sexta-feira, 6 de junho de 2008

Apple e as transições da sua história

Anda-me atravessado o facto de a Apple ter sempre tantas transições na plataforma. Não quero que as coisas sejam sempre iguais toda a vida mas na verdade isto leva a pensar que a plataforma Mac, apesar de querer sempre evoluir para melhores situações, não está sempre no perfeito caminho.

Coincidência ao desenvolver este artigo, foi entretanto fazer uma passagem ao blogue Mac News, e avivar-me ainda mais estas memórias*. Ver o artigo "Foi apenas há 3 anos..."
...onde no artigo se mostra o video do anúncio da última transição, a de processadores PowerPC para Intel, que podem ver já a seguir.



E é importante vê-lo para perceberem as minhas observações.

*A outra recordação que tenho foi quando os tipos de "A Macacada" chamaram ao pessoal dos Macs com PowerPC a malta de "A velha guarda" quando realizaram uma sondagem.
É como se de um momento para o outro não prestássemos mais para nada só por não termos um Mac com Intel.

Em Junho de 2005 na WWDC, Steve Jobs, o CEO da Apple, anunciou que a Apple iria fazer esta nova transição de processadores. Foi uma alegria para a maior parte mas na altura deixou-me apreensivo pelas razões da mudança.
Uma delas era evidente: a IBM e a Motorola não se dedicavam á Apple no desenvolvimento de processadores melhores, mais rápidos, mais eficientes e... menores. Na altura, em 2004/2005, a Apple sofria imenso por não conseguir ter um processador á altura dos da altura que equipavam os PCs. O iBook e o PowerBook não tinham a mesma capacidade de processamento como o mercado já estava a apresentar.

Mas o que me intrigava era porque razão até então a Apple clamava que o G5 era o maior "monstro" de processamento... o computador mais potente do mundo... que deixava qualquer processador Intel para trás nos benchmarks... e muitos mais argumentos assim.... e de um momento para o outro todas estas afirmações era mentira!
Afinal ter um processador Intel era muito mais eficiente e com melhor performance... era esta a mensagem da Apple para nos impelir a mudar mais uma vez o nosso parque de Macs.
Apesar de a mudança ser benéfica para todos...


O bluff da Apple
 
Ele, o CEO da Apple, o "deus" Steve Jobs... fez um bluff tremendo!
Pois anunciou que apartir de Junho 2006 a transição iniciaria e seria gradual pela gama até a Junho 2007.


A afirmação que os Macs com Intel seriam lançados em Junho 2006 está no video aos 3:46 min.

O bluff dele seria para causar o impacto de que a Apple faz as transições sem problemas e as faz rapidamente. 
Pois, na verdade, os primeiros Macs com Intel, o iMac e o MacBook Pro, foram imediatamente anunciados na MacWorld 2006, em Janeiro e disponíveis logo de seguida. Ou seja 6 meses antes... em avanço do que tinha prometido ao mercado.
A transição duraria até Junho 2007. Novamente e mesma situação para impressionar o mundo informático: antes do final de 2006 já não havia qualquer mac com processores PowerPc para venda.
O avanço foi bom e positivo para quem esperava por comprar um Mac já com os modernos processadores. Deu uma nova alavanca ao mercado...

Quem esperou por ter um modelo com Intel... fez muito bem! Mas quem tinha de comprar um Mac naquela altura de incerteza pré-saida dos novos Macs... lixou-se!



Em Outubro/Novembro de 2005, por razões familiares, precisava de um Mac para casa (não tinha computador em casa e devido a fotos e videos digitais que planeava ter...). Sabendo eu que isso iria só sair 8 meses depois decidi-me a comprar o iMac G5 20" iSight que havia sido anunciado (em Outubro 2005) pois parecia-me uma boa opção e era um Mac ainda mais invulgar pois tinha o Front Row e iSight embutida (foi o primeiro sim). O Mac só me chegou em Dezembro... e em Janeiro, o aldrabão do Steve Jobs anuncia novos iMacs já com processadores Intel.
Ainda hoje fico aborrecido só de pensar nisso...
... e já sei pelos rumores que o meu iMac G5 não passará do 10.5. É que o próximo Mac OS X 10.6 será Intel-only. É uma forma de a Apple dizer à "velha guarda":
Ninguém vos mandou comprar Macs antes de termos passado para Intel!


Transições a mais já tivemos nós ao longo do tempo...

O facto é que existem transições a mais no mundo Apple. O Mac OS X sempre em mudanças... as aplicações muitas vezes em estado de incompatibilidade devido ao sistema ter mudado ou porque teve actualização pontual.

Já uso Macs desde o sistema 7... felizmente na altura foi logo em PowerPC num 7100 a 66Mhz (Grande máquina!). Ou seja aterrei nos Macs em fase da transição mas já estava no lado bom.

Mais tarde, sofri com a passagem de Mac OS 9 para Mac OS X (o 10.0 era só para brincar mas o 10.1 foi problemático apesar de nele estar já alinhado tudo de bom que o OS X concretizou nos dias de hoje).
Para o utilizador doméstico estas afirmações podem parecer exageradas mas para o profissional de áreas como música e video, artes-gráficas e pré-impressão, etc... todos sabem bem o que foi ter sistemas a funcionar na plataforma "clássica" e não terem continuação no OS X. E a emulação em modo Classic no X não resolvia tudo... No fundo, um grande número de rotinas criadas que abruptamente não tinham mais continuação.
Por exemplo: Quem ainda lembra do Adobe Type Manager (gestor de fontes perfeito em OS 8/9) que a Adobe decidiu não fazer para OS X? Ficamos todos na mão e perdidos em "Aqua". Toca a fazer uma transição para outro ou outros gestores de fontes. E só dei um só exemplo...

No video Steve Jobs omitiu uma outra transição silenciosa que foi a migração de conexões dos periféricos que o memorável iMac original (bondi blue) iniciou. Passamos de portas: série, Adb, SCSI (principalmente esta chateou muita gente no X pós-10.2), etc... para USB e FireWire.
Gradualmente equipamentos como bons scanners, impressoras profissionais ainda funcionais e demais equipamentos... deixaram de poder funcionar (apesar de se terem desenvolvido conversores e tal). Toca a adquirir tudo de novo para funcionar em perfeitas condições em OS X e continuarmos produtivos.

O iMac original ainda teve a proesa de ditar o fim á disquette mas como ela ainda era necessária no Mac por algum tempo (no meu caso devido á malta dos PCs que enviavam cenas de Word, Excel ou PPT em disquete). Depois do iMac original , juntou-se o PowerMac G3 blue&white e nunca mais a Apple parou de fazer Macs visualmente inovadores e ao mesmo tempo a adoptar só as novas tecnologias.

Caramba, que só de lembrar tudo isto olho para trás e reparo que em Mac  já tudo nos aconteceu...


...e a transição dos novos tempos.

Na verdade, estamos numa plataforma problemática e especialmente para quem desenvolve software para Mac. Sempre em mudanças e pouca estabilidade das regras, com a incerteza de a cada 2 anos não saberem se o software funcionará em condições...



Por exemplo, no caso das empresas... será que podemos andar sempre a acompanhar a "moda" imposta pelas mudanças da Apple? Reparem que quando alguém de uma empresa diz que tem Macs ainda em G5 ou até mesmo em G4... parece que até fazem troça! E depois é as aplicações a deixarem de funcionar com boa performance só porque não se embarcou ainda para a transição Intel.

Eu começo a achar que um dos bons atributos que um Mac sempre teve, o da longevidade, está ameaçado seriamente. O Mac pode até nem avariar mas perde o software para funcionar nele devidamente ao fim de algum tempo. Se não perder o software... o sistema operativo o Mac OS X muda para uma nova versão e acabará por o impedir de funcionar correctamente ou mesmo deixar de funcionar de vez (as supostas incompatibilidades).

Depois é o nascimento de algumas aplicações que são Intel-only. Não dão em PowerPC...
Para ainda se ir contornando o problema a Apple criou o sistema das aplicações universais (funcionam em Intel e em PowerPC) mas segundo afirmam todos os rumores o próximo sistema operativo só funcionará com processadores Intel. Pergunto eu: Então para que vai servir as aplicações Universais? Se não é o próprio Mac OS X a pedir só Intel... passaremos a ter uma nova mini-transição que é das aplicações Universais para full-Intel.

Clocluo que são mexidas e instabilidade a mais para uma só plataforma... apesar de achar que neste momento a Apple está a querer estabilizar tanto a nível de hardware e software, facto que agradeço que se cumpra e mantenha assim com um rumo definido.


Microsoft... como se comporta?

Podemos atirar pedras á Microsoft por tudo o que faz mas na verdade os seus sistemas operativos são feitos sobre a mesma base e conceito, com isso as transições não são abruptas. Acabam por ser restritas ao software porque o hardware mantém-se compatível o mesmo (a performance é que fica afectada).
O mundo dos PCs acaba por ser mais pacífico desta forma.
A mesma máquina ainda se pode servir eficientemente para instalar um sistema rival, uma qualquer variante Linux, e tudo está sempre bem.

Aqui há uns tempos numa conversa com um outro departamento criativo, o responsável dizia que sempre usou Macs mas que a determinado momento a melhor decisão que fez foi de passar para PCs com Windows. Não só por os PC's já estarem ao nível dos Macs, como também já lhe roubou imenso software que nos dias de hoje até já só existem para Windows. E como o Vista (Buziness) se assemelha com o Mac OS X não sentem tanto a diferença (mas lá afirmou que o XP é que continua adequado e produtivo).
E não descurar o factor do custo de um PC no acto de compra (na verdade acho que é só na factura que se encontra o valor mas cada qual tem a sua opinião).



No mundo Mac andamos sempre nisto e em ciclos. Mudanças totais ao nível de software e hardware, conceitos do sistema operativo a mudarem a cada upgrade, enfim...
Não é fácil ser mac-user pois nós é que temos de suportar os custos de isto tudo.

Estamos a poucos dias da WWDC 2008 e muito poderá mudar ou não...

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