- primeiro de tudo são as mais recentes adaptações a cinema de personagens da BD, de certa forma das mais invulgares e de popularidade relativa;
- um outro ponto em comum mais óbvio é partilharem igualmente o mesmo processo de produção: as personagens são filmadas perante um fundo verde e os cenários são colocados depois (totalmente no The Spirit e em imensas partes no Watchmen);
- por fim, e mais importante, ambos referirem-se ás suas cidades como se fossem organismos vivos. O Spirit diz até que a cidade grita e Rorschach diz que a cidade tem medo dele. De certa forma, há algo nestas afirmações que definem os dois filmes...
- por fim, e mais importante, ambos referirem-se ás suas cidades como se fossem organismos vivos. O Spirit diz até que a cidade grita e Rorschach diz que a cidade tem medo dele. De certa forma, há algo nestas afirmações que definem os dois filmes...
The Spirit (2008)
(para ver mais artigos sobre este filme, mais imagens, trailers, etc - clique aqui)
Sinceramente, tinha grandes expectativas sobre este filme porque o realizador é o próprio Frank Miller, um dos mais incontornáveis desenhadores e argumentistas de banda-desenhada (aquele que conseguia dar uma nova visão e pontos de vista renovados ás personagens que tocava) e também porque em parte seria o mais directo sucessor estilístico/visual do magnifico "Sin City", filme que Frank Miller também foi co-realizador.
Pelos trailers a coisa parecia ser visualmente extraordinária. Prometia muito...
Acabou por ser a maior desilusão que pude assistir.
É um filme que não tem nada por onde se lhe pegue, excepto a componente visual, que apesar de impressionar ao inicio se torna algo saturante ver tanta pompa e estilo tão... inócua e sem razão alguma. E é pena pois poderia ser uma excelente forma de colocar na mapa do cinema esta personagem muito antiga.
Salva-se do filme a recuperação do tom e estilo dos film noir, o estilo e conceitos retro, e também a voz off a pontuar o avanço da narrativa. De certa forma estas caracteristicas são igualmente a imagem de marca de Frank Miller, que dota imensos dos planos de muito do seu estilo ilustrativo, principalmente os ângulos, as poses, os fundos vazios, a noite e as femme-fatale ambiguas.
Em todo o filme a única personagem que é credivel é a Eva Mendes, pois ela é a única que parece acreditar no que está a fazer e consegue deixar uma boa impressão da sua personagem. No ponto oposto temos Samuel L. Jackson, que é cada vez mais irritante de ver por ser tão cabotino. Digamos que ele entra nos filmes para fazer sempre o mesmo papel e fá-lo de forma exagerada. Ser cool é mais do que isso, Samuel...
Ainda bem que Frank Miller disse que não voltaria a realizar mais nenhum filme depois deste. O "Sin City" correu bem porque estava ao lado dele o supra-sumo dos filmes série B: o abundantemente criativo Robert Rodriguez.
Um filme que deve ser visto só para matar a curiosidade visual... mas além disso vale muito pouco.
A cidade tinha razão:
A cidade tinha razão:
This city screams... The Spirit é mesmo uma chatice gritante!
Watchmen (2009)
Se todo o potencial da BD fosse bem tratado daria um bom filme (e este deu... se deu!), no entanto ao se inscrever "Watchmen" no género de filmes de super-heróis, imagina-se muita acção, cenas delirantes e muito mais. O filme, de certa forma tem tudo isso, só que não no sentido habitual dos desfiles de espectacularidade.
Quem nunca viu a obra original em BD, ou pelo menos se preparou para este imaginário (aconselho vivamente a assistirem os motion-comics que são perfeitos -mais que o filme inclusive), ao "saltar" para o filme assim de repente... pode se sentir até traído pela ideia que davam os trailers e considerar este filme como não merecedor do hype que gerou.
Realmente esta obra Watchmen expõe com clareza a diferença entre as páginas desenhadas para a imagem em movimento. Se pela BD a leitura é acompanhada pelo cérebro que fantasia os desenhos das páginas, já no segundo caso, o cinema, as imagens em movimento (tornando os desenhos reais) faz mudar tudo. Se numa BD se podem aceitar a histórias que se contam, já em filme essa história parece outra coisa.
Estará então o filme mal feito ou será ele mau?
O filme está assombrosamente bem feito ao conseguir lidar com tudo isso de forma astuta e compreensível.
É visualmente muito fiel aos quadradinhos da BD, como se esta tivesse sido entendida como um storyboard e condensa em duas horas e tal, os 10 capítulos da obra "Watchmen".
Não!
Nada disso e bem pelo contrário...
Em minha opinião, este é um filme que divide:
- por um lado poderá não agradar a quem imaginava algo mais mexido;
- por outro lado deixará os fãs da BD satisfeito pelo trato cuidado e detalhado, num filme todo ele feito com carinho e dedicação.
Considero que o filme está mesmo muito bom, um assombro mesmo, sendo até algo invulgar, muito rico visualmente e de antologia (dando até a impressionante sensação de que os desenhos ganharam vida própria).
Ora Watchmen, a história original na BD era mais uma abordagem em estilo de critica á humanidade e á sociedade mas só que a fazer uso de uma espécie diferente de super-heróis (ou anti-heróis).
"Watchmen" (filme) trás uma visão muito negra e critica com estes anti-heróis, muito no estilo do Batman Begins/The Dark Knight". As acções têm consequências e deixam marcas nas personalidades de cada personagem, alguns mesmo atormentados pela vida desde sempre.
Zack Snyder, tinha uma missão muito mais dificil para transpor para cinema, só que desta vez não só pelo visual da BD mas principalmente porque a BD de Watchmen é algo mais especial que outra qualquer.
Watchmen BD era muito complexa, intrincada, muito séria e com imensas temáticas cruzadas, pouco linear em termos narrativos ao contar várias histórias em simultâneo.
É visualmente muito fiel aos quadradinhos da BD, como se esta tivesse sido entendida como um storyboard e condensa em duas horas e tal, os 10 capítulos da obra "Watchmen".
Zack Snyder, suplantou tudo o que se imaginava ser possível fazer com este universo muito peculiar. Mesmo assim quem acompanhou a obra original notará que muitas partes ora foram condensadas ora faltam simplesmente ou que existem mudanças bem diferentes da obra (principalmente o final do filme). No entanto, entende-se as decisões tomadas (porque fazem sentido em filme) e isso expõe a diferença entre BD e cinema.
Realmente esta obra Watchmen expõe com clareza a diferença entre as páginas desenhadas para a imagem em movimento. Se pela BD a leitura é acompanhada pelo cérebro que fantasia os desenhos das páginas, já no segundo caso, o cinema, as imagens em movimento (tornando os desenhos reais) faz mudar tudo. Se numa BD se podem aceitar a histórias que se contam, já em filme essa história parece outra coisa.
Os filmes de acção precisam ainda de ter um climax de acção para deixarem uma impressão final.
Assim "Watchmen" poderá parecer um filme frio e demasiado longo sem grandes momentos de climax. E com um final a caminhar para uma resolução resignada.
Resignada... Rorschach, é a personagem mais marcante do filme, aliás ele é mais interessante no filme que na BD. No sentido oposto na BD é mais marcante o Dr. Manhattan (é adorável todo o momento em Marte e as suas contemplações temporais simultâneas que no filme não deixa grande marca).
A cidade tem medo dele? Claro que tem de ter... ele é impressionante e a réstia de esperança na perseguição da verdade.
Ressalvo ainda que este é um filme para adultos e com algumas temáticas duras e sérias (sexo, violações, canibalismo, etc) e como tal não deve ser visto como um filme leve. Este filme é o resultado de uma obra maior e muito adulta, pelo que não será aceite igualmente por todos.
Que é muito bom... lá isso é. E que se tenha conseguido ser fiel á obra ainda melhor foi para nós.
Que é muito bom... lá isso é. E que se tenha conseguido ser fiel á obra ainda melhor foi para nós.
A versão do realizador tem ainda mais material (±20min). Está também prometido para o Natal uma edição de 5 discos com ainda mais partes não incluidas para a obra ficar totalmente completa. Esperemos que sim...
Obs: Por fim, ao notar-se por esta obra a diferença entre a BD e o cinema (o conceito de um filme é contar uma história em sucessão de acontecimentos), também se poderá fazer uma outra apreciação ao filme e sobre aquilo que queremos enquanto audiência das adaptações live-act.
Será que queremos transposições de BD exactamente como elas são e usando a BD como um storyboard (Sin City, 300, Watchmen, etc)?
Ou será melhor adaptações do super-herói e respectivo imaginário, refeitos à luz de um contexto mais actual (Spidermen 2, X-Men 2, Batman "The Dark Knight, Iron Man, etc)?
Não sei responder a isto...
3 comentários:
Esse Spirit ainda me falta ver, as más criticas não me deixaram vê-lo..:)
O Spirit não é nada de mais realmente mas mesmo assim deve ser visto... é um filme e só vendo é que tem opinião própria. Seja ele mau ou bom... é ver!
O Watchmen, viu?
_boas!
A tua opiniao acerca do The Spirit vai mt ao encontro da minha...tinh grand expectativa, pelo realizador, pelo genero d filme...e acabou por ser uma grande desilusão. O argumento é mt fraquinho e as personagens nao deram nada de especial ao filme.
O watchmen...vi no cinema e apesar d nao conhecer a BD, fui-m interessand pelo filme ao longo da sua promoçao...o inicio foi mt bom, adorei akele primeiro capitulo, a luta inicial...depois axei q s tornou um pouco massador, tb depois dakele CLIMAX inicial :P e sincerament os personagens não me despertaram grand curiosidade pos-filme, com excepçao do Rorschach.
As minhas pontuaçoes:
http://elite84pro.blogspot.com/2009/04/spirit.html
http://elite84pro.blogspot.com/2009/03/watchmen.html
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