O projecto da Google, o Project Glass, onde tentam colocar a tecnologia da realidade aumentada pelo contexto do nosso campo de visão. Está mesmo muito interessante!
"We believe technology should work for you — to be there when you need it and get out of your way when you don't."
Não há dúvida que a Google acredita em tecnologia mas desde que esteja ao nosso serviço. Como se pode ver no seguinte video demonstrativo das possibilidades imaginadas destes óculos.
2 comentários:
Isto parece-me algo como o "Siri" enfiado nuns óculos. E este conceito dos "óculos imersivos" sempre me pareceu de gosto altamente questionável, com bastante de exibicionismo-cromo - e bastante falho de gosto estético.
Sabes, a ideia de eu ver o mundo através de um filtro controlado pelo detentor do monopólio de publicidade (e da disponibilização de informação) online não me consegue despertar outra reacção que não um calafrio.
Mas além das minhas cautelas filosóficas, assaltam-me dúvidas de ordem comportamental.
Cada vez mais vejo pessoas (pelo menos nas nossas sociedades ocidentais) assumirem comportamentos sociais que seriam, ainda não há muito tempo, considerados falta de educação. Raramente vejo alguém desligar o telefone, ou colocá-lo em silêncio, num almoço ou numa reunião. Nos cinemas, é necessário emitir um aviso para que se desliguem os telemóveis - e bastas vezes, este é ignorado olimpicamente.
Ver este Project Glass, ou o Sixth Sense do Pranav Mistry, faz-me temer pela falta de privacidade, aceite e imposta, num futuro que cada vez é mais presente. O facto de uma tecnologia PODER ser vulgarizada não significa que DEVA ser vulgarizada. Na Ciência, há um conceito chamado "ética", que se preocupa com os limites daquilo que se pode - ou deve - fazer com as técnicas que vão sendo desenvolvidas. Nas indústrias das T.I., não existe nada parecido. Há uma suposta auto-regulação; mas eu penso que os motores desta indústria, maioritariamente "cromos", devem ser as últimas pessoas a auto-regularem-se (porque não o conseguem) ou a definir aquilo que serão as linhas de comportamento social (porque possuem, em grande medida, vastas deficiências nessa área).
Ao ver este vídeo, tal como os do Sixth Sense, recordei-me de uma passagem do livro "Snow Crash" de Neil Stephenson:
"Os gárgulas representam o lado embaraçoso da Sociedade Central de Informação. Em vez de utilizarem computadores portáteis, usam o computador no corpo, separado em vários módulos presos à cintura, às costas, aos auscultadores. São autênticos dispositivos de vigilância humanos, pois gravam tudo o que acontece em seu redor. Têm um aspecto completamente idiota: estas indumentárias são o equivalente moderno do estojo da régua de cálculo ou da bolsa presa ao cinto para guardar a calculadora, assinalando quem as usa como membro de uma classe a um tempo muito superior e muito inferior ao resto da sociedade humana".
Penso ter sido Arthur C. Clarke quem disse que o objectivo de um autor de ficção científica era não tanto "prever" o futuro, mas sim "precavê-lo". Em 1992, Stephenson imaginou algo muito parecido com este que a Google ou o Pranav Mistry pretendem criar. Com a excepção de que, no livro, os gárgulas eram vistos como ridículos e "malcriados por definição". Receio bem que os gárgulas do nosso mundo venham a ser vistos como algo "cool".
João, compreendo as tuas preocupações acerca deste tipo de uso da realidade aumentada. Não vejo que faça sentido, usar constantemente uns óculos no dia-a-dia e estar a ser bombardeado com informação.
Contudo identifico neste ideia um uso que acho seria útil: este tipo de óculos com realidade aumentada ao serviço do turismo seria o máximo.
Chegar a uma cidade ou país desconhecidos e com uns óculos a dar indicações (pontos históricos, onde comer, transportes públicos, distâncias, etc... seria muito "cool" e útil.
Não precisávamos de os ter sempre colocados mas quando quiséssemos ser informadosm bastava os colocar... é um tipo de uso que apreciaria, podes crer.
Agora, todos compreendemos que o uso excessivo de informação sobre nós, que as marcas detêm, sendo a Google nada inocente, que dará um dia em abusos que poderão ser incontroláveis...
E a malta novinha nos dias de hoje partilham nas redes sociais tudo, tudo, tudo em exagero.
É o mundo em que estamos.
Obs: Eu também sou blogger e digo coisas de mais...
Enviar um comentário