quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Cine-critica: Skyline - O alvo somos nós

Skyline - O alvo somos nós

(2010)

Realizador: Colin Strause, Greg Strause
Com: Eric Balfour, Scottie Thompson, Donald Faison


Uma ameaça extraterrestre, surge inesperadamente à Terra e as abduções da humanidade começam sem dó nem piedade e acompanhamos um pequeno grupo que tenta por tudo resistir.
Simples. Tudo demasiadamente simples demais até...

Está a ser razão de "chacota critica" por todo o lado mas não o acho assim tão mau ou desprovido de valor como se diz. "Skyline" é um produto derivado de muito do que já se viu noutros filmes (e bem melhores). Tem à mistura "Guerra dos Mundos", um pouco de "Cloverfield",  "District 9", a ideia de séries como "V - Batalha Final"... mas num todo muito inferior perante estes exemplos de onde acho ser derivativo.
Contudo, há algo no filme que me conquistou simpatia por isto... e, compreendendo-o, acabei por gostar de "Skyline".
Não deixa de ser um filme fraco (argumento e actuações, são gritantes) apesar de ter uma intrigante premissa (que me fez seguir interessado até ao fim para saber no que iria dar) e de ter um twist final muito curioso (apesar da patetice).
Não era isto que em tempos idos significava ser série B?
Aqui estamos perante uma versão em jeito de série C (?)… dos actuais filmes série B dos últimos anos!

Encaro em “Skyline” um produto humilde mas com muita de atitude e vontade. Como se dissessem:
“Temos pouco para fazer um grande filme sci-fi mas mesmo assim conseguimos isto.”

Fazer sci-fi, e bastante visual, nos dias de hoje não é fácil. E é no aspecto visual que "Skyline" muito brilha. Tem momentos técnicamente superiores a filmes com enorme orçamento e apreciei imenso o facto de a acção practicamente se passar à luz do dia pois é um desafio ainda maior (não usando o cliché do artificio nocturno para disfarçar os efeitos e criar o suspense banal do costume).
Skyline no total custou somente uns 10 milhões (dolares) e de certeza que mundialmente ganhará mais do que gastou e ainda dará lucro. E se analizar pelo efeito dos downloads ilegais, acho que este funcionará em sentido inverso ao ser pirateado. Com pouco investimento empregue, dará pelo lado técnico/visual prestigio a quem o fez, como um cartão de visita promocional... Porque será que toda a gente fala dele? Pois... porque isso é óptimo.
Imaginemos o que seria estes irmãos Strause (os realizadores/efeitos especiais) com um argumento como deve ser, bom elenco (e bem dirigido, claro) e numa melhor produção...


Para mim, "Skyline" é sim fraco mas ao menos sempre não me entediou como por exemplo o "Transformers 2"  (este sim, foi um verdadeiro esbanjamento). Se houver um "Skyline 2"... quero ver!


Classificação:
5/10
Razoável

9 comentários:

Ricardo Vieira disse...

Tenho lido várias críticas, e esta foi a mais simpática. Não tenho expectativas e vou com a cabeça mais-ou-menos limpa ver este filme. Espero vir a ter uma experiência positiva.

ArmPauloFerreira disse...

Talvez seja mais recompensador se o descarregares (já circula em HD e aplica esse bilhete noutro). É apenas um filmezito... e a nivel do elenco e argumento falha imenso. É visualmente, pela premissa e a vontade de descobrir o mistério o que mais valem.

Nuno Pereira disse...

Acho que a minha pequena review sai amanhã...Tenho-a agendada já à bastantes dias no blogue.

Foste um pouco mais generoso que eu na analise que até nem achei os efeitos especiais nada de especial :)

Falaste foi noutra coisa que ainda ontem discuti com vários amigos sobre os downloads e sobretudo sobre um DVDSCR famoso que corre meio mundo desde a semana antes do Natal.

O filme não é mau não senhora e às interpretes estão ambas às duas muito bem mas eu só consigo ver um produto demasiado sobrevalorizado. E depois um DVDSCR de um filme também "barato" para ajudar na divulgação do filme para os prémios que ai vêm... Qualquer editora sabe que um DVDSCR cai logo na rede... chiça!!! Falo claro do Black Swan!!!

João Sousa disse...

Arm, estás a incentivar a pirataria? Isso não se faz...

(A olhar para o lado, disfarçando enquanto coloco o nome do filme na minha "fnac alternativa")

ArmPauloFerreira disse...

@ Nuno Pereira: quando referiste as duas interpretações, o antes do Natal e o DVDScr... percebi-te logo de qual te referias. É esse, o The Social Network, até mesmo o Inception... tão sobrevalorizados em excesso. Mas entendo, há uma classe de apreciadores que olham mais aos nomes envolvidos, estatuto, prestigio que já trazem, etc. É por isso que a recente lista dos 20 melhores filmes do Tarantino é tão pertinente e interessante.
Quanto ao Skyline... como estou habituado a ver filmes de todas as qualidades, tal como tu (e não só a valorizada pelas elites), a minha tolerãncia e compreensão perante as mais fracas produções, aguenta-se se ao menos a premissa e alguma estaleca ou atrevimento interessante sobressair. O Skyline tem algo nele que o trona muito curioso e agradou-me. Obviamente que é mais um daqueles cujo trailer e marketing lhe é superior.

@ João Sousa: Épá nem pensei nisso e bem visto. Mas olha que nem sequer o saquei... uma outra pessoa o fez e até o tinha em HD... e lá se viu.
Mas este é daqueles óptimos para ver pela TV, canais de cabo... ou com um "voucher-livre" que se apanha da net... no cinema já é pedir muito.

Ricardo Vieira disse...

Já vi o filme e não o achei tão mau como isso.

Publicarei a minha opinião daqui a uns dias no meu estaminé.

ArmPauloFerreira disse...

Óptimo Ricardo. Deste uma amostra de saber ver em contexto e com tolerância cinéfila. Tens sido interessantemente coerente. Skyline tem muita coisa fraca mas é para mim um intrigante filme até ao fim duma maneira que Me manteve interessado. Há bem piores que este...

João Sousa disse...

Bom, estive a ver o filme e no geral concordo com o Arm.

É certo que não deve existir ali um único frame com uma ideia original; não se pode falar em argumento porque, a bem dizer, o que move o filme não é uma história mas sim uma situação; e os actores estão condenados a corporizar personagens sem qualquer espessura.

Mas às vezes penso que somos injustos ao querer avaliar um filme segundo objectivos que os seus criadores não tinham em mente. Isto não é suposto ser uma "criação artística" - é um produto de consumo, uma pastilha-elástica para os olhos. É um filme-pop cujo pressuposto é entreter-me durante hora e meia. Ou, em alternativa, é um portfólio das capacidades técnicas da empresa dos seus realizadores.

E conseguiu-me entreter? Sim. Com um orçamento relativamente modesto (10 ou 20 milhões, as avaliações diferem), não me senti entediado (Godzilla, Matrix 2) nem insultado (Speed 2, qualquer Michael Bay). Achei que o filme funciona visualmente e os efeitos especiais bastante bons. O ritmo também me pareceu eficaz e, se mais não houvesse, sempre se pôde ver o Angel Batista saído directamente de um episódio do Dexter.

O fim, sem dúvida, era perfeitamente escusado: uma melice indesculpável e o mais descarado gancho para a sequela de que tenho memória. Felizmente, para compensar, os realizadores foram imunes à tentação de explicar e teorizar o que se ia passando, erro tão comum neste tipo de filmes e que só costuma ter resultados ridículos.

Acho eu que o Cinema vai avançar graças a este filme? Claro que não. Mas, se numa tarde de Domingo, eu estiver aborrecido e quiser desligar o cérebro sem dormir uma sesta, sou bem capaz de colocá-lo no DVD e rever um bocado.

--

Numa nota lateral, há uma polémica. Os realizadores de Skyline fizeram, através da sua empresa, algum do CGI para um próximo blockbuster financiado pela Sony. Esta acusa-os de aproveitarem equipamentos e orçamento e plagiarem o argumento para fazerem, em paralelo, o seu filme. Talvez isso explique, em parte, os valores na aparência "poupadinhos". E coloco o termo entre aspas porque, caramba, 10 ou 20 milhões de dólares não são propriamente uma mão-cheia de tostões.

ArmPauloFerreira disse...

Excelente comentário e contribuição a esta pequena discussão sobre o Skyline. Entendo perfeitamente as observações aos exemplos dados (sim, a metade inicial do Matrix Reloaded tem muito de entediante).
A nota lateral é muito interessante pois até desconhecia isso.
10 miloes é muito dinheiro mas neste género de filme não é nada em comparação ao Bay gasta nas suas obras, muitas das vezes chatas demais.
Well done, João.