"Locke" responde: "Indeed I did."
Quando vi este episódio, que deixou um sabor a pouco e talvez mal terminado para algo com 180m, fiquei a perceber que afinal na ilha existem mais variáveis que aquelas que pensava até aqui. Neste final de Lost vimos a presença de algo maior que o homem, a omnipresença de Jacob que influencia e direcciona pessoas para os seus designios quando os toca. Este novo conhecimento eleva a série a um novo nível… o da metafísica.
O que é a metafísica?
O ramo central da metafísica é a ontologia, que investiga em quais categorias as coisas estão no mundo e quais as relações dessas coisas entre si. A metafísica também tenta esclarecer as noções de como as pessoas entendem o mundo, incluindo a existência e a natureza do relacionamento entre objetos e suas propriedades, espaço, tempo, causalidade, e possibilidade.
in Wikipedia
A ilha afinal talvez seja um local onde se passa um passatempo entre dois deuses que se desafiam mas que não se atingem directamente. Talvez não o possam fazer até... mas que o desejam. E como entediados que estão, “jogam” o seu xadrez-humano sofisticado como um desafio para se atingirem -facto que parece já o fazerem há muito tempo. Para o fazerem têm de ter “soldados” manipulados para tal suceder.
Quando penso em dois deuses, leva-me até a pensar em talvez 3… afinal não será Richard mais um deles?
É que ele não envelhece e reagiu a um nome mais à antiga: Ricardus!
Talvez seja um “observador” ou um árbitro dos deuses… alguém imortal que tem de acompanhar os eventos.
E que deuses serão estes? Egípcios... os que defendiam e procuravam a imortalidade.
Há tantos caracteres estranhos a desfilar na série em tantos momentos, que me parecem semelhantes aos egipcios. Surgiram quando desistiram de meter o código no computador, também nas paredes do templo do fumo negro, na tecelagem de Jacob, etc. Mas o mais indicador é a estátua ao deus Anúbis (Anúbis "Patron of Lost Souls" - o dono das almas perdidas) junto da praia, quase intacta séculos antes (a julgar pela caravela, no séc. 18). - correcção a estátua não é Anúbis (saiba mais aqui)
Ao ver Jacob durante toda a sua actuação, a ideia que me dá dele é que Jacob será afinal o lado do Mal (reparem qual é a sua casa: a estátua). Aquele que quer ver o “progresso” das jogadas.
O outro “deus” queria evitar as lutas, as guerras, os motins, as mortes, a destruição… mas Jacob não!
Penso também que o outro deus não tem forma fisica… precisa da oportunidade do corpo de gente morta (todos aqueles que já usou pois no templo do fumo negro tem ossadas).
É o que penso: o outro deus será o fumo negro!
O mesmo que tem ajudado Ben a proteger a ilha (quando mataram a filha o fumo atacou violentamente os soldados) e que pode ocupar corpos dos que morrem (Locke, o pai de Jack ou Claire).
Agora a dúvida maior é saber se Jacob assassinado, realmente morre ou não. Como parece uma divindade, deverá regressar à vida (a tal que nunca terá perdido na verdade) e talvez por ter existido um falha no seu plano (o tal loophole), esteja a accionar um novo plano com os mesmos peões: daí todos aqueles flash-forwards (suspeito que não eram flash-backs) que fomos vendo durante o "quase-filme” para que tudo tenha de voltar a acontecer de novo. O tal novo loophole...
O coitado do Faraday, a melhor personagem (a par do falso-padre Mr.Eko - as duas mais intrigantes que surgiram em Lost), apenas analisou a física quântica (o espaço-tempo) mas não tinha forma de calcular dados metafísicos ou… o destino!
Talvez essa missão fique relegada para o sempre estranho Miles, a personagem que menos deu á série até aqui -ainda não percebi porque ele resistiu tanto tempo na série. Sabemos que ele pode contactar o lado espiritual e que na ilha de pouco se serviu disso. Talvez venha a chegar a hora dele actuar com esse dom pois a "falha" já aconteceu e ele não é um peão de Jacob…
Depois há Hurley que carrega consigo uma intrigante mala de guitarra (que nunca o vimos a abrir e que também estranhamente o acompanhou na viagem no tempo para o passado -quando tem de fugir ele vai buscar a estranha mala de guitarra). Hurley nunca tocou guitarra e o único músico era Charlie, que já morreu.
A verdade é que ele nunca abriu a mala e que a mesma é que o salva na água.
Jacob deixou-lhe a guitarra e refere que o facto de falar com os mortos era um dom... mas tocou-o e fez dele um peão seu com esse dom também.
A verdade é que o incidente aconteceria, tal como aconteceu.
Richard, o imortal, disse que os viu a todos morrer, facto que indica que tudo já teria acontecido em tempos mas que parece sempre surpreso com o decorrer dos eventos.
Só espero que no fim da 6ª temporada não acabemos por ver o paradoxo temporal ser resolvido e evitado.
Se o avião não vier a cair... o que andamos a ver e a seguir tão fielmente... nunca aconteceu!
Lost nunca terá acontecido!!!
Não há dúvida: Lost é Lost!
Lost é estar com dúvidas e questões ainda maiores que aquelas que vão sendo respondidas.
Enigma sobre enigma e só em 2010 saberemos como acabam.
Lost é estar com dúvidas e questões ainda maiores que aquelas que vão sendo respondidas.
Enigma sobre enigma e só em 2010 saberemos como acabam.
Até lá só os deuses sabem...
(mais dados de outras observações num outro artigo)
12 comentários:
Grande Post!!! Chamou-me à atenção por ser sobre uma série de extrema qualidade e não ter comparação no mundo televisivo. Concordo que seja uma luta acima do que é o homem, mas uma coisa que não acho é que Jacob seja considerado "mau". Uma simples justificação para este meu pensamento é que na cena de abertura do último episódio da 5ª season Jacob aparece vestido de branco em contraste com a outra personagem que tem preto e como já vimos na ilha preto não é considerado bom.
Grande post! Gostava de ver mais lost por aqui :P Gostava de discutir mais!
Sim concordo com a cena das cores opostas. Mas e se for ao contrário.
É Jacob quem quer que aconteçam coisas e encaminha gente para a ilha. O outro não o quer, como se estivesse a proteger a ilha...
A minha teoria é algo rebuscada mas em Lost tudo é possível.
Mudei o meu pensamento sobre as cores, no momento em que os dois conversaram:
Em Jacob: os detalhes de comportamento premeditado, a forma de olhar, a pose de desafio no final quando falam e principalmente a vontade de agir para provocar acontecimentos- típico de um vilão. E mora na estátua "dona das almas perdidas".
O "outro especial", sempre sereno, a desejar o fim de Jacob mas que não o faz, a querer evitar aos humanos tudo aquilo que passariam (compaixão). Também achei curioso o facto de ele surgir de dentro da ilha - o templo do fumo é no centro da ilha (Jacob está na praia junto da estátua).
Lost é uma série de J.J.Abrams e tal como em Alias ou de certa forma evidenciada no final de Fringe, o lado do que parece o bem é o mal e o que era o mal acaba por ser o que tinha boas intenções.
Também penso que estamos a ver em Lost as duas linhas de tempo em simultâneo e que nenhuma delas ainda teve modificação no futuro. Tudo estará a acontecer como era previsto e que de facto tudo aconteceu assim mesmo (os eventos do passado). Tal qual...
E o incidente será também o momento em que deixam de nascer bebés na ilha. E com uma razão...
O Richard é um "mordomo"... é o guardião de quem está no comando, é aquele que sabe onde "Jacob" está em cada momento.
Como todos os bons mordomos, é ele que tem que zelar pela segurança do Mestre da Ilha, lugar ocupado neste neste momento pelo Jacob, e se o outro deus não pode assassinar o Jacob, o assassino tem que passar pelo escrutíneo do mordomo, enganando-o, levando-o a "cooperar" com ele.
Mais... apenas os lideres/ex-líderes têm a possibilidade de almejar a ver/tocar o Jacob. Como o Ben foi um Lider não escolhido pelo Jacob, este nunca teve segurança para autorizar o Richard a abrir-lhe a porta... Se repararem o 2 (chamemos assim o segundo deus) é que teve que "obrigar" o Richard a deixar o Ben entrar depois de ganhar a sua confiança como John Locke... no fim jogou a seu favor a fama do Ben em Mentir (it's what I do) para enganar o Richard... enganado desta vez com a verdade... "he is going to kill him".
Agora um facto alternativo... Sabendo que o Ben expulsou o whitmore, que era "chefia", e que o Ben foi lá "colocado" pelo 2, significa que o Whitmore era da confiança de Jacob (facto confirmado pela cena em que o Ben assume a "paternidade" da filha e em que pergunta ao Charles se tinha sido o Jacob a obrigar a matar a bébé).
Ou seja... O whitmore acaba por ser um "bom" da fita, ao contrário de tudo o que nos foi sendo "alimentado".
Mais uma vez, com um final surpreendente e cheio de dúvidas ficamos sem saber se a dita explosão mudou o encadeamento da história, como dá a entender, e a série acaba com o avião a aterrar em LAX, ou se este incidente se encaixa perfeitamente na série.
Eu aposto na primeira... e acabaremos por ver que isto "nunca aconteceu".
Faltam alguns gaps de informação interessantes... como é que a estátua foi destruída, quem é que cria a mensagem de radio com os números, e qual o papel do Ben, depois de ter sido alvejado e tratado pelo Richard nesta realidade paralela onde os nossos amigos existiram duplamente (na versão criança, e na versão adulto)
Grande malha de série... quem me dera que fosse tipo novela TVI... e durasse dias e dias e dias, mas todos os dias!!! :P
No fim são dois irmãos mimados, que lutam pela cadeira do poder em que brincam com pessoas tal como os deuses do Olimpo faziam na mitologia de antigamente.
@ JPCarvalhinho: São boas teorias sim senhor.
Ainda ando a digerir o porquê de Ricardus ter aparecido ao Locke em criança (fora da ilha).
Whitmore e Ben, como bem recordaste, tiveram sempre "issues" entre eles por resolver. Algo se passou pois também Eloise (que tem um filho com Whitmore) também acabou contra Whitmore. E Ben está do lado de Eloise... e eu desconfio muito da sabedoria avançada de Eloise...
Na mitologia egípcia, aqueles que eram banidos eram deixados no deserto como um designio dos deuses. É curioso que na ilha quem foi banido (Whitmore, Ben, Locke) viram-se de repente sairem num deserto.
E a Charlotte, arqueóloga pensava encontrar pistas sobre a ilha... num deserto também.
ArmPauloFerreira, ricardus tem visitado Locke em criança porque ele apareceu na ilha em 1930 ou perto disso a dizer que era o lider lá da aldeia :)
Em relação à cena que falo sobre as cores que Jacob e o outro personagem têm, o que dizes tem alguma lógica, mas é difícil esquecer as cores ao lembrar do jogo que Locke explicava a Walt na 1ª season (há 2 lados, um branco e outro preto) e sabendo também que o próprio fumo preto (monstro = mau) é preto :)
Também acredito que Whitmore não seja tão mau como se pensa, já que quem nos faz levar a pensar isso é Ben, mestre em enganar as pessoas e fazê-las crer que A = B.
ArmPauloFerreira olha que agora lembrei-me de uma coisa... não sei vou dizer coisa mais asneirenta do mundo, mas.. vocês já ouviram de certeza na expressão "não vá o diabo tecê-las"...
O que estava Jacob a fazer no início do último episódio?
Se calhar já estou a imaginar coisas...
@ André Ferreira: Ora aí está o meu raciocínio e suspeitas sobre Jacob.
E para mim a comparação que faz é excelente mesmo. Foi assim que, no meu subconsciente, apreciei as acções e comportamentos de Jacob durante o episódio. Realmente como um diabo, meticulosamente a sugerir e a direcionar as pessoas para os seus objectivos.
A cena do Sayid é das mais perversas. De certeza que a mulher não seria atropelada se seguissem os dois juntoa a atravessar a estrada. Jacob chama o Sayid provocando a distracção da mulher dele e a consequente morte. Isso é que é perverso... e um bom não faria isso.
Agarrando a deixa do JPCarvalhinho, serão talvez até a luta entre dois deuses irmãos (tal como os da biblia) e ambos maus.
Mais uma adenda ao "Não vá o Diabo tecê-las..."
O que é que Jacob fazia no inicio do episódio? Uma tecelagem... e mais tarde diz comenta o seu prazer na concepção de um "bom fio" (=um bom plano).
se havia duvidas Carlton e Damon esclareceram no podcast do último episódio: Jacob é bom!!!
OK!
Nunca acompanhei o podcast... pode me indicar o nome dele?
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