terça-feira, 7 de julho de 2009

O "Real" Rei Cristiano Ronaldo: de CR7 para CR9


O rei do futebol, Cristiano Ronaldo, chegou a Espanha e apresentou-se no estádio do Real Madrid. O estádio estava cheio mas não era para ver um jogo. Era "apenas" para ver aquele que é o melhor do mundo do futebol, só que desta vez finalmente vestido com o equipamento do Real Madrid.
Estavam lá 85 mil pessoas para o ver.
Apenas para o ver...

A cobertura televisiva foi também de arromba. A SIC deu-se ao luxo de o jornal das 20h ter sido durante 50 minutos seguidos apenas e só sobre Cristiano Ronaldo. Os outros canais também transmitiram quase tudo...
Eu vi... por puro deleite ou por transe de massas... mas vi e não quis perder nada também.


Outras observações...

Diz no jornal i: Ainda não jogou e já esgotou o Estádio do Real

"Cristiano Ronaldo. Num palco e num estádio enorme, inveja de qualquer estrela rock, ao som de Xutos & Pontapés ("Minha Maneira") e a passear aquele sorriso pleno, genuíno e real de satistação como se toda a sua vida tivesse sido planeada para chegar ali. "Cumpri o meu sonho de criança, jogar em Madrid", disse, entre um beijo a uma criança, um autógrafo a outra, o punho fechado a bater no peito sempre que via uma bandeira portuguesa."

(...)

"Cristiano Ronaldo. O reforço que pulverizou a apresentação de Kaká (50 mil) e igualou a de Maradona em Nápoles há 25 anos. A cara de um clube, de um segundo projecto galáctico. E a quem os adeptos, entre a "hola" e os delírios mais normais de um jogo épico, pediam o triplete: campeonato, taça e Liga dos Campeões."



Diz no jornal Público: Muitos elogios e 85 mil na recepção em Madrid

"Já ninguém pensa em remunerar com fama os cientistas, ou os músicos, até num país, como o nosso, que tem entre as suas poucas glórias o facto de eleger um poeta como símbolo do seu dia nacional. A vida não se faz apenas de altos desígnios, da grandeza da ciência ou da genialidade das artes. A vida faz-se também com paixões prosaicas como as que os grandes dribles ou remates de Ronaldo proporcionam. Mas uma coisa é exaltá-lo no seu palco, no relvado onde exprime o seu talento. Outra é pegar nesse talento para o transformar numa espécie de Deus vivo cujos gestos mais ínfimos têm de merecer a nossa atenção.

O que hoje se viu na multiplicação de directos de Ronaldo é o aproveitamento de um génio para chegar a uma criação artificial que rende audiências e, por causalidade, dinheiro. Muito dinheiro. Nada disto seria censurável se o peso do exagero não convertesse o desfile num episódio que suscita asco e lamento.

Ronaldo não tem culpa, nem o Real Madrid, ou, com alguma complacência, as televisões. Quem tem, afinal, culpa é a cultura dominante que cada vez mais relativiza o essencial e se deleita com a imbecilidade. Oitenta mil em Madrid para ver Ronaldo no Santiago Bernabéu e mais uns milhões a seguir pela TV
(...)"
(De saudar a coragem do Público em se afastar da concorrência ao não ter a capa com grande destaque à apresentação do jogador.)


Tudo isto serve para reflectir sobre o estado das coisas. Se por um lado é positivo ver alguém triunfar desta maneira também acabo a pensar se não se terá agora sim Ronaldo se transformado na própria vitima das armadilhas dos novos tempos.

É que Cristiano Ronaldo é o resultado da boa cultura e conjectura vivida em Inglaterra.
É um jogador que foi melhorado e transformado naquilo que é hoje mas dentro dos moldes da cultura técnica do Manchester United, clube que o protegia e propiciava a ampliação dos seus feitos.
Todos nós portugueses, já vimos bem o que acontece a Ronaldo quando se insere numa equipa que não o cuida mas que apenas quer só o melhor dele: nesse quadro ele não rende nada.
Já se percebeu isso na selecção...

Penso que ele saiu de um ambiente totalmente controlado e foi parar num outro totalmente descontrolado e que apenas sabe exigir mais e mais.

Fiquei também preocupado por lhe darem a honra da camisola 9, que pertencia ao mais ilustra jogador do Real. Cristiano passa assim de CR7 a CR9, e carrega nas costas o peso desse número.

Uma coisa tenho como certa: Cristiano não é o Figo, que era de longe muito mais jogador que ele e alguém de respeito e até mesmo um exemplo de pessoa e jogador. Talvez Káká esteja mais na linha do que representa Figo que o próprio Cristiano Ronaldo.
O que ele CR9 tem em comum com o Figo é o facto de ser ousado dentro de campo, de acreditar e ser uma peça chave na desestabilização do jogo e fazendo uso dum desfile de magia única que só os grandes têm.
Ele, CR9, é grande dentro das 4 linhas mas fora delas é um bronco inculto, um azeiteiro super arrogante e de ego insuflado, que faz as delicias do mulherio que procura a fama pela cama.
Mas é rico... e agora tornou-se o rei do futebol de Espanha... e do mundo.

Depois de uma consagração destas, sem ter ainda feito nadinha pois apenas chegou a Madrid, como será o futuro do CR9 quando a máquina madrilena não produzir que os resultados que desejam?
Quem vai ser o bode espiatório para atribuir as culpas?

3 comentários:

Nuno Pereira disse...

A Maquina "Madrilena" tem que trabalhar muito bem fora dos relvados, se o fizer, então dentro do relvado os Galacticos vão arrasar...

Anónimo disse...

Acho ele apenas um bom jogador, mas nada além disso. Inclusive, acho o próprio Kaká um bom jogador também, mas não craque.
Acho o fato dele escolher somente "Ronaldo" e o número 9 para a camisa, uma demonstração clara de sua arrogância. R9, só existe um, e infelizmente joga no Corinthians aqui no Brasil...

Acho sim, impressionante a capacidade do Madrid em gerar dinheiro com seus galáticos. Um exemplo de marketing esportivo!

João Sousa disse...

Eu sempre tenho dito que uma grande diferença entre o Cristiano Ronaldo e o Figo está dentro da cabeça. Quando Figo fala, vemos que há algo ali dentro, mesmo que ele não seja muito expansivo. Quando Ronaldo fala... nem por isso.

A diferença entre os dois também está bem patente no modo como cada um tem gerido a sua vida particular. Ronaldo tem mostrado um enorme deslumbramento com o seu sucesso, parecendo estar a acreditar na sua própria lenda. Agora que ele sai do ambiente mais controlado do Manchester, veremos até onde isso vai influenciar o seu desempenho.