terça-feira, 23 de março de 2010

Cinedupla: Orphan + Case 39

As crianças têm sido utilizadas nos filmes na maioria das vezes para nos sensibilizarem pela ternura das suas participações. Obviamente que existirão muitos mais objectivos mas um deles muito particular é quando são elas próprias a razão do mal nos filmes de terror (ou quase).
Há imensos clássicos nesta temática, sendo que imediatamente se pensará no "Exorcista", no "The Omen", "Poltergeist", etc.
Porém, nem sempre estamos perante o terror demoniaco e as duas propostas que deixo tentam contrariar esse ponto. Se bem que um deles não o abdica...




Orphan 
(2009)
Com Vera Farmiga, Peter Sarsgaard, Isabelle Fuhrman... 


Um casal vive o trauma familiar da perda de um filho (ainda durante a gestação). Devastados, principalmente ela (Vera Farmiga), com o intuito de dar um novo alento familiar, decidem adoptar uma criança. O processo de escolha da melhor candidata surge quase automaticamente pois ficam rendidos ao encanto de uma certa menina do orfanato, a Esther que é extremamente bem educada, asseada, culta e pela qual nutrem uma empatia enorme (especialmente ele, que vê nela a criança ideal).
Contudo, à medida que vão vivendo com esta menina nem tudo parece tão normal assim, sendo que a nova mãe-adoptiva, sente que algo de mais estranho acompanha esta criança, que manifesta exigências e hábitos pouco convencionais. Ao o contrário do marido, que a desacredita continuamente, fazendo-a atingir o ponto de loucura e instabilidade. Até que, as provas da investigação da esposa sobre o passado desta criança revela uma outra realidade e... já é tarde de mais, para evitar a instalação do mal no seio desta família.


Ora bem... "Orphan", dito assim faz crer que estaremos na presença de mais um evil-movie mas na verdade não é isso que se passa. É um filme bastante mais interessante do que isso e prova que por vezes as surpresas podem ser maiores do que esperamos. Além da prestação excelente dos actores que interpretam este casal, o que realmente sobressai depois de visto todo o filme é a assombrosa performance da menina actriz Isabelle Fuhrman, que nos convence literalmente durante os vários estágios da sua personagem.
Um magnifico filme, surpreende até ao fim, que não se esquece facilmente (o twist final é muito bom) e altamente recomendado. Adorei!!!

Classificação:
7/10
Bom




Case 39
(2009)
Com: Renée Zellweger, Jodelle Ferland, Ian McShane, Bradley Cooper...


Para juntar a esta sessão dupla, um outro caso, desta vez curiosamente numa situação oposta.
A personagem de Renée Zellweger (que carrega todo o filme aos ombros), Emily, é uma experiente assitente social que não vira costas às situações que possam vir a tornar-se de perigo para crianças em situações de maus tratos. É precisamente devido a este sua maneira que uma dos muitos casos que tem em mãos, lhe aterra na secretária. O caso 39 denuncia uma indefesa criança perante pais que a tratam mal e inclusive até a tentam matar, facto que só impedido pela persistência da assistente social.
A perturbada criança, a Lilith, agora com os pais presos, é então encaminhada para os serviços sociais para o abrigo de uma nova familia... que ela rejeita por sentir solidão e com todo o seu encanto consegue convencer a ficar com a assistente social que a salvou.
Contudo, aquilo que era uma boa acção de Emily para o bem estar de Lilith... transforma-se num autêntico infernal pesadelo (literalmente).


Este é um filme com pretensões de ser algo melhor mas que resultou apenas mediano (apesar de ter um inicio que gostei muito), onde a minha maior curiosidade era ver o desempenho de Renée Zellweger num papel invulgar (que se safa bem da tarefa) nos ambientes de terror. Porque na verdade é isso mesmo que este filme é, o género terror. Contudo e anormalmente, este filme conduz a sua boa categoria do inicio para um final algo desanimador por lhe faltar a ousadia que o filme parecia nos querer conduzir.
Foi pena pois tinham aqui bom material para explorar, com uma situação pertinente nos dias de hoje (os maus tratos infantis) abordando a psique de uma franja dos serviços sociais. Até porque esta assistente social também vive os seus traumas...

Se o dividisse em 3 partes, na minha apreciação seria algo assim:
1ª parte Excelente  +  2ª parte OK  +  3ª parte Fraquita.

Eu gostava que tivessem colocado esta ordem ao contrário...
Não por o filme estar mal feito (que não o achei mau), pois o inicio é de um mistério entusiasmante mas precisamente pela forma como termina, com um certo tom de cliché deste género... deixando uma sensação de desilusão por não surpreender na sua resolução. A ver por curiosidade...

Classificação:
5,5/10
Decente

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