Before I had status and before I had a pager
You could find the Abstract listening to hip hop"
in Excursions
O hip-hop sempre foi um dos géneros musicais mais curiosos, muito porque conseguiu desde cedo incorporar elementos doutros ramos musicais e ao mesmo tempo devolvendo esse apropriamento com nova força revigorada nos dois sentidos. Não é à toa que desde cedo assistimos á colisão do rock com o hip-hop, com por exemplo os Public Enemy com os Anthrax ou os Run DMC com os Aerosmith. O hip-hop contaminou a Pop, o R'n'B, a dance music e entre tantas influências serviu de base para o nascimento do trip-hop e outras cenas mais.
No entanto, para os DJs criarem as suas bases sonoras, contavam principalmente com as canções negras antigas que existiam, quer fossem sons da motown, da soul, o rhythm&blues ou outros. Desde o inicio notava-se frequentemente dessas pilhagens excertos de jazz.
Bem vistas as coisas, o jazz era até uma fonte quase inesgotável de sons e com fervilhantes linhas de baixo, principalmente muito ricas para a criação das bases sonoras dos DJs por onde os MCs conduziam o seu flow rap. Da simples pilhagem a pensarem em fazer jazz com hip-hop... o jazz rap... foi um passo!
Bem vistas as coisas, o jazz era até uma fonte quase inesgotável de sons e com fervilhantes linhas de baixo, principalmente muito ricas para a criação das bases sonoras dos DJs por onde os MCs conduziam o seu flow rap. Da simples pilhagem a pensarem em fazer jazz com hip-hop... o jazz rap... foi um passo!
Contudo, respeitar o jazz e ao mesmo tempo o hip-hop, de forma cativante, não seria uma tarefa para todos. Nem todos passavam do simples uso dos clichés jazz, nada mais que samples dos baixo feitos em contra-baixo, o uso das trompetes e o remeter ás ambiências soturnas e algo fumarentas. Nos finais dos anos 80 e inicios da década de 90, surgiram vários grupos/colectivos que faziam essa fusão, tais como: Jungle Brothers, De La Soul, A Tribe Called Quest, Dream Warriors, Digable Planets, Gang Starr (Guru, o MC desta dupla acabaria por fazer a fusão total do rap com live jazz no seu projecto a solo JazzMatazz), etc.
No entanto, o disco que mais me impressionou e que ainda hoje o tenho com respeito, é o segundo álbum dos A Tribe Called Quest, o "The Low End Theory" (1991).
The Low End Theory
Neste álbum, que atestava a coerência do grupo em seguir a estratégia dos vários colectivos da Native Tongue, os A Tribe Called Quest fizeram uma incursão séria e imaginativa na fusão dos dois géneros. O flow do rap de Q-Tip e Phife Dawg, assentava como uma luva na base sonora jazz do Dj Ali, que juntos engendraram com a ajuda de músicos jazz (os quais samplaram e programaram durante o disco).
Este grupo, que ainda só ganhavam créditos pelo álbum de estreia e tinham em "Can I Kick It?" desse álbum um dos seus hits mas é com "The Low End Theory" em 1991, que ganharam o estatuto e até o respeito por ambos os lados das comunidades hip-hop e jazz (facto confirmado com o 3º álbum de '93).
Na altura, que comprei o CD -o meu orgulhoso primeiríssimo CD (adquirido na já extinta Bimotor do Porto)-, andava fascinado pela "Butter" (que rodava num certo programa de radio), não contava com tamanha excelência por todo o álbum. Na loja mal se pôs o disco a tocar para uma breve escuta... foi de imediato gosto. Nem muito menos viria a saber que este seria um dos mais importantes discos do hip-hop da história e que ganharia os mais importantes prémios da indústria.
"The Low End Theory" é simplesmente um album maravilhoso, intemporal, imaginativo, sempre fresco e repleto de temas inesquecíveis. Um clássico instantâneo!!!
Começa ao som do jazz na fabulosa "Excursions" e por aí avança sem parar por faixas memoráveis como "Buggin' Out", "Butter", "Vibes And Stuff", "Check The Rhime", "Jazz (We've Got)" até terminar com "Scenario".
É practicamente um disco non-stop, onde por vezes as faixas sucedem-se como a evolução da anterior. Não tem nada de skits e paragens para o humor, muito habitual do hip-hop. Tem um groove e uma vibe, impressionantes, com escolhas sonoras e ritmos jazz repetidos em loop, de forma muita orgânica. Os dois MCs descarregam prazenteiramente rimas que até são inspiradoras pela clareza das palavras (eu até ainda hoje sei as letras de cor e acompanho imensas partes sem falhar).
A verdade é que é realmente um dos mais importantes discos sagrados da década de 90.
Incontornável e obrigatório!!!
Quem diria que, aqueles putos conseguiriam fazer semelhante feito, hã?
Olhando para os tempos actuais, eles apenas carregavam consigo a arte e gosto pelo hip-hop, sem artificios. Nada de pistolas, correntes de ouro ao pescoço, bitch para aqui e bitch para ali, ostentações de riqueza... nada.
Apenas amor sério pelo hip-hop.
Jazz (We've Got) & Buggin' Out
É curioso como, com poucos meios conseguiram fazer tanto... Quando dá a sensação que "Jazz" está assimilada, fazem uma interrupção cómica e arrebentam tudo com "Buggin' Out" que até tem direito a final à cappella. Um videoclip fantástico, imaginativo, que sabe fazer uso do preto-e-branco (jazz) vs cores (buggin), com as duas melhores faixas do álbum de rajada e tudo assim... tão simples!
Check The Rhime
"If I get the credit, then I'll think I deserve it
If you fake moves, don't fix your mouth to word it
Get in the zone of positivity, not negativity
Cuz we gotta strive for longevity"
in Excursions
If you fake moves, don't fix your mouth to word it
Get in the zone of positivity, not negativity
Cuz we gotta strive for longevity"
in Excursions
2 comentários:
Ótimo post!
Já que você falou do Gang Starr, o DJ Premier participou de um projeto em meados dos anos 90 com Brandford Marsalis chamado Buckshot LeFonque:
http://www.youtube.com/watch?gl=US&v=ZtltFfF5PhU
Muito bom!
Desconhecia realmente. Quanto aos Gang Starr ou Guru em Jazzmatazz, era relativamente um apreciador distanciado e adorava mesmo muito a faixa "Soliloquy Of Chaos", que foi a razão de lhes prestar atenção.
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