quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Memórias de uma mudança de workflow (XPress, Freehand, Illustrator e InDesign)

Num artigo anterior (há semanas atrás) anunciei o upgrade do QuarkXPress 8.1, aplicação que deixei de usar há muitos anos.

Aliás pouco a usei verdadeiramente e desde que passei a usar o InDesign 1.5 em detrimento do XPress há muitos anos, que nunca mais a vi. E isto trás memórias antigas...


Na realidade o uso profissional que dou a este tipo de programas DTP (desktop publishing) é até muito básico, pois não é mais que usar uma frame para colocar no seu interior um ficheiro eps, inserida num esqueleto de página pré-concebido para realizar as imposições (repetições do mesmo assunto ou não). Por vezes tem algumas páginas (poucas) e com pouco recuros a imensas das ferramentas que estas aplicações têm.

Todo o serviço de pré-impressão está já totalmente concluído no ficheiro eps, de Illustrator ou FreeHand, pois são as aplicações vectoriais que uso fortemente.


Era uma vez, há uns anos atrás...

Na altura em finais de 90, ainda usava quase em exclusivo o FreeHand para practicamente tudo e inclusive se fazia nele a imposição do plano total de impressão. O relacionamento com o FreeHand data já desde a versão 3 e foi evoluindo até á versão derradeira, a MX.
A década de 2000, chegou e um melhor programa vectorial (que o Freehand) sentia-se urgente. Foi quando adoptei o Adobe Illustrator 9... mas já lá vamos!

Até então o uso do XPress, para o tipo de trabalho profissional necessário à empresa não era muito importante. Em parte porque o FreeHand também tinha imensas características de aplicação DTP: multipáginas desde a versão 4, entendia-se muito bem com os RIPs das imagesetters, lidava bem com texto e paletes de cores (que permitiam efectuar alterações rapidamente e suportava spot colors muito bem).

Manter o XPress para tão pouco uso e notar que a evolução do FreeHand mais parecia estar a estar a andar-para-trás (evoluiu mas para a net em detrimento do mundo gráfico) manteve-me na procura por uma aplicação de DTP boa e eficaz mas muito mais acessível financeiramente para a empresa.

Ao mesmo tempo fez-me interessar cada vez mais pelo Illustrator, na altura a versão 8 era muito semelhante ao FH8. Uma segunda razão que observava era o facto de a maioria das aplicações gráficas terem suporte directo para Illustrator mas não para Freehand.
Se alguma vez notaram, as aplicações (por ex: o CorelDraw) conseguem exportar para o formato ".ai" (Adobe Illustrator) mas não para .fh.
Ora o uso do Illustrator como aplicação principal ganha a enorme vantagem aumentar a compatibilidade: quase qualquer aplicação se torna nossa amiga neste aspecto. Ora, nesse aspecto, o FreeHand parece nunca ter tido muitos amigos.


A adopção do Illustrator...

A decisão na altura saiu revigorada pela necessidade de actualizar o Photoshop cá da praça. Optou-se por adquirir o Adobe Design Collection (isto na altura, claro).


Ora este pack trazia já o Photoshop 6, o Illustrator 9 e o InDesign 1.5 mais o Acrobat (na altura o PDF era ainda um outsider). E foi assim mesmo, de uma só penada passamos a contar com uma boa aplicação de DTP e de uma mais acertada aplicação vectorial.

O interesse pelo Illustrator 9 foi precisamente pelo número de melhores ferramentas que passou a ter nessa versão, especialmente aquelas que envolviam transparência e efeitos considerados impossíveis para as aplicações vectoriais. Especialmente porque essas mesmas ferramentas reduziam o uso de links externos de Photoshop. Era um grande contraste com a versão anterior, o Illustrator 8, que basicamente era igual ao Freehand 8.

Um dos factos que se nota logo ao usar (mais) o Illustrator (que o FreeHand), foi o facto de os links externos serem somente verdadeiros links da imagem como ela é de origem, ao qual se integrava excelentemente bem no AI9. Aplicar efeitos num grupo composto por elementos vectorias/imagem, como feathers, drop shadows, blurs, etc... era de uma facilidade inacreditável.

Com o Freehand o que sucedia é que gradualmente, a maioria das criações que fazia, eram quase feitas na totalidade no Photoshop. Quer porque se era necessário adicionar uma drop-shadow aqui ou ali... um feather ou glow aqui ou ali... que mesmo sendo apenas em simples zonas, para se os ter concretizados junto dos restantes elementos vectoriais, envolvia quase a totalidade do layout ser exportado para Photoshop para lá se refazer quase tudo.
Assim, o que constatava era ver o FreeHand a lidar com a importação de um link bem grande de um layout quase completo em imagem de pixels, onde restava à actuação do Freehand á colocação de meros textos, um ou outro logo e demais detalhes vectoriais muito banais.
Isto não fazia sentido nenhum... até o CorelDraw no Windows conseguia fazer impossíveis.
Daí que a decisão de migrar para Illustrator como a real aplicação vectorial foi a decisão a tomar.

Toda a decisão foi tomada em bom tempo, pois permitiu que o Illustrator fosse crescendo e ganho hábitos com ele. Ao mesmo tempo, se percebeu que a melhor forma de fazer imposições não poderia ser nele e mudamos para o método Illustrator(ou FreeHand) eps + InDesign.

O RIP da imagesetter também agradeceu pois é bem diferente de enviar do FreeHand, uma página enorme com imensos elementos iguais repetidos (todos têm de ser processados uma um, que fazem arrastar os RIPs), do que o método de imprimir pelo InDesign onde se tem uma frame a ser repetida várias vezes mas que no seu interior contém uma única informação que surge de um único externo link eps para processar.
O XPress nunca mais foi usado e gradualmente se passou a usar mais Illustrator que FreeHand também.

Foi uma grande vitória, porque tudo isto aconteceu antes de a Adobe comprar a Macromedia e ditar o fim á aplicação Freehand MX (que ainda vai resistindo...).

Actualmente acompanho, obviamente, as Creative Suite da Adobe (aliás... deve estar para breve a saida da CS5, pois a CS4 está a caminhar para o prazo dos 18 meses vida).


São memórias de uma mudança de workflow... muito calma.
Pelo meio ainda sucedeu outra migração: de Mac OS 9 para Mac OS X. Esta também deu que fazer... talvez um dia recorde um pouco as memórias dessa migração. Por agora, fiquemos por aqui e olhemos para a frente que amanhã há sempre um novo dia... e novas coisas.



Consultar também mais sobre aplicações vectoriais aqui no blog:
Onde anda a guerra vectorial no mundo Mac? (parte 1 de 2)

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