o futuro dos portáteis e um verdadeiro espectáculo de portátil.
É que menos também significa mais... mas não como a Apple fez (preço, valor do investimento, posicionamento na gama e target).
Mas isto sou eu a dizer por gostar de dizer coisas...

13 comentários:

Zé Miguel disse...

Óptimo post :)

Uma análise do air como nem sequer vi em sites "estrangeiros". Concordo plenamente contigo, o air é caro. Para um portátil com processador "velho", sem uma data de portas, bateria pequena (relativamente ao modelo de 13"), ecrã mais pequeno, transformador mais pequeno, corpo em alumínio mais pequeno também, em suma, gastando muito menos dinheiro na fabricação de todos os componentes (à excepção do ecrã e SSD) como pode este portátil custar 1000€???
Por menos 200€ era um êxito, talvez o Steve esteja com medo de canibalizar o iPad que no modelo de 64GB custa $830. E o preço do iPad já era um compromisso devido aos preços do iPod Touch!

Huummmm, assim não vamos lá Steve :(

ps: Foi só a mim que o Jobs pareceu MUITO magro?

ArmPauloFerreira disse...

Realmente o Steve Jobs está visivelmente em sintonia com os produtos Apple: cada vez mais thin...

Mesmo assim acho o Air super-interessante e se estivesse a uns 750€ vendiam-se como" pãozinhos quentes". Assim acho que ficará o Air embaraçado pelo iPad e pelas gamas MacBook.
Obrigado pelo comentário.

Nuno Pereira disse...

Mesmo assim gostava de ter um.....

Se a conversão for a correcta, sem roubalhices dos dólares para o Euro acho que o Portátil têm um bom preço.

ArmPauloFerreira disse...

Nasp, até eu gostava de me ver com um de 11"...
Mas continuo a achar o valor muito puxado.

Zé Miguel disse...

@Nasp: Já está à venda na Store Portuguesa http://store.apple.com/pt/browse/home/shop_mac/family/macbook_air?mco=MTAyNTQzMjc

Começa nos 999€ para o disco de 64GB e 2GBs de RAM que são soldadas à motherboard, portanto sem hipóteses de fazer o update mais tarde. É carote!

E se me lamento relativamente ao preço é porque gostava mesmo de ter 1, o de 11.6", é o que serve para as minhas necessidades.

Agora também há outra coisa engraçada, peguem no Air de 11.6 adicionem o SSD 128GB, processador a 1,6GHz e 4GB de RAM. 1.329,00 €
Agora escolham o de 13", processador 1,86GHz, SSD 128GB, 4 GB RAM: 1.389,00 €!!!!!!!

Por uma diferença de 60€ tens um ecrá de 13" em vez de 11, tens 7h de bateria em vez de 5h, tens ligação para cartões SD e processador um pouco mais rápido. Hummm, escolha difícil?

ArmPauloFerreira disse...

Zé Miguel, o Air não tem armazenamento SSD mas sim por flash como a Apple coloca nos iPods. É diferente.

Mesmo assim acho que o Air de 13" perde junto dum Pro de 13" até pelo mais básico. E são quase 200€ de diferença num produto muito mais apetrechado...

Zé Miguel disse...

@aPAULOf:
SSD=Solid State Drive, logo é qualquer memória que não tenha partes moveis. Tirei da Wikipédia:

"(...)Alguns dos dispositivos mais importantes usam memória RAM, e há ainda os que usam memória flash (estilo cartão de memória SD de câmeras digitais).(...)"

Mas acho que tens razão, flash é mais preciso =)

ArmPauloFerreira disse...

Sim é verdade mas pelo que entendo, a diferença é que se associa SSD a um hard drive SSD e neste Air nem sequer lá cabia um SSD convencional. No video eles exemplificam bem isso até...
Contudo, isto é um mero detalhe e neste caso em especial agradeço a valiosa participação.

João Sousa disse...

Eu percebo onde queres chegar e não acho que seja um raciocínio isento de mérito. A razão porque, em certa medida, não concordo com as tuas conclusões, é considerar que partes da premissa errada.

Por exemplo, tu dizes que "o Air não se configura na gama de portáteis Apple em escalada". Até aqui tudo bem, estamos de acordo. Só que depois afirmas "um segmento alternativo parece-me mais um problema do que uma virtude". Para mim, a questão essencial é eu não chamar a isto um segmento alternativo - chamo-lhe um segmento específico. Por isso não se consegue encaixar o Air entre os outros Macbook: o seu objectivo passa por ser o segundo de um deles e não substituir um deles.

É o facto de a Apple ter projectado o Air com objectivos bem definidos que o faz ser tão particular e difícil de encaixar numa utilização normal - porque o seu destino não será um uso normal. Se alguém quer programar, precisa de mais ecrã, mais disco, mais memória e mais processamento: logo, precisa de um portátil maior dificilmente apodado de "air". Se alguém precisa fazer edição de vídeo ou som, idem. Se alguém quer usar o seu portátil como um hub multimédia - idem.

Este portátil é, de facto, um produto para nichos. Será para quem viaja muito e procura um equipamento extremamente leve para consultar o email, editar contratos, navegar na internet e ligar a um projector para uma apresentação. Por esses fóruns estrangeiros, não falta quem afirme que meio quilo a menos ou a redução do ecrã de 13" para 11" fazem toda a diferença nas viagens ou nos assentos de avião.

Vejo-o também com facilidade nas mãos de jornalistas e, principalmente, escritores, que não precisam de mais no seu computador de trabalho do que um browser, um cliente de email e um editor de texto. Se eu fosse escritor, acharia isto a máquina de escrever portátil perfeita. A verdade é que menos, por vezes, significa mesmo mais e a falta de capacidade para outras tarefas permite concentrar mais naquelas essenciais.

Portanto, se o comprador sair da loja com o Macbook de 13", acho-o um sinal de que a Apple separou bem as águas e não um falhanço do Macbook Air.

--

Em relação ao preço, bom… dificilmente se podem fazer milagres.

Criar um computador ultra-miniaturizado, com um bom ecrã de 11", com um teclado (talvez) funcional, com um processador que não o comatoso-Atom e um chipset gráfico não-sonolento, com um disco de Flash (e não um normal de pratos) e com um corpo único em alumínio, é uma coisa; querer atribuir-lhe um preço próximo dos quase estandardizados netbook de plástico da Asus e Acer, como vi por esses fóruns espalhados na Internet, parece-me algo exagerado.

Eu aguardo a oportunidade de experimentar um deles numa loja, até porque me questiono se o Core2Duo mais lento tem capacidade para manipular as páginas gordas de Flash (maldito Flash...). Mas mesmo assim estou confiante que o Core2Duo, por muito underclocked que esteja, tenha um bom avanço em relação aos Atom.

--

E já agora, se o Air custasse realmente 750$ (750 escudos!!!), ia já encomendar uns 10 cá para casa e mais uns 20 para oferecer no Natal aos clientes. ;-)

ArmPauloFerreira disse...

@João Sousa: Agradeço desde já o comentário, como sempre de qualidade e valioso.

750$... é o simbolo dos dólares e não dos extintos escudos. Quem nos dera realmente que custassem 3,75 euros...

O cenário e nicho a que te referes já o havia sugerido num artigo há dois anos e meio, quando surgiu o primeiro Air (e acho que poucos viam o mesmo que eu -o tal nicho/elite- e tu agora retrataste muito bem).
Afinal, porquê escolher o MacBook Air?

E sobre netbooks aqui:
Que tipo de netbook queremos afinal?

Eu adoraria ter o de 11" para usar para pequenas tarefas e gerir o blog criando artigos, editando as imagens, meter o codigo html e cenas assim... (no iPad nunca vai dar para o fazer).

Zé Miguel disse...

@João Sousa: "(...)Criar um computador ultra-miniaturizado, com um bom ecrã de 11", com um teclado (talvez) funcional, com um processador que não o comatoso-Atom e um chipset gráfico não-sonolento, com um disco de Flash (e não um normal de pratos) e com um corpo único em alumínio, é uma coisa; querer atribuir-lhe um preço próximo dos quase estandardizados netbook de plástico da Asus e Acer, como vi por esses fóruns espalhados na Internet, parece-me algo exagerado.(...)"

Acho que estás a ver as coisas pelo ponto errado. Porque em primeiro lugar querer que este portátil fique na casa dos 800/900€ não tem nada a ver com os EEEpc's e afins. Em segundo porque a verdade é que a Apple não se limita a colocar uma margem de lucro de x% relativamente ao preço que eles custam. Não podes dizer que o preço é irrelevante para comparações com outros Macbook só por ser um segmento diferente. A Apple joga muito com os preços e desde que a sigo (há uns 5 ou 6 anos) ela sempre fez isso. O único motivo para o Air ser tão caro é para não canibalizar as vendas do MB e MBP.

A prova disso é a comparação de preços dos Macbook Air entre si, relativamente ao Macbook e ao MacbookPro!!! Não há explicação nenhuma decente para o Air ser tão caro, a não ser o facto de a Apple segmentar os produtos pelo preço!! Eles querem manter o Macbook como modelo de entrada, para poder ter maus lucro. Outra prova disso sempre foi o Macmini, que chegou a ser ridículo o preço a que era vendido quando tinha um processador com dois ou três anos de atraso relativamente ao resto da gama apple.

Por isso é que acho que

Não estou a pedir que o Air tenha um processador de topo, acho que o que tem chega e sobra para uma máquina que não é para power users, mas pelo amor da santa os Core 2 duo a 1,4Ghz devem estar ao preço da UVA mijona, é a gama antiga da Intel e com uma velocidade de relógio muito baixa.


ps: Outra exemplo desta política de preços da apple é o ipod touch que começa nos 8GB e depois passa para os 32GB. Quem é que compra o modelo de 8GB para um aparelho com as funcionalidades que tem (que são exigentes a nível de armazenamento)????

ArmPauloFerreira disse...

@ Zé Miguel... concordo com tudo!
Afinal um netbook mais ou menos tipo o Air custa 500 euro... pedir por um da Apple de 11" uns 750 a 900 euro não seria exagerado. A Apple pedir de mil para cima por tão pouco computador... mesmo que seja destinado a elites, nichos e à classe rica...mesmo assim continuo a achar os preços puxados. Aliás, tudo o que a Apple vende actualemente tem preços errados, excepto alguns da gama iMac e MacBook Pro, de entrada. o Caso do iPod touch é gritante passar de 8Gb para 32Gb...

Anónimo disse...

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