terça-feira, 7 de junho de 2011

Evento Apple: WWDC 2011... as novidades principais

Ontem ao final da tarde (PT) foi o grande dia da apresentação da WWDC'11.
A Apple conduziu mais uma das suas persuasivas apresentações dirigidas aos programadores (developers) do universo Apple e também piscando constantemente o olho aos mais comuns utilizadores Apple, incitando ao desejo por estas novidades.

No essencial as novidades assentam em 3 tópicos:



- OS X Lion:
O 10.7 foi apresentado, ficou-se a saber que o termo "Mac" sai e agora se chama apenas "OS X" Lion and so on, foram vistas algumas das suas potencialidades (não é por nada mas a que mais me cativa são as melhorias na Mail.app... belissima finalmente) e mais importante de tudo é que estará disponível em Julho por 30€.
Disponível mas até neste pormenor se dá um passo de enorme regulação na informática: disponível só por download na loja Mac App Store... e o resto já se imagina! (A segunda, depois dessa primeira "questão com pala no olho" que estão a imaginar, é que não deve requerer a reparação eficaz de permissões pelo DVD. Se não o há...).
Também haverá versão Lion Server por $49...

- iOS 5:
Era  muito badalado para esta WWDC, que é dedicada ao software e programadores, um vislumbre da próxima versão do iOS. A versão 5 parece não querer baixar o nível à concorrência, e se não só introduz imensas novidades, também desta vez presta atenção a corrigir características que no iOS nunca estiveram bem.
A mais visada característica do iOS a nível de critica negativa eram as notificações... e a Apple refez todo o sistema criando só para o efeito a Notification Center, que colmata muitas das necessidades e criticas; nas novidades registe-se a integração do Twitter pelo iOS (tornando mais simples fazer um twit dos nossos dados, conteúdos e em muitas aplicações). Contudo, no meio de tantas novas virtudes, a mais pertinente feature é o iOS5 desta vez passar a ser "PC-Free", ou seja livre de computador para activar e outras funcionalidades (incluindo sincronizar por Wi-Fi), tornando os dispositivos com iOS5 independentes pela primeira vez... o que dá muito para pensar e reflectir nesta movimentação da Apple.

- iCloud:
Há muitos anos que se vem alimentando a ideia que o iTunes passaria a ser um serviço baseado na "cloud"... e não é que desta vez a Apple o fez. A Apple faz a sua abordagem ao uso da cloud, fazendo com que sirva não só os dispositivos Apple como também o Mac e os PCs. Desenganem-se quem pensar que o iCloud é um mero serviço on-line como se um mero disco externo on-line se tratasse. É vai muito mais longe e funciona sem se dar por ele e integrado nos equipamentos Apple discretamente.
Substitui ainda o serviço MobileMe e gratuitamente...
Nem alimentava mais a esperança de ver isto em 2011 mas a verdade é que a Apple contornou algumas das imposições que também me deixavam a pensar como resolveria, especialmente a música. Para isso sairá uma nova actualização ao iTunes, que passará a incluir iTunes Match, que verifica as nossas canções com as existentes na iTunes Store deixando de sobrecarregar tanto a cloud ao se servir das faixas já existentes na iTunes Store. É uma inovação tremenda o uso unificador de uma cloud mas não deixo de ficar a pensar nos tarifários de dados e no tão pouco plafond se tem disponível...



Por fim, há uma evidência desta WWDC'11 que mereceria ser reflectida:
Steve Jobs disse: "We’re going to demote the PC and the Mac to just be a device."
Acho isto tremendamente preocupante...

Tudo tem estado em marcha há algum tempo. Macs e iPhones e iPads... representam para a Apple um nova visão da computação, são meros terminais do utilizador que passam pelo controlo absoluto da maça. Hummm... sistema operativo por descarga mediante uma loja onde se lhe colocam credenciais pessoais para se o ter, serviços na cloud... bastará um dia deixarmos de ter net ou não poder pagar, ou não ter um cartão VISA que... nada teremos.

4 comentários:

João Sousa disse...

Esta é uma enorme keynote, são quase duas horas para mastigar. Como ainda só vi a parte relativa ao Lion (justificação: Space1999 na RTP-Memória), vou-me limitar a este.

- ocultação de scrollbars: não sei se será uma boa solução de UI. Uma das funções das scrollbars é, precisamente, mostrar ao utilizador que há mais conteúdo do que aquele visível. Se elas só aparecem com o movimento de scroll, fico insatisfeito. A ser assim, faria mais sentido fazê-las visíveis com qualquer movimento do rato, ou simplesmente torná-las translúcidas e menos intrusivas.

- launchpad: interessante. Mas não estamos a correr o risco de complicar com UIs sobrepostas? Algo que sempre me agradou no OS X para infófobos é a obsessiva simplicidade de uso - um botão no rato, lembram-se? Agora, quase sinto necessidade de uma cábula só para acompanhar todos os multigestos.

- resume: perfeito. Com uma excepção: fechar à pressa o browser com pornografia perde a sua eficácia…

- autosave/versions: ainda bem, esta é muito a minha forma de trabalho, em particular no Photoshop. Em escrita, nem tanto, até porque tendo a rascunhar em papel.

- Airdrop: quero aguardar para ver como funciona no mundo real. Tal como nos foi apresentado, pensei se não corremos o risco de ver, quando ligados numa rede pública, o nosso Mac identificado em todos os outros - um pouco como acontece com as gentes que não sabem desligar o bluetooth do telemóvel. Tem de existir um processo de limitar à-priori o comportamento desta funcionalidade. Talvez limitá-la a determinadas redes wifi.

- Mail: soluções bastante elegantes para as buscas e o conversation-view.

- AppStore: podermos configurar o OS X para apenas permitir a instalação de aplicações via AppStore seria uma grande barragem contra malware. Também (não) me espanta o pouco destaque que tem sido dado ao sandboxing. Mas fiquei com uma dúvida: este é válido apenas para aplicações instaladas via AppStore, ou é válido para qualquer aplicação "empacotada" - característica obrigatória na loja? O que vi ou li não é conclusivo.

- Fullscreen: merece-me um texto dedicado, até por ser algo que me está próximo.

ArmPauloFerreira disse...

É enorme sim!

Quanto ao OS X Lion, que a Apple agora já nem dennomina de "Mac", parece-me interessante mas sinto-me a ficar ultrapassado com um sem fim de features que no momento não lhes vejo tanta importância assim.

Acho sim é que o Lion é a preparação para algo que a Apple tem em marcha e que só percebermos bem daqui a uns 2 ou 4 anos.

O Lion parece-me o precursor do próximo nivel de computação, que me parece vir a ser a mescla entre Mac e iPad, sem rato e todo por toques. O MacBook Air de 11" é já um protótipo nesse sentido... para nos irmos habituando e com pertinência na ultra-portabilidade (não vejo futuro nos Macs desktop... mas siom nos gigantes monitores externos e a Apple fez tudo bem neles).

É por aí que vejo como pertinentes e mais valias muitas destas inovações: Fullscreen, Airdrop, resume, launchpad, ocultar as barras, AppStore, iCloud, etc. No fundo o Lion é para nos irmos habituando com os conceitos da fase seguinte. É o que acho.

Obviamente, que algumas novidades são para o momento. A renovação da Mail.app é importante e (lá está) dá o feeling do uso no iPad.
O resume e o autosave (com versões): é uma boa adição ao potencial do Time Machine.

Uma das inovações que vejo muito interessantes é por o Lion "simples" já conter muitas caracteristicas de Server, que para um pequeno grupo pode até deixar de necessitar de um Lion server efectivo.

João, obrigado pelo teu artigo (quero dizer "comentário").

João Sousa disse...

Vejo, por essa internet fora, os nerds muito preocupados com a expressão "despromover o pc para ser apenas um dispositivo", como se Jobs pretendesse impedi-los de usar a linha de comando, um compilador ou um editor de texto. O que a Apple pretende dizer é que não mais o pc será um ponto imprescindível na nossa infraestrutura digital - como armazenador de dados. É um slogan publicitário, como a "abertura" ou o "do no evil" da Google.

Sem dúvida que iremos assistir a uma influência mútua entre o iOS e o OS X. Duvido, no entanto, que cheguemos à aglutinação de ambos - pelo menos no futuro imediato. A não ser que a Apple decida prescindir das suas gamas de computadores. Mas não estou a ver isso acontecer, até por serem dois conceitos de uso distintos. Um designer, por exemplo, precisa de resoluções elevadas e do ponteiro do rato no ecrã para trabalhos de precisão. Um programador terá necessidade de um teclado e de um equipamento com um grau de liberdade que a Apple, notoriamente, não parece disposta a dar aos seus pods/pads. A solução apresentada pela Microsoft para o Windows 8 - dois interfaces em paralelo - parece-me evidenciar a distância que ainda separa a computação de toque e a computação de teclado/rato. Eu desafio qualquer pessoa a usar o Excel num tablet durante uma hora - sem se tornar um perigoso psicopata depois disso.

Parece-me também evidente que estas mudanças no interface do Lion são optimizadas para portáteis, em particular até 15". Mas o conceito fullscreen vai-se deparar com uma dificuldade: nem todas as aplicações escalam bem para resoluções elevadas sem um escalamento automático das fontes.

Expanda-se o editor de texto num monitor com 1920px de largura: sem aumentar a letra, é absurdo. Duvido que o Mail, num ecrã com mais de 1600px, seja uma boa opção com o tamanho de letra predefinido: as linhas tornam-se demasiado longas. E uma página de internet no Safari parece perdida num iMac de 27". O fullscreen, para ser uma experiência perfeita, obrigará a um redimensionamento automático e inteligente dos conteúdos - um pouco como já vem fazendo a função Reader do Safari.

[Eu penso, até, que uma resolução 1920x1080 ou superior torna-se menos produtiva para um utilizador ocasional. Gostaria imenso de ver um iMac menor, com ecrã de 19" 1440x900, como entrada de gama.]

É curioso: à medida que estou a escrever isto, começo a perceber como a Apple está a redireccionar as suas gamas de equipamentos. O Macbook Air é puxado para a gama de entrada, a par do iPad, dirigido ao consumidor. Os Macbook Pro são pensados como equipamentos profissionais. O iMac, cada vez mais, está sendo visto como uma workstation (de entrada os menores, de média-gama os maiores); e o Mac Pro mantém-se como workstation de topo.

ArmPauloFerreira disse...

Belo post... corrijo, belo comentário.
Vês... acabas por ir ao encontro das minhas observações sobre o desenvolvimento do Lion. Igualmente também nas observações acerca da gama de computadores Apple. É exactamente assim que penso. Continuo a achar que o Air acabará por ser o paradigma de portátil. Leve, simples, pequeno... e mesmo assim a permitir muito mais com um valente Cinema Display (a ficar como um iMac).

Quanto ao fullscreen... todos os que usam um portátil têm a necessidade de ter mais área. Quem usa um iMac (como eu, em casa e no trabalho) parece-lhe ridiculo usar janelas a ocupar toda a área de ecrã. Normalmente tenho-as a "flutuar" no ecrã juntamente com outras a par... e aqui o Exposé é o maior aliado.

Um iMac de 19" com essa resolução acho desnecessário. Já há o de 21" e colmata bem essas necessidades (mas entendo, ele tem alta resolução - full HD).
A Apple que meta mas é os equipamentos com menos uns 150€ cada Mac que já seria o maior desenvolvimento que fariam...