Os filmes podem por momentos nos fazer vaguear por situações fantásticas. O destaque desta vez recai sobre dois filmes que nos levam a acompanhar duas historias anormais e não lineares no argumento. Um lida com situações bizarras e o outro lida com viagens no tempo.
Curiosamente ambos demoram a chegar às salas de Portugal.
Uma outra verdade acerca desta dupla de filmes escolhida é também a de ambos terem recolhido varias reviews/criticas de pendor negativo.
Estaremos portanto na presença de maus filmes?
Talvez sim e talvez não. Depende da capacidade de aceitação de cada um...
Bem, dentro do que é a minha tolerância, de maus não têm nada, precisamente porque há por aqui mais ideias de cinema e situações intrigantes do que se esperaria. Digamos que são dois contos fantásticos em forma de filmes...
The Time Traveler's Wife
A Mulher do Viajante do Tempo
[2009]
[2009]
Realização: Robert Schwentke
Com: Rachel McAdams, Eric Bana, Ron Livingston, Brooklynn Proulx, Arliss Howard, Stephen Tobolowsky...
Este filme arranca com uma sequência dum automóvel em andamento. Cena nocturna, com mãe e filho a presenciarem algo inexplicável a passar-se com o menino durante um acidente. Ela morre mas o menino havia se tornado intangível e surge no mesmo local com uma diferença: viajou no tempo. Voltamos a vê-lo, momentos depois mas já duas semanas antes do acidente, em casa onde ele se vê com os pais. É visitado por um adulto a surgir nas mesmas condições. Este diz-lhe que ele vai ficar bem. Contudo, esse adulto é na verdade ele mesmo, Henry (Eric Bana), só que uma sua versão mais velha, que surge para o tranquilizar. Isto acontece nos anos 70... e ficamos assim a saber que Henry sofre duma rara disfunção genética que o faz viajar no tempo, sem que ele tenha qualquer controle para onde, quando e a que tempo irá parar.
Anos 90... Henry numa das suas paragens temporais depara-se com a jovem Clare (Rachel McAdams). É a primeira vez que Henry a vê no entanto não parece ser um desconhecido para ela, que parece bem mais entusiasmada por o rever...
Estamos perante um filme que lida com os paradoxos temporais e das viagens no tempo, aqui servido como uma história romântica repleta de situações anormais devido à não linearidade das linhas de tempo diferentes do casal.
O filme segundo se sabe enfrentou varias difículdades para ser concretizado, facto que lhe impôs uma longa gestação e grande atraso na estreia do filme nos EUA (levou anos a estrear e acabou por ser em 2009). Em Portugal foi somente esta semana em 2010... que é quase um ano depois.
Porém o resultado final é para mim bastante satisafatorio sendo mesmo o melhor do filme, todas as questões intrigantes que nele despoletam. A abordagem, tal como o título reflete é nos orientada para a linha temporal dela, que vê o seu amado ao longo de toda a relação em estados diferentes ao longo da sua vida. Conhece-o na infância num estado de homem quarentão, depois jovem e com a evolução do seu crescimento vai conhecendo-o em diversos estados de idade alternados.
E dito isto, apesar de o filme não colocar a questão não deixou de me intrigar o facto de parecer que ela aceitou facilmente viver naquelas condições incertas, uma relação onde o seu parceiro é "variável" pois tanto pode ter 20 anos como 40 ou 30 etc... Se bem que a determinada altura esta componente lhe deu imenso jeito para ela "trair" o marido de forma invulgar.
O filme conserva ainda uma outra parte da história que o conduz para um novo estagio de complexidade envolvendo o desejo de ter um filho e de onde surge uma pertinente conversa médico cientifica. E sim... têm uma filha com muito custo. No geral, as situações foram bem colocadas e das mais curiosas é o dia do casamento, onde várias versões dele salvam o dia.
Henry: I never wanted to have anything in my life that I couldn't stand losing. But it's too late for that. It's not because you're beautiful and smart. I don't feel alone anymore. Will you marry me?
Clare: No. I didn't mean that. I just wanted to try it, to say it, to assert my own sense of free will, but my free will wants you.
Henry: So it's a yes?
Clare: Yes, of course.
Este filme lida com muitos dos paradoxos ligados ao tema e de certeza agradará bastante a todos os que apreciam a temática das viagens no tempo (e aos "Losties" poderá também agradar). Depois de visto o filme, permite-nos juntar todas as peças tais como o porquê de ele querer ver o diário dela, as roupas no bosque, etc, pois torna-se como uma engrenagem que é sempre inteligente ao agruparamos os avanços e recuos da narrativa.
Poderia ser ainda melhor... mas tal como o é, agradou-me por conseguir ser bastante interessante e invulgar.
A ver!
Classificação:
Bom
7,5/10
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