terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cine-critica: La solitudine dei numeri primi / The Solitude of Prime Numbers [2010]

La solitudine dei numeri primi
The Solitude of Prime Numbers
- A Solidão dos Números Primos -
[2010]

Confesso que foi por este poster que o filme me intrigou...
e pensava eu se tratar de um filme sobre jovens  problemáticos.

Realização:
Saverio Costanzo

Elenco:
Alba Rohrwacher, Luca Marinelli, Martina Albano, Arianna Nastro...

Sinopse (via Split Screen): "Mattia e Alice (Alba Rohrwacher e Luca Marinelli), dois jovens marcados pela tragédia, sempre se sentiram diferentes e excluídos do mundo. Na infância, a vida de ambos foi perturbada por episódios traumáticos e irreversíveis. Ele teve de lidar com o desaparecimento da irmã mais nova, deficiente mental, depois de a ter abandonado num parque. Ela, filha de um homem dominador, sofreu um terrível acidente de esqui e entregou-se à anorexia. Estes eventos vêm alterar as suas personalidades e, à medida que entram na idade adulta, os destinos dos dois parecem irrevogavelmente ligados."



Ora bem...

Estamos perante um drama, baseado no livro de Paolo Giordano.

They lived the slow and invisible interpenetration of their universes, like two stars gravitating around a common axis, in ever tighter orbits, whose clear destiny is to coalesce at some point in space and time.
Paolo Giordano

É curioso evidenciar o facto de o filme ter estreado nas salas de cinema em Abril'11 em Portugal e salvo erro já em Setembro'11 estar a passar na TV. Ohh yeah! Havia de ser assim com todos os filmes fora do circuito mainstream ou aos mais independentes, carago!

Vou resgatar uns apontamentos que tinha registado sobre este filme quando aqui há uns meses atrás passou na RTP2 e fazer deles um post de cine-critica. Penso que ninguém se importa com isso... e espero que faça sentido.

"La solitudine dei numeri primi" é uma obra que nos desafia a desembrulhar uma história intrigante sempre contada em regime não linear, em avanços e recuos, sobre os traumatizados Alice e Matti, que tornaram-se socialmente duas pessoas à margem, incompreendidos, esquizofrénicos e cuja solidão (mesmo assim) abala estas duas pessoas que misteriosamente se sentem ligadas e se compreendem desde os tempos da escola. Daí serem como os numeros primos... casos especiais.

Lida com estranheza mas... digo que me seduziu acompanhá-lo pois é sempre misterioso e deveras apelativo.
Eu gostei destas duas personagens (especialmente as da fase adolescente)... ambos com traumas e inadaptados. Ela esquece-se de comer (esquelética) e ele é um génio com números mas fechado dentro dele e bloqueado socialmente.


Aquela imagem parada fez emergir outras e a mente de Alice juntou-as recriando o movimento, os fragmentos de sons, farrapos de sensações. Sentiu-se invadida por uma nostalgia lancinante, mas agradável.  Se pudesse escolher um momento a partir do qual recomeçar escolheria precisamente esse: ela e Mattia num quarto silencioso, com as suas intimidades que hesitavam tocar-se mas cujos contornos coincidiam exactamente.” 


Mattia: - You'll get used to it. In the end you won't even notice it anymore. 
Alice: - How is that possible? It will always be there, right before my eyes.
Mattia: - Exactly. Which is precisely why you won't see it anymore.


Tem boas interpretações, a mise en scene dos factos é interessante com uma realização cativante que a determinada altura reforça visualmente o caos da paranóia mental em que se situam algures nas suas mentes.
Mas falta-lhe qualquer coisa ao filme para ser mais que isto... dar mais que uma magnética curiosidade sobre este caso... algo que o catapulte pela narrativa o belo trabalho evidenciado em todo o filme.


Um filme de emoções reprimidas, que tenta apresentar a solidão (sem plenamente o conseguir na verdade) de uma forma que achei intrigante e ao mesmo tempo muito interessante de seguir.

Classificação:
6,5/10


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