segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

HD: Guerra de formatos físicos...e sem futuro! (parte 1)

O guru tecnológico Carlos Martins publicou um artigo em que reflete esta actual guerra de formatos, entre o HD-DVD e o Blu-Ray para suceder o DVD que tão bem conhecemos, fazendo a analogia com o que se passou com a tentativa de criar o sucessor do CD (outro formato que muito bem conhecemos).
Na altura foram criados o DVD-Audio e o SACD (Super Audio CD), ambos tinham som multicanal 5.1 de alta-definição e anunciava-se que soariam melhor que escutar os instrumentos ao vivo (!).

Em 2001 a Apple revolucionou o mundo musical com a apresentação do iPod. Conjugado com a internet rapidamente mostrou ao mundo que a musica tinha encontrado um formato musical que toda a gente bem aceitou. Na verdade o MP3 (e outros formatos como o AAC e o WMA) tornou-se muito popular pois era de fácil acesso e combinava de forma practica uma forma mais elegante de ouvir música e de a transportar principalmente. No caso da música, a ideia de pôr um CD a tocar em casa estava a se tornar algo pouco atraente e muitos já usavam material portátil para poderem ouvir a sua música onde mais é conveniente ouvir que é em todo o lado.
A Apple inclusive mostrou com a loja iTunes que se poderia ter os mesmos principios comerciais através do net e com um computador. Fez isso bem cedo com um modelo que rompia com o normal pois torna possível obter apenas a música que gostamos como se fossem singles e sem ter de comprar um album inteiro. E Fê-lo de forma elegante e agradável! A iTunes Store é um sucesso e um modelo mundialmente copiado como se fosse o molde de como se devem fazer as coisas.

O mundo do video é diferente da música pois é consumido tradicionalmente no conforto do sofá.
O mundo do video vive actualmente um cenário estranho pois se por um lado queremos mais qualidade, o que tem imperado é a facilidade de obter mais e mais conteúdos. Seja pela TV, pelo DVD ou pela internet com o tão popular formato Divx, o mundo do video tem sofrido imensas evoluções ao nível dos equipamentos  como TVs LCD e plasmas de alta-definição, consolas de video como a Playstation e a XBox e leitores dedicados.
O problema é que não tem tido o mesmo acompanhamento no campo dos conteúdos para ver. E pode-se ainda aliar o factor evolução da tecnologia para algo que apenas é para futuro e não está massificado.

Se muitos lares já têm uma TV preparada para a alta-definição (HD) o que vem acontecendo é que praticamente nada passa neles em HD e muito pouco há para ver. Nem as emissões de TV são nesse formato e os poucos filmes no mercado em HD (quer sejam HD-DVD ou Blu Ray) não justificam emergirmos nesta qualidade de imagem.
A actual TV paga também não emite em HD, até pelo contrário e bem longe disso, pois nem sequer emite usando toda a qualidade das 576 linhas, parecendo as suas emissões pastiches de imagem e som. É que os termos de TV digital não significam alta-definição.
Portanto há pouca justificação mas...

Pessoalmente acho que ninguém quer nada disso, pois na generalidade dos lares portugueses o que impera é um vulgar leitor de DVD ligado de forma simples a uma TV CRT (ou plasma sem resolução HD).
Para agravar ainda mais, a malta prefere imenso o DVD que compram à porta dos cafés e nas feiras que são cópias de filmes de inferior qualidade. Muitos nem distinguem a diferença de qualidade de um DVD original para um gravado.
Conheço imensa gente que tem já largas videotecas deste tipo de "qualidade" de DVD porque para eles continuam a serem DVDs porque o disco é igual.
Quanto ao som 5.1... nem querem saber! A televisão dá muito bem e toca bem. Porque devem ter mais?

Bem a única excepção neste quadro é a televisão: tem de ser o painel bem fino da moda. Aí acabam por adquirir o componente importante do HD sem terem pensado nisso...

Chegamos assim ao ponto de situação que queria chegar: na generalidade o consumidor não quer nada que requeira equipamento sofisticado.

Se um Mp3 soa perfeito... se um DVD pirata é um "must"... se a moda é o LCD/Plasma fino...
...então o caminho correcto não é nem o HD-DVD nem o Blu Ray mas sim o conteúdo a ser disponibilizado pela net!

O acesso á internet tem se massificado, as velocidades avançado bastante (atingindo já os impressionantes 12, 16, 24 e até 30 Mbps e os limites de tráfego sendo gigantes) e já há previsões de atingir vertiginosamente os 100 Mbps este ano em Portugal.
O caminho natural é o conteúdo HD chegar-nos pela rede, para vermos o que quisermos e quando o quisermos ver. Não é à toa que as séries de TV e os filmes em exibição nos cinemas, são os produtos mais descarregado nos torrents e redes P2P.
Se o povo mais entendido está já a fazê-lo porque não levar esta forma ao público em geral e de forma pratica?

(Este artigo não acaba aqui e continuará...)

11 comentários:

Carlos Martins disse...

É isso mesmo.

À medida que mais gente embarcar nos displays HD, e assim que virem com os seus próprios olhos a diferença para o HD, acredito que procurarão conteúdo HD.

Mas nessa altura, havendo as tais ligações de "banda larga" a mais de umas dezenas de megabits, acho que é mais provável que procurem esses conteúdos na net do que corram a comprar discos blu ray, etc.
Ainda para mais com as tangas de que discos futuros provavelmente nem toquem nos leitores "antigos" (com a cena dos profiles blu ray.)

ArmPauloFerreira disse...

Pois na minha maneira de perceber o futuro está na disponibilidade dos conteúdos via net mas o factor principal que mudará tudo continua a ser o ecrãn. Se o LCD for bom e passar nele algo de grande qualidade ou HD a pessoa vai querer continuar a querer ter dessa maneira. Mas nunca se sabe...

Carlos Martins disse...

O problema é que a qualidade é muito subjectiva.

Se mostrares a alguém um filme em HD, e logo de seguida mostrares um filme de "baixa" resolução, toda a gente fica horrorizada.

No entanto, se no dia seguinte mostrares o mesmo filme, as pessoas já não acham tão mal - e passados uns minutos até acham "jeitoso".

A diferença de qualidade só é notória se fizeres comparações "lado a lado".
(isto, considerando um público "normal", e que não esteja ali a analisar os pixeis 1 a 1)

Porque de resto, até há alguns títulos HD que quanto a mim nada trazem de novo em relação a um DVD upscaled.

ArmPauloFerreira disse...

Bem falado Carlos!

Para mim ainda acho que basta ser barato ou de graça que as pessoas gostam muito mais e já nem equacionam o nível de qualidade.
Acho que ainda ninguém se aborreceu com a qualidade dos filmes sacados na net...

Eu fujo disso a sete pés. Prefiro ir á Blockbuster alugar o filme e ver e ouvir em condições. Se fosse ao contrário estaria a trair o meu sistema de home cinema movido a 5.1 com DD/DTS e 44" de cores.
Eu quero é ter sempre mais material estrondoso para o alimentar!!!

JPCarvalhinho disse...

Bom post... mas deixa que te diga...

Neste momento já tens todo o conteúdo a vir via net. O Meo do grupo PT é isto mesmo... o conteúdo é centralizado num servidor codificado e injectado a pedido com uma interface cliente (box)- servidor (Microsoft) via rede IP (internet protocol)... puro e duro.

Quando seleccionas um filme no videoclube do meo, é online que o começas a ver, descarreagado em stream, com uma codificação específica mpeg4 de imagem e som 2.1).

Agora surge o problema principal... não é de meios ou largura de banda, mas de DRM.
Quem tem os direitos para exibir estes filmes. O circuito do cinema, o circuito dos alugueres? a televisão? como gerir estes problemas?

(já agora uma sidenote... a maioria dos filmes alugados na "meostore" são porno-gays... face à facilidade que se pode alugar sem mostrar "a face")

É aqui, tal como na itunes store, que se bate com o nariz na porta. Por isso é que teres um apple tv em Portugal é ridículo... pois não podes ir À appstore alugar conteúdo recente... pois o licenciamento não está autorizado.

Quanto às emissoras de tv, se precisas de investir um euro para fazer passar uma mais valia (qualidade de imagem) que é valorizada em 0,05€ pelos teus utilizadores... porquê investir o euro?
Se 100% das televisões vendidas hoje são 16:9 porque é que nem isto está implementado nas emissões de tv?Fala-se do HD mas nem o formato que tem por baixo é usado!!!!

Quanto ao 5.1 espero que não sejas como o meu vizinho do prédio ao lado que investiu bastante num sistema de alta definição de audio e video, e investiu zero em insonorização... e agora, graças a isto, tenho direito a ouvir as entrevistas do Quique Flores em som HD no meu quarto... mesmo quando estou a dormir...(23h)

Pensa nos outros... é que é mesmo incomodativo!

JPCarvalhinho disse...

Já agora... eu também já fui assim... alugava filmes pois ver divx era ridículo...

Agora, com o vício das séries vistas no ecrã do computador, e com uma filha de 3 anos que não me deixa estar em frente a uma televisão... até prefiro ver divx no portátil!

ArmPauloFerreira disse...

O quanto os tempos mudam JPCarvalhinho. Este artigo já foi desenvolvido há muito tempo (Jan 2008 e tem segunda parte). Practicamente, há um ano e no entanto não deixa de ser pertinente e actual. Era a realidade que sentia até então (2007).

Neste momento acredito muito mais no streaming e mais ainda no ficheiro digital. Se estiverem em condições será exactamente o mesmo só não tem "corpo físico".

O sistema Meo ainda não era muito badalado (mas eu já falava nele em 2007). Actualemente ando a explorar um sistema para adicionar ao home-cinema com semelhanças ao AppleTv (o AppleTv não é realmente o mais indicado por não suportar o divx e também por obrigar a ter os conteúdos no iTunes -que o tornariam gigantesco e lento).
Tem de ser algo que suporte os variados novos codecs (h.264 á cabeça), o divx+srt e que dê para escalar é claro. Também quero ter por lá fotos e algumas mais cenas. Mas o principal é que dê para funcionar em rede (wireless ou ethernet) para ir actualizando/acrescentando os conteúdos. E se possível que faça algo mais.

Há um candidato a isso e que preenche esses requisitos (rede, videos, usb, tem blu-ray, é HD mas também liga por def-standard, dá para fotos, música, net, etc + Karaoke, + jogos, etc) mas ainda não confirmei as capacidades de "multimedia center"... mas sei que dá... estou esperançoso que dê!

E sim, agora vejo imensos filmes e séries em divx, e o aluguer de filmes acabou por ser diminuto.
Também tenho dois filhos, o mais velho com quase 3 anos e levo longas "sessões" de "macacada".
Quanto á insonorização... não fiz é claro! E... o vizinho que se foda às vezes... uma explosão tem de ser uma explosão! (tou a brincar - tenho respeito pelo volume exagerado e normalmente reservo as sessões melhores para as tardinhas... à noite nada de alturas elevadas (bem gostava nas madrugadas mas)!

Gostava de te ver expressar com um artigo sobre estas questões viradas para o home-cinema, formatos, etc...
Obrigado pelos comentários.

Feliz 2009!!!

ArmPauloFerreira disse...

One more thing...

JPC@: Não há necessidade nenhuma de ver o divx pelo portátil... há leitores baratos de dvd com porta USB que ligados à TV fazem o milagre de ver o mundo divx em condições... basdta arranjares um pen generosa e meter tudo lá para dentro.
Dica: organiza as coisas na pen por pastas para cada título (divx+srt): Fotos, Filmes, Séries ou o que mais quiseres (música por exemplo).
É um must baratão e resulta bem... e a pen metes no mac para adicionares mais ou substituires, etc.

Descobre os artigos onde já dei as dicas:
http://armpauloferreira.blogspot.com/search?q=divx

JPCarvalhinho disse...

LOL... estava a matar algum tempo e vim directo para aqui a partir do menu da direita... só para demonstrar que continua mesmo no top... o problema é mesmo ter a tv disponível...daí optar por ver o filme no portátil :) claro que por vezes ligo-o ao monitor externo!

Carlos Martins disse...

Ver filmes num portatil... só consigo se forem filmes "foleirotes" (ou entao documentarios ou outras series que valham pelo conteudo)

Para filmes *filmes*, tem que ser visto em ecrã grande e com som a condizer. :)

ArmPauloFerreira disse...

Partilho da mesma opinião mas há ocasiões onde realmente a Tv principal está bem ocupada para os pequenos...
Cada tem de se safar como pode!