Neneh Cherry
"Woman"
[1996 - single]
Ora bem, mas como hoje é Dia da Mulher, esta "
Woman" da neneh Cherry é perfeitamente indicada.
Mas antes disso, vou aproveitar para dizer alguma coisita sobre esta artista...
A Neneh Cherry teve a sua cota de importãncia e relevância para a música em finais dos anos 80 e no inicio dos anos 90. Ela apresentava-se como cantora e rapper, com o trunfo de ter uma base sonora verdadeiramente estimulante para a época e é vista como uma das muito importantes artistas dessa fase.
Para mim, a Neneh Cherry teve a muita importãncia sim (bastante mesmo) mas a verdade é que ela também serviu quase de "cobaia" experimental de algumas mentes criativas que despontaram na altura.
Eu recordo-me muito bem desses tempos em que a electrónica, ainda primitiva desses tempos, libertou novas correntes musicais. Principalmente se notou de um momento para o outro o aparecimento em força do House e Tecno, do Acid jazz, da nova Soul e o hip-hop saiu revigorado com novos processos de obter a base sonora. Desenvolvimentos esse que seriam fundamentais para aquilo que nos dias de hoje se denomina de R'n'B moderno, isto sob a perspectiva do legado da Neneh Cherry.
Por isso é que considero ainda muito mais importante que ela, o contributo que deram os Soul To Soul. O musico/cantor/produtor Nellee Hooper juntamente com o colectivo que se rodeava e que até animavam um certo clube, que segundo sei (escrever coisas de memória é sempre um risco) eram os 3 DJ (e futuros) membros dos Massive Attack, o DJ Geoff Barrow (mentor dos futuros Portishead), o MC animador Tricky e mais alguns que agora não me recordo). Era tudo gente que gostava de passar músicas antigas, clássicos da soul, canções calmas mas com batida, etc (foi daqui, depois de tudo isto, que nasceu o trip-hop).
E porque estou a referir todo este caminho de outros artistas e colectivos, sem estar a referir-me ao álbum da Neneh Cherry?
Ora bem... porque ela também colaborou com quase todos eles. O mais visível foi com o Robert Del Naja, talvez em jeito de retribuição (pela produção do segundo álbum a Neneh) pois colaborou na "Hymn Of The Big Wheel" do álbum de estreia dos Massive Attack (o célebre "Blue Lines" 1991, este sim o verdadeiro lançamento fundador do trip-hop). No disco de 92, as faixas "
I Ain't Gone Under Yet" e "
Somedays" realmente têm a marca tipica de Geoff Barrow (que foi produtor e "Somedays" é até co-escrita por ele)
Curiosamente só no seu disco seguinte de 1996, o "
Man", é que ela assinaria um álbum com muitos dos tiques do trip-hop mas desta vez já mais liberta de toda esta gente. É um álbum bastante porreiro, com faixas à lá trip-hop típico dos anos 90 e que deixou dois clássicos musicais, pois basta ouvir a "
Woman" e a "
7 seconds" (o dueto com Youssou N'Dour)... mas também tem outras faixas dignas de interesse tais como a "
Together Now" (com Tricky), a "
Feel It" e mais algumas.
Toca a descobrir...
"Woman"
Magnifica canção e curiosamente não envelhece... continua muito fresca.
Ficam mais alguns videos (e capa) do álbum "
Man" e a letra desta tremenda "
Woman" já a seguir.