O rei do futebol, Cristiano Ronaldo, chegou a Espanha e apresentou-se no estádio do Real Madrid. O estádio estava cheio mas não era para ver um jogo. Era "apenas" para ver aquele que é o melhor do mundo do futebol, só que desta vez finalmente vestido com o equipamento do Real Madrid.
Estavam lá 85 mil pessoas para o ver.
Apenas para o ver...
A cobertura televisiva foi também de arromba. A SIC deu-se ao luxo de o jornal das 20h ter sido durante 50 minutos seguidos apenas e só sobre Cristiano Ronaldo. Os outros canais também transmitiram quase tudo...
Eu vi... por puro deleite ou por transe de massas... mas vi e não quis perder nada também.
Outras observações...
"Cristiano Ronaldo. Num palco e num estádio enorme, inveja de qualquer estrela rock, ao som de Xutos & Pontapés ("Minha Maneira") e a passear aquele sorriso pleno, genuíno e real de satistação como se toda a sua vida tivesse sido planeada para chegar ali. "Cumpri o meu sonho de criança, jogar em Madrid", disse, entre um beijo a uma criança, um autógrafo a outra, o punho fechado a bater no peito sempre que via uma bandeira portuguesa."
(...)
"Cristiano Ronaldo. O reforço que pulverizou a apresentação de Kaká (50 mil) e igualou a de Maradona em Nápoles há 25 anos. A cara de um clube, de um segundo projecto galáctico. E a quem os adeptos, entre a "hola" e os delírios mais normais de um jogo épico, pediam o triplete: campeonato, taça e Liga dos Campeões."
"Já ninguém pensa em remunerar com fama os cientistas, ou os músicos, até num país, como o nosso, que tem entre as suas poucas glórias o facto de eleger um poeta como símbolo do seu dia nacional. A vida não se faz apenas de altos desígnios, da grandeza da ciência ou da genialidade das artes. A vida faz-se também com paixões prosaicas como as que os grandes dribles ou remates de Ronaldo proporcionam. Mas uma coisa é exaltá-lo no seu palco, no relvado onde exprime o seu talento. Outra é pegar nesse talento para o transformar numa espécie de Deus vivo cujos gestos mais ínfimos têm de merecer a nossa atenção.
O que hoje se viu na multiplicação de directos de Ronaldo é o aproveitamento de um génio para chegar a uma criação artificial que rende audiências e, por causalidade, dinheiro. Muito dinheiro. Nada disto seria censurável se o peso do exagero não convertesse o desfile num episódio que suscita asco e lamento.
Ronaldo não tem culpa, nem o Real Madrid, ou, com alguma complacência, as televisões. Quem tem, afinal, culpa é a cultura dominante que cada vez mais relativiza o essencial e se deleita com a imbecilidade. Oitenta mil em Madrid para ver Ronaldo no Santiago Bernabéu e mais uns milhões a seguir pela TV(...)"
(De saudar a coragem do Público em se afastar da concorrência ao não ter a capa com grande destaque à apresentação do jogador.)
Tudo isto serve para reflectir sobre o estado das coisas. Se por um lado é positivo ver alguém triunfar desta maneira também acabo a pensar se não se terá agora sim Ronaldo se transformado na própria vitima das armadilhas dos novos tempos.
É que Cristiano Ronaldo é o resultado da boa cultura e conjectura vivida em Inglaterra.
É um jogador que foi melhorado e transformado naquilo que é hoje mas dentro dos moldes da cultura técnica do Manchester United, clube que o protegia e propiciava a ampliação dos seus feitos.
Todos nós portugueses, já vimos bem o que acontece a Ronaldo quando se insere numa equipa que não o cuida mas que apenas quer só o melhor dele: nesse quadro ele não rende nada.
Já se percebeu isso na selecção...
Penso que ele saiu de um ambiente totalmente controlado e foi parar num outro totalmente descontrolado e que apenas sabe exigir mais e mais.
Fiquei também preocupado por lhe darem a honra da camisola 9, que pertencia ao mais ilustra jogador do Real. Cristiano passa assim de CR7 a CR9, e carrega nas costas o peso desse número.
Uma coisa tenho como certa: Cristiano não é o Figo, que era de longe muito mais jogador que ele e alguém de respeito e até mesmo um exemplo de pessoa e jogador. Talvez Káká esteja mais na linha do que representa Figo que o próprio Cristiano Ronaldo.
O que ele CR9 tem em comum com o Figo é o facto de ser ousado dentro de campo, de acreditar e ser uma peça chave na desestabilização do jogo e fazendo uso dum desfile de magia única que só os grandes têm.
Ele, CR9, é grande dentro das 4 linhas mas fora delas é um bronco inculto, um azeiteiro super arrogante e de ego insuflado, que faz as delicias do mulherio que procura a fama pela cama.
Mas é rico... e agora tornou-se o rei do futebol de Espanha... e do mundo.
Depois de uma consagração destas, sem ter ainda feito nadinha pois apenas chegou a Madrid, como será o futuro do CR9 quando a máquina madrilena não produzir que os resultados que desejam?
Quem vai ser o bode espiatório para atribuir as culpas?
Quem vai ser o bode espiatório para atribuir as culpas?
A Maquina "Madrilena" tem que trabalhar muito bem fora dos relvados, se o fizer, então dentro do relvado os Galacticos vão arrasar...
ResponderEliminarAcho ele apenas um bom jogador, mas nada além disso. Inclusive, acho o próprio Kaká um bom jogador também, mas não craque.
ResponderEliminarAcho o fato dele escolher somente "Ronaldo" e o número 9 para a camisa, uma demonstração clara de sua arrogância. R9, só existe um, e infelizmente joga no Corinthians aqui no Brasil...
Acho sim, impressionante a capacidade do Madrid em gerar dinheiro com seus galáticos. Um exemplo de marketing esportivo!
Eu sempre tenho dito que uma grande diferença entre o Cristiano Ronaldo e o Figo está dentro da cabeça. Quando Figo fala, vemos que há algo ali dentro, mesmo que ele não seja muito expansivo. Quando Ronaldo fala... nem por isso.
ResponderEliminarA diferença entre os dois também está bem patente no modo como cada um tem gerido a sua vida particular. Ronaldo tem mostrado um enorme deslumbramento com o seu sucesso, parecendo estar a acreditar na sua própria lenda. Agora que ele sai do ambiente mais controlado do Manchester, veremos até onde isso vai influenciar o seu desempenho.