Filme "A Dália Negra (The Black Dahlia)" no Lusomundo Premium, breve história e factos reais

No próximo dia 21, Sexta-feira às 22h, vai ser exibida em estreia no canal de cabo dedicado ao cinema Lusomundo Premium, o filme "A Dália Negra" (the Black Dahlia). O filme voltará a ser repetido várias vezes (consulte a programação do canal na TV Cabo)

O filme realizado por Brian de Palma, conta com actuações de Josh Harnett, Scarlett Johansson, Aaron Eckhart, Hilary Swank , Mia Kirshner (como Elisabeth Short) e outros.

O enredo centra-se em dois polícias (Hartnett e Eckhart), que se encontram empenhados em resolver o homícidio macabro de Elizabeth (Swank), uma jovem conhecida como ‘The Black Dahlia’. Para além desta situação, os dois jovens partilham ainda o amor que sentem por Kay (Johansson), uma doce jovem que esconde um passado obscuro.


Como tema principal desta longa-metragem está a dubiedade, presente na forma como os dois protagonistas enfrentam as mesmas situações e também na personagem de Swank, uma jovem burguesa, mas também uma perigosa ‘femme fatale’, que se veste como ‘The Black Dahlia’.


Como no livro que serve de argumento ao filme de Palma, o homícidio serve apenas como pano de fundo. A trama foca-se nas reacções dos dois detectives à corrupção e à decadência nos subúrbios de Los Angeles, bem como na rivalidade entre ambos, devido ao amor que sentem por Kay.

(descrição de HotTVNews)

Veja o trailer a seguir.

O que aconteceu a Elisabeth Short?

Não é propriamente sobre o filme que pretendo dedicar esta publicação mas sim contextualizá-lo um pouco, aludindo ao facto que o filme se baseia numa história real, bastante macabra, nunca resolvida e que em 1947 chocou a América.

Pretendo, em vez de falar sobre o filme, contar aqui parte da história que o originou, dessa aspirante a actriz da Califórnia (que não deixou memória), de nome Elisabeth Short, que em 1947 e com 22 anos, foi encontrada brutalmente assassinada.

A descoberta do corpo, segundo dizem os relatos, foi feita por uma menina que pensava se tratar de uma boneca estragada e largada no relvado, comentou com a mãe enquanto passeavam.

O seu corpo (ou as partes do seu corpo) foi descoberto próximo de um hotel, muito mutilado, com a cabeça decapitada, a boca rasgada de um lado ao outro, o corpo separado em dois, com os orgãos removidos, o sangue drenado, os seios removidos (ficaram cavidades) e a vagina retirada (e colocada erva no seu lugar). Curiosamente, as duas partes do corpo foram deixadas próximas uma da outra mas a cabeça foi deixada mais longe.

Na América, este crime motivou a deslocação de imensos policias e investigadores, embora até hoje, depois de imensas obsessões pelo assunto, nunca se chegou a saber quem realmente cometeu este acto hediondo e horrível. Transformou-se este caso num mistérios que apaixonou investigadores e outros. Foram publicados imensos livros com teorias (o de James Elroy é usado como base para o filme), lançadas acusações e mais de 50 pessoas se deram como culpadas (?!).

Ainda hoje é considerado um caso macabro pelo que deveremos imaginar a sensação de indignação nacional que produziu naquela altura...

Sempre senti sobre este caso uma enorme empatia pelo que deverá ter sido e levada a viver esta vitima na perseguição do seu sonho. Elisabeth Short, naquele tempo tudo deve ter feito para pertencer e ser uma estrela de Hollywood.

Naquela altura (e hoje) quem tinha muito dinheiro era só por essa razão imensamente poderoso. E imagino que nesta área, o dinheiro alimentava vícios de toda a ordem e mentes retorcidas poderiam pagar largas somas para ter acesso a situações exclusivas e encomendadas.

É discretamente sabido desta época da existência dos "snuff-movies" (salvo erro era assim que os denominavam). Estes pequenos filmes, raros, eram exibidos para um muito restrito grupo de pessoas que adiantavam largas somas com antecedência (uma espécie de encomenda) para verem: violações sexuais seguidas de assassinatos. A raridade e acesso restrito destes pequenos filmes, deviam-se não simplesmente pelo conteúdo mas sim pelo ao facto de serem reais e verdadeiros.

Logo, não será de deitar fora uma teoria que sempre me passou pela cabeça: uma guerra entre poderosos dos estudios de cinema, talvez á mistura dívidas arrogantemente nunca cumpridas. Pegaram numa jovem, futura promessa a estrela e como retaliação para atingir o rival, fizeram-se "avisar" em força.

Mas isto sou eu que gosto de dizer coisas...

Saiba mais sobre este caso pelo site "The Black Dahlia Web site".

Ou aqui pelo Globo Online em português e mais resumido.

Se não for sensível e for um leitor de coragem, veja as fotos reais de como ficou a vitima aqui. As imagens são bastante chocantes e fazem-nos perceber este crime macabro. Contém ainda imagens de outros casos semelhantes. Ficou o aviso.

Ah! E sim estou ansioso por ver este filme, que a oportunidade de o ver no cinema gorou-se e depois a visão em DVD foi sendo adiada até saber que passaria no Lusomundo e definitivamente aguardar pelo dia da exibição. Talvez depois de ver o filme e se o achar á altura dedique uma critica cinéfila a este filme de 2006. Até lá... boas fitas!

Bom filme noir!

Actualização de 23 de Setembro

Vi e gostei imenso do filme. Brian de Palma, tentou recriar o filme noir (e a época) de forma estilizada e encaixar nele as suas habilidades remetendo-nos em muitas das cenas para a forma de filmar de muitos antigos realizadores do género e não só (a cena da queda pelas escadarias e algumas mais remetem a Hitchcock por ex...).

O filme opina sobre este assunto não resolvido, tentando resolver no climáx da história explicando como tudo se passou na tentativa de dar uma solução à fita. Fica bem pois satisfaz o espectador mas quem conhece bem o caso sabe que isto é só uma ficção. Também evita mostrar cruamente a mutilação que sofreu a vitima, dando-nos apenas algumas imagens pouco claras da vitima. Acho que deveria ter sido mais gore neste aspecto pois hoje em dia o espectador está preparado para imagens desse calibre, mas enfim foi mais subtil assim.

Se não o viram e se interessam por filmes dos tempos dos anos 40/50, de estilo noir, com toda aquela exibição de classe e glamour, vestimentas a preceito onde não falta o chapéu, mulheres fatais e romances difícies à mistura com crime... não devem perder. Apanhem-no em DVD (se não têm o Lusomundo) ou esperem que repita no canal de cabo.