quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cine-critica: Passion Play (2010)



Passion Play
2010

Realizador/argumento:
Mitch Glazer

Com:
Mickey Rourke, Megan Fox, Bill Murray, Kelly Lynch, Rhys Ifans...


Sinopse: Filme independente, um thriller dramático, que nos apresenta Nate (Mickey Rourke), um trompetista que encontra a redenção da sua vida errática ao encontrar a bela Lily (Megan Fox), uma mulher com asas que se verá envolvida nos problemas dele com o mafioso Happy Shannon (Bill Murray).



Ora bem...

Na minha larga tolerância a filmes de baixa condição, às fracas produções, aos menos badalados e por aí fora, este até que nem foi assim tão mau quanto parecia e até como o pintam. Explicarei melhor então...

É um filme de qualidade mediana sim, onde o que mais se aproveita é até a história que é bastante mais interessante do que parecia e de onde se podem tirar segundas conclusões. Este é um filme que teria ficado bem se tivesse sido feito nos anos 90. Nessa altura o Mickey Rourke ainda era um galã do cinema e teria assentado visivelmente bem melhor nesta história.

Em "Passion Play", um trompetista caido em desgraça por maus envolvimentos, tem "um momento decisivo na vida e acaba deambulando pelo deserto", facto que nos conduz a testemunhar uma descoberta anormal neste tipo de "realidade" credível. Estamos perante a descoberta de uma mulher alada, que até mais sugere ser uma espécie de anjo perdido.


Uma mulher cuja vivência se percebe incompleta e frustrada. Alguém de história intrigante, que foi adoptada por uma feira ambulante, convivendo juntamente com outros freaks, igualmente curiosos como se acabará por perceber.
Este mulher alada é uma criatura privada de conhecer o mundo, vive escondida e é pela personagem de Mickey Rourke, que ganha uma forte razão para conhecer mais do mundo, acabando por se ver à mercê de gente sem escrúpulos pela excêntrica descoberta que ela é. Ter asas é no entanto um enorme desagrado para ela, constituindo um verdadeiro fardo de que não se pode livrar.


Ao longo do filme vamos percebendo que existe bastante mais nestas personagens e que de uma forma muito leve e discreta, a eterna dicotomia quase celestial entre o bem e o mal também está presente, com especial destaque para a misteriosa personagem de Rhys Ifans, que aparenta ele mesmo ser algo mais que um simples apresentador de um circo de freaks (muito curioso o uso das cobras, a tatuada/lasciva "black wings"...).

Uma filmezeco que consegue ainda assim erguer uma história de redenção em tom melancólico e com uma Megan Fox pela primeira vez muito humilde e vulnerável (algo raro nela). Mickey Rourke leva o filme todo às costas e não defrauda mas também não tem momentos de grande rasgo. Mas lá mantém ainda o seu estilo de personagem desencantada, perdida em problemas, em ponto sem retorno. De certa forma, parece ainda não ter despido a sua performance do "The Wrestler" (esse sim, muito bom e uma grande actuação dele).


Muito mais interessante foi ver Bill Murray a fazer um papel pouco comum, onde surge aqui mais contido e cria um mafioso invulgar e sem escrúpulos com um certo estilo e com uma boa caracterização.
Acho que Bill Murray poderia explorar mais vezes esta faceta, pois o seu ar irónico combina bem com este tipo de personagem.


Digno de registo é a componente musical do filme, com belissimos momentos sonoros, instrumentais ao trompete e uma boa pontuação de piano ao longo do filme, que lhe confere uma certa aura noir e intimista.

É fraco mas sempre faz uso discreto de CGI (nas asas) e em termos de produção consegue ainda ter alguns maus enquadramentos dignos de palmatória e alguns momentos no green-screen embaraçosos de tão descarados mas... no global aceita-se... funciona.

O argumento procura através do amor mostrar que se pode superar a morte, sendo todo o filme uma dedicatória pessoal do realizador Mitch Glazer e talvez mesmo uma espécie de catarse pela sua mulher falecida.
Dito isto, pela toada pouco clara ao longo do filme, de não contar com o twist final, o leve tom de romance e um ligeiro travo de erotismo... gostei!

A sério, gostei e um dia irei voltar a rever!
Podem me insultar agora por ter maus gostos...



Tagline mix:
"Between Heaven and Hell, is Fear... but... Love Is Stronger Than Death."


Classificação:
6/10
Interessante


4 comentários:

David Martins disse...

Obrigado pelo "sacrifício" pelos camaradas cinéfilos! Pela tua análise, acho que vou passar ao lado, gosto de filmes com uma componente mais "fantástica" mas, soa-me muito a dejá vuuuu... talvez se algum dia passar na TV

ArmPauloFerreira disse...

Obrigado pela atenção "Cine31"... e não foi um sacrifício por ninguém - a premissa do filme cativou-me simplesmente e tive curiosidade em ver.

No geral, gostei deste pois é uma história de personagens caídas em desgraça, destruídas e sem esperança... e com o toque do fantástico... cativou-me logo!
A minha tolerância é larga e tenho uma certa "panca" por estes filmes humildes e desvalorizados.

Ao menos é mais humilde que alguns com meios infinitos e onde são uma penitência nunca mais chegarem os créditos finais (e a Megan Fox também se encontra assim num inócuo...)

Nuno Pereira disse...

Com a Megan Fox não haverias de gostar :)

Eu ainda não vi este... e o Michael Rourke se leva o filme às costas mas ainda não despiu a pele de Wrestler acho que é mesmo filme para não me agradar :(

ArmPauloFerreira disse...

:-) Gostas pouco gostas... eheheh!

Nuno: é um filme humilde e que não será actractivo suficiente para quem é exigente. Na minha larga tolerância, vi e até gostei. Mas sendo assim no teu caso evita ver. Há mais filmes...