sábado, 2 de abril de 2011

Cine-critica: Nick and Norah's Infinite Playlist (2008)

O tema da juventude é sempre uma boa fonte para se criarem filmes com historias em redor do tema. Há montes deles e continuará sempre a haver milhentos mais. Contudo, aqueles que mais aprecio são os que ainda conseguem manter uma base de realidade. Detesto todos aqueles filmes (e séries) onde se retratam os jovens como se fossem já adultos bem sucedidos e já com altos cargos profissionais (anormalmente) muito ricos, vestidos bem demais, sempre em altas festas e dilemas quase a roçar as mafias criminosas - e em paralelo as gajas são anormalmente boas em excesso, produzidas demais impossivelmente, usam autênticas colecções de moda no dia-a-dia, uma existência com muita segurança na vida, etc...
Portanto, com tanta "evolução" assim exibida, torna-se difícil ainda se dizer que são filmes/series sobre a juventude ou a emulação de jovens a viver a vida de adultos.

Não quer dizer que não os veja mas aprecio mais aqueles onde uma pessoa comum se pode identificar pela normalidade ou as situações terem um significado mais de vida real.
Fica aqui um bom caso desses...


Nick and Norah's Infinite Playlist
(2008)



Realização: Peter Sollett
Com: Michael Cera, Kat Dennings, Aaron Yoo, Rafi Gavron, Ari Graynor, Alexis Dziena...


Sinopse (à minha maneira):
Temos um jovem muito comum e até desajeitado, ainda perdido de amores pela rapariga mais popular da escola (com quem já teve uma oportunidade... perdida) e sofre por a ver com outro. A sua maneira de expressar os sentimentos é oferecer-lhe CDs que grava com alinhamentos musicais a seu gosto, que ela desvaloriza tanto o acto como as canções da playlist.
Os CD's vão para o lixo... mas alguém os acaba por ouvir. Apesar de ser um nerd, não sabe que há quem lhe preste "outra" atenção...
Numa atitude para provocar ciúmes à "ex" dele, ela (Kat Dennings), beija o rapaz (M. Cera) e insurge-se como sendo a namorada e par da saída dessa noite, para o concerto secreto/surpresa da banda do momento na cidade, os "Where's Fluffy?"...





Ora bem...

Este filme decorre num curto espaço temporal, mais precisamente de um dia para o outro, concentrando a maior parte da acção durante a noite. Lida com as desventuras dos relacionamentos com fundo amoroso.
Muitas peripécias, mal-entendidos, varias pessoas envolvidas, discussões, amizades verdadeiras... e com o carro velho do rapaz, um Yugo amarelo a tornar-se a vedeta da noite... até que a certa altura não se apercebem de estar num triângulo amoroso em acesa disputa nessa atribulada noite pela cidade.

Tudo isto enquanto tentam descobrir o actuação secreta da banda sensação da malta jovem. "Where's Fluffy?"
Dito assim parece banal mas a honestidade com que desfila as situações, posiciona as personagens em confronto (principalmente o emocional) e com isso as clarifica perante as opções e rumos, decisões que tomam... é adorável e muito dinâmico.


Contudo, não se fica somente por isso e mostra-nos um realístico "retrato" de uma facção da juventude, conseguindo  expor principalmente os momentos da percepção do que há em redor. É nos detalhes das situações que o filme se constrói, demarcando-se dos filmes do costume das comédias teen, normalmente mais "abananadas".


Michael Cera faz mais uma vez o mesmo papel que tanto o caracteriza , o de banal jovem e inseguro (tal como em "Juno").
Contudo, o grande brilho do filme, recai a meu ver na presença e actuação da jovem Kat Dennings, que é muito peculiar e ao mesmo tempo faz uma perfeita adolescente totalmente comum, como qualquer outra normal, da vida real.

É uma indie-comédia-romântica, muito divertida e atribulada, bem escrito e com boa música. Diria que marcante e que recomendo plenamente... pois o adorei totalmente.

Até digo mais: são filmes assim que se deveriam vangloriar mais entre a juventude (e haverem alguns mais com todo este nível) e não tanto as obras 100% vazias (como são por exemplo os da saga "Twilight"...).

Por fim, destacar a importante componente musical e o envolvimento que a música tem durante todo o filme. Uma excelente banda-sonora, composta por belíssimas canções e que renderam um muito bom e viciante álbum OST. Afinal foi pelos alinhamentos das playlist que o amor se revelou e correspondeu...


Classificação:
9/10

2 comentários:

Bruno Cunha disse...

Se um dia vir, será pela curiosidade da OST.


Abraço
Frank and Hall's Stuff

ArmPauloFerreira disse...

É bem melhor do que aparenta e o trailer dá-lhe um ar de banalidade (que não tem). Vi-o sem contar e sem saber nada sobre ele. Fiquei á toa de tão boa surpresa e mesmo sendo mais humilde que outros do género, deixa vestígios. Descobre!

Depois de o ver a OST perdura-o no tempo e dá vontade de o rever. Estas canções pontuam o filme, tal como acontece no belíssimo "(500) Dias com Summer".

Descobre-o sem grande furor.