quinta-feira, 17 de março de 2011

Cine-critica: DareDevil - The Director's Cut (2003)

DareDevil (2003) - Director's Cut (2004)
Realizador: Mark Steven Johnson

Como é sabido, a critica em geral sempre arrasou o filme que saiu em 2003. É considerado na genaralidade como mau filme, contudo discordo e vejo até nesta segunda versão mesmo como um dos melhores filmes de personagens Marvel. Ok... tem pontos totalmente questionáveis.

Quem detestou o filme na versão normal... vai continuar a não apreciar esta Director's Cut, que no fundo é na essência ainda assim o mesmo filme.
Ben Affleck foi realmente uma fraca escolha para o papel de herói (não tanto como Demolidor mas patético como Matt Murdock, o advogado cego), mas o tom escolhido para o filme foi acertado.

Na versão original é mesmo questionável pois é exposto com ambiguidade, onde tanto se está perant um tom gótico como em cenas apatetadas (a luta no parque infantil é uma lástima) mas redimiu-se bastante com a posterior versão Director's Cut onde surge narrativamente mais completo (tem mais 30m valiosos), mais complexo, mais negro, violento e onde se percebem melhor as motivações deste muito especial herói Marvel (a infância, o pai e até porque se tornou o DareDevil - o pai era o boxista "The Devil", a compaixão pelo que acontece nas ruas de onde habita...).


Até a Elektra já não surge neste filme como uma personagem tão principal (nota-se demasiado na versão original, por o filme ser mais curto e ao manter todo o mesmo tempo exposta no filme, tornando-se como a condução do argumento) mas como alguém que se cruza no caminho do Homem Sem Medo, funcionando mais como secundária perante toda esta história bem aprofundada sobre o Demolidor.

Também é sobre Matt Murdock como advogado (onde tem mais um caso que se oferece para defender e que se perceberá ter imenso com o desenvolver da história) e cidadão (cuja moralidade é duvidável por as falhas da lei permitirem escapar os "bad guys").

Com esta revisão o realizador revelou ter mais razão com a sua versão pessoal mais negra e violenta (distingue-se logo por aí no inicio, mais longo) e com mais foco no herói e na sua luta interna, onde até se dá a perceber que os seus super-sentidos não são nenhuma benção e, bem pelo contrário, um problema por não "desligarem".
Tem 133 min... mas é tão mais cativante que torna os curtos 103 min da versão original até penosos de rever.

Pelo apuramento do nível de visual e a abordagem aos ambientes negros, vejo nele objectivos semelhantes ao que viria a ser anos depois o (melhor sucedido) "Batman Begins" de Christopher Nolan (que segundo rumores, prestou atenção ao filme do Demolidor e às obras de Frank Miller... e chegaria assim a Batman).


Deste filme a história da Elektra deveria ter sido desenvolvida de outra maneira pois apenas se viu o inicio e o fim, sem o que ficou pelo meio que as duas personagens passaram e o quanto combateram juntos (e depois lá no fim nem se acredita como ele já a amava assim tanto). Bem feito teria sido deixar apenas a Elektra como semente para a fase em que ela morre surgir noutro desenvolvimento de filme. No fundo, a Elektra tem as mesmas cenas que na versão original (com um ou outro ligeiro toque mais) mas perante uma tão focada e mais prolongada atenção sobre o Demolidor, parece não ter tanta atenção nesta edição. E ainda bem...
A fazer um novo filme, deveriam mesmo esquecer as histórias com a Elektra e avançar somente com o DD e manter este espirito de vilões realísticos (tal como nos Batman de Nolan, se copiou o conceito).


Quem conhece da BD (dos anos 80 e inicios de 90) notará que existe ainda mais forte ligações deste filme ao período Frank Miller, uma das melhores fases do Demolidor. Na realidade, todo ele é uma grande amalgama de partes de histórias, situações e momentos emblemáticos das páginas desenhadas.


 Interessante é ver também os cameos que desfilam ao longo do filme. Além da exibição do nome de John Romita Jr. á entrada do evento (como o nome do adversário do combate de boxe do pai de Matt Murdock, aqui ainda criança), somos também brindados com a presença de Stan Lee (o criador) numa das cenas (quando a criança Murdock, já cego, salva um idoso distraído que ia atravessar a rua) e ainda um mais interessante que é a aparição do próprio Frank Miller (como uma vitima de Bullseye, a quem lhe tira a moto).



Pode não ser um o melhor filme de super-heróis ainda assim com esta edição mas surge aqui melhor desenvolvido, tornando-o ao nível de um "X-Men 1" por exemplo.  Imagino que em Blu-ray deve ser mesmo um espectáculo!
"DareDevil - Director's Cut" um dos muitos superhero-movies que gosto de ver e rever.
Venha lá então esse reboot FOX (saber mais clicando aqui). E que seja bom!

5 comentários:

Bruno Cunha disse...

Não gosto muito do filme. Espero que o reboot seja melhor.
Nunca vi a Director's Cut mas se tu dizes que é mais do mesmo...


Abraço
Frank and Hall's Stuff

Loot disse...

E o post chegou eventualmente :P

Já sabia que gostas muito da director's cut agora sei um pouco mais porquê.

Tenho de espreitar, nunca tive vontade porque nunca achei que melhorasse substancialmente o filme, por exemplo ele depois pegou no Ghost Rider e foi o que foi :S

Dos actores até achei bastante piada ao Colin Farrel.

Abraço

ArmPauloFerreira disse...

@ Bruno: Sim, na verdade depois de se ter construído a opinião de não se gostar do filme, a Director Cut é vista apenas como uma expansão do que se conhecia.

@ Gabriel: Já escrevi sobre este há muito tempo atrás e este artigo é uma recuperação extendida desse texto.
Sem dúvida que também concordo com essa observação do Colin Firth, pois ele rouba imensas das cenas em que aparece. Daria um bom Demolidor mas não o vejo tanto como Matt Murdock (deveria ser escolhido alguém que deixasse uma impressão de vulnerabilidade e menos de excessiva confiança - nesse aspecto o Ben Affleck falhou também e somente apenas o mostra nalguns momentos quando regressa das lutas e cenas de reflexão).

Quem tiver curiosidade, pode atestar se vale a pena ou não... depende de cada um e do que se espera dos superheroes-movies.

Ricardo Lopes Moura disse...

Já tentei deitar as unhas ao director's cut várias vezes, mas nunca consegui.

gostei razoavelmente do filme - era o meu super-herói favorito na adolescência e achei que onde ele pecou mais foi pelos efeitos especiais fatelas (o daredevil a pular pelos prédios é CGI muito fraco) e pela superficialidade da história.

A Elektra é uma personagem imperdível. Primeiro, porque era uma assassina, portanto o oposto do herói, que mesmo assim não conseguia deixar de amá-la. depois, porque lutaram várias vezes de forma violenta e não estamos habituados a vilãs fisicamente fortes. finalmente, porque a morte dela às mãos do Mercenário foi das coisas mais impressionantes que Frank Miller já fez. E foi morta com uma das suas próprias adagas si-fan.

O mal da Elektra do filme é que a Jennifer Garner tem cara de boazinha. E a Elektra era fria, especialmente depois da morte do pai, o que na BD acontece quando ela e Matt ainda estão na faculdade. Já agora, o Matt, para impressionar a Elektra, faz acrobacias na presença dela, nitidamente a exibir-se, o que faz com que a luta no parque infantil não seja assim tão descabida.

Gostei do Ben Affleck como Matt Murdock. Acho que tem o visual e a expressão de inocência. Entre o Armaggedon e o Hollywoodland, foi o papel em que mais gostei de vê-lo.

E o Michael Clark Duncan foi um excelente Kingpin e o realizador do Iron Man um excelente parceiro do Matt (não me lembro do nome do advogado gordo).

Dito isto, também já tinha lido que o director's cut ata alguns pontos soltos da narrativa e torna a Elektra mais secundária. Um dia ainda vejo essa versão.

Quanto ao reboot, ainda estou para ver a quem calha o papel, mas os dois que vi propostos pareceram-me demasiado imberbes para o papel...

ArmPauloFerreira disse...

Interessantíssimo contributo Ricardo, que nada tenho a discordar.

Na Director's Cut a Elektra tem o mesmo tempo que a versão normal mas como há mais cenas centradas na construção de Matt Murdock, o filme ganha um tom de ser mais centrado nele do que parecia.
Quando o "Demolidor" diz a uma criança "I'm not the bad guy", é porque numa outra cena inédita ele tenta salvar uma mulher e falha, parecendo ser ele o criminoso, facto que o deixa confuso e descrente dele mesmo.
No inicio temos a totalidade das cenas com o pai do adolescente Matt, e claro envolvimento dele com o mundo do crime.
Há também um caso de tribunal que está alinhado com a narrativa central do filme mas que não aparecia na versão normal/cinema.
Não é o melhor filme de super-heróis mas quem viu diversas e diferentes aventuras do Demolidor consegue perceber que este filme tenta basear-se em muitos momentos.
Já agora, uma das cenas extra do filmezito da Elektra, que foi um spin-off deste Demolidor, tem uma aparição do Matt Murdock (Ben Affleck) a Elektra no centro de treinos e dá a entender que conhecia o mestre que a treina. Na BD esse homem foi o mestre do Matt, que lhe ensinou a lutar (algo que o filme do DD deveria ter tido - assim parece que os quimicos que o cegaram é que o ensinaram)...