sexta-feira, 25 de setembro de 2009

007 Quantum Of Solace, Mirrors, etc... nos canais TVCine (Set09)

Esta semana vamos assistir a um acontecimento histórico nos canais TV Cine:
pela primeira vez vai ser exibido um filme de James Bond.


Sim! Até parece impossível como pode um canal de cinema nunca ter por lá passado um filme do famoso agente 007.

Mas a verdade é que nunca lá passou, de certeza que devido a contratos de exclusividade (imagino que feitos pela SIC). Pois... já todos devem ter notado que a SIC é quem habitualmente exibe -ou maltrata?- os filmes de James Bond.
Recordo-me de ver a estreia em TV nacional do "Casino Royale" na SIC a uma Segunda-feira... ao final de tarde... como contra-programação para concorrer com a série juvenil "Morangos com Açucar" da TVI. Isto passou-se aqui há um ou dois anos atrás... Mas enfim, adiante.


"Quantum Of Solace", inaugura então a saga Bond na TV Cine!
Curiosamente, para as normas habituais dos canais TV Cine, é até exibido mais cedo que o normal...

A razão será por ser agora um "conteúdo" da ZON. Quando o filme estreou o ano passado em Novembro nas salas de cinema, anunciado aqui no blog obviamente, pareceu-me na altura ter visto a marca ZON associada ao lançamento. A ZON já na altura começava a resolver o problema e a opção de pegar já no que está a chegar foi tomada. Sinceramente ainda bem, pois assim James Bond tem finalmente a honra de ser visto já hoje num canal TV Cine... e logo a estrear em emissão HD!


"Quantum Of Solace" é um bom filme da renovada saga de James Bond, sendo este o primeiro que dá continuidade aos factos passados num filme anterior.
Bond continua a investigar as ligações secretas daquela por quem se apaixonou no filme anterior, o "Casino Royale" (um dos melhores filmes deste agente que faz ao mesmo tempo o reboot á saga) e que teve o fim trágico de morrer para salvar Bond, que depara-se assim com uma nova situação, e tenta desmascarar uma organização criminosa (relacionada com a sua amada), cúmplice de um falso ambientalista, que quer apropriar-se das reservas de água.

Este não é o mesmo Bond encarnado por Sean Connery ou qualquer um dos sucessivos actores que foram surgindo. Na verdade, quando pela primeira vez vi os teaser e primeiras imagens do novo actor, Daniel Craig, a fazer de Bond, fiquei sempre com a sensação que a saga tinha batido no fundo de vez. Mas a verdade é que não aconteceu e talvez mesmo pela 1ª vez temos um 007 de acordo com o seu estatuto de agente-secreto.

Concordo com a nova abordagem, onde este terá de ser alguém muito capaz para as missões que assume: alguém que mesmo sendo inteligente e com vários recursos, terá sempre de contar com os imprevistos das missões e a partir daí improvisar sob qualquer custo para se safar, sempre com sangue-frio e impiedade à mistura. É preciso não esquecer que estamos na presença de alguém que faz os serviços sujos dos poderosos, alguém muito no caminho daquilo que é um assassino contratado.
É assim que começa a saga com Daniel Craig em "Casino Royale", onde este nos entrega a personagem muito mais realista e afastado daquela espécie de super-herói que fomos vendo desfilar até aqui.

Este Bond está de acordo com a visão do séc.XXI tem os seus momentos brutos, irracionais e de muito improviso para conseguir os seus objectivos e ao mesmo tempo salvar a sua pele. É um agente que sofre na pele de verdade (a cena da tortura que sofre é mesmo impiedosa e brutal, acabando mesmo hospitalizado). Até em situações difíceis nada acontecia e ainda tinham tempo de ajeitar o nó da gravata (Pierce Brosnam tem cenas dessas...).

Também correctamente consegue este 007 novamente reclamar o seu lugar de importância neste género de filmes, onde nos últimos anos tem sido ofuscado com aventuras mais realistas de outros agentes, tais como a magnifica saga da trilogia "Jason Bourne" (com Matt Damon - curiosamente as iniciais deste agente são também J e B) e até mesmo o 1º triple-X em "xXx" (2002), onde Vin Diesel deu-nos um Xander Cage impressionante e com habilidades "radicais". Ambos faziam envergonhar em credibilidade o Bond de Brosnam.
Este novo James Bond está então em sintonia com os novos tempos, com não menos charme ou estilo mas finalmente como se fosse mesmo uma pessoa real e com uma profissão perigosa.

Por fim, e não menos importante, "Quantum of Solace" chega-nos com uma magistral canção interpretada de Jack White com Alicia Keys, constituidno também uma outra novidade no mundo bondiano: este é o 1º dueto numa canção para um filme de 007. Recordar aqui o video de "Another Way To Die" e muito mais, revendo o artigo "Música da semana: o som de James Bond".

Obs: Só é lamentável ver chegar James Bond aos canais TVCine mas descontextualizados. Teria sido muito mais impressionante esta exibição se fosse antecedida pelo filme anterior. Assim, é um 007 vindo do nada e radicalmente diferente. Mas compreende-se... à partida já todos os interessados o viram, sendo que este é que se constitui como novidade efectiva.

"Quantum of Solace" é um bom filme (apesar de "Casino Royale" ser ainda melhor) e altamente recomendado.



Também estreiam durante o fim-de-semana:

Sábado 26, "Chrysalis - Um Futuro Próximo" e "Espelhos / Mirrors" com Kiefer Sutherland.
Domingo 27, a comédia com Mike Myers "O Guru do Amor".

2 comentários:

João Sousa disse...

Nunca cheguei a ver um dos Bond de Daniel Craig. Mas há uns tempos troquei emails com um conhecido e repesco aqui um excerto de um deles:

"Tinha alguma curiosidade em ver o novo Bond. Apesar do Casino Royale ter passado há uns meses na SIC, não vi senão uns pequenos excertos. Consta que anda meio mundo a dizer que Daniel Craig é o melhor Bond desde Sean Connery - e outro meio mundo a dizer que é o melhor incluindo Connery.

Não vou comentar porque vi apenas uns excertos e aquilo que os magazines promocionais têm mostrado na televisão. O que vi fez-me crer que me venha a incluir pelo menos no primeiro grupo. Mas tenho que ser justo: mesmo que ele seja um melhor Bond do que Sean Connery, também é verdade que o Bond que lhe puseram à disposição é um melhor Bond do que aquele que Connery alguma vez teve."

ArmPauloFerreira disse...

"Mas tenho que ser justo: mesmo que ele seja um melhor Bond do que Sean Connery, também é verdade que o Bond que lhe puseram à disposição é um melhor Bond do que aquele que Connery alguma vez teve."

Ora bem... Daniel Craig fez um Bond que nem sequer dá para comparar aos outros porque é uma mudança de registo radicalmente diferente. É uma mudança que também é um sinal dos tempos. Nunca este Bond seria assim apresentado na época de Sean Connery... ao mesmo tempo que o próprio Bond de Connery já não faria sentido nos tempos de hoje. No séc. XXI quer se mais realismo nestas personagens.

Se pensarmos bem os filmes Batman de Chris Nolan representam isso mesmo e a ameaça do horror é sentido mais verdadeiramente devido ao realismo contextualizado.

O mal da saga Bond, foi que se foi mantendo ao longo dos anos a mesma caracterização da personagem: um agente secreto quase super-herói, sempre charmoso e sedutor, e munido das mais loucas invenções.
O Bond de Craig no 1º filme não tinha nada disso: ele finalmente mostra-se até um brutamontes impiedoso e sempre a improvisar as situações e normalmente até sem pensar nas consequências dos seus actos. Ele só se quer é safar. Um 007 de choque e de alto contraste para tudo o que foi visto até ele chegar. Nada de martinis cheios de esquisitice... ele bebe qualquer coisa! E só no fim do filme é que ele passa a dizer "Bond... James Bond!" (que é quando ganha o atributo de agente 007).

Eu gostei mas há quem não aprecie também e queria o Bond conservador de sempre...
Ao segundo filme Bond já está um pouco mais institucionalizado mas continua ainda o mesmo músculo ao serviço visto em Casino Royale... este 007 faz todo o sentido!
Venham mais assim...