Sangue Do Meu Sangue
[2011]
Realização/argumento:
João Canijo
Com:
Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Rafael Morais...
Sinopse (via Cinecartaz):
"Márcia (Rita Blanco) é mãe de Cláudia (Cleia Almeida) e Joca (Rafael Morais) e irmã de Ivete (Anabela Moreira). Mãe solteira, vive numa casa no Bairro Padre Cruz, em Lisboa, com Ivete que a ajudou a criar os filhos e os ama como se fossem seus. O que ninguém esperava é que duas tragédias chegassem para marcar aquela família: Cláudia apaixona-se por um dos seus professores da faculdade, casado, e Joca, um pequeno traficante cadastrado, contrai uma dívida com um homem perigoso. Márcia e Ivete preparam-se para o pior, mas o seu amor incondicional é capaz de tudo..."
Trailer:
Ora bem... que tremendo filme português!
Seguimos Márcia, uma mãe que luta diariamente contra as agruras da vida para conseguir manter unida e coesa a sua família fragmentada. São duas irmãs que se entreajudam, mesmo que a mais velha assuma uma postura, que diria, matriarcal e ao mesmo tempo de as maiores amigas. Para a irmã, a Ivete, ser "a tia" também se traduz como uma espécie de segunda mãe aos dois jovens adultos sobrinhos, Claudia e Joca, já que exerce um papel de escape à dureza da irmã mais velha, que por ter uma vida muito próxima da realidade dos sobrinhos, permite-se assim a um nível de confidencias (e intervenção) em certos assuntos mais melindrosos que escapam ao controle da mãe.
Cláudia namora e tem uma relação estável mas entretanto apaixona-se perdidamente pelo seu professor, facto que vai fazer sobressair uma parte do passado de sua mãe. Uma relação proibida, muito mais do que até por ele ser casado, e que assume contornos de tragédia familiar que a sua mãe tem de impedir o mais rapidamente possível, ocultando à filha a razão maior para não a despedaçar irreparavelmente. Uma ligação bastante bem tratada pelo argumento do filme, que doseia com delicadeza este assunto cuja verdade se rodeia de drama familiar por ser uma relação simultaneamente subversiva e em sentido proibido.
O filme contextualiza também a envolvente da vida emocional de Ivete, que no fundo se vê como uma mulher "encalhada", que se vê mal-amada nos relacionamentos fortuitos que se depara, sendo um deles uma tentativa frustrada num bar que acabará mais tarde por assumir outras proporções na sua vida (e da sua família).
De se notar ainda que Ivete encara o seu sobrinho como um "adulto" e nalguns pontos "roça"os limites do que é um relacionamento tia-sobrinho...
Joca é outro dos elementos que se enredou numa vida de dealer (droga) e onde cedo se percebe que anda a enganar o seu vendedor com um plano mal engendrado e indiscreto. Esta situação coloca-o na linha de "fogo" com um mafioso de bairro, a quem para se salvar das dividas de dinheiro, acabará por envolver a sua jovem tia no assunto. Mas nada é assim tão simples neste submundo...
Drama estilhaçador, com uma condução admirável, que coloca as peças de uma família numa marcha gradualmente subvertida pelos acontecimentos que tingem a alma das personagens envolvidas em diferentes tipos de amor. Filme centrado numa ideia de exposição sócio-familiar, aqui apresentada num registo de hiper-realidade.
Tecnicamente arrebatador, servindo-nos com imensos long-takes onde até duas diferentes conversas acontecem ao mesmo tempo (na mesma cena), feito com um rigor e temporização de realização imaculada, graças a um elenco irrepreensível em cada acto.
Drama sério tremendamente impecável e totalmente merecedor de todas as positivas criticas e elogios que recebeu e continua a merecer. Grande João Canijo e todo o elenco principal.
Brilhante!!!
Brutal!!!
Impressionante!
Classificação:
8,5/10
Mesmo Muito Bom!
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