Compreendo melhor as razões de a outra série de J. J. Abrams, a Fringe, andar tão “simplezinha” e arredada do seu tema principal, o dos mundos paralelos (temática agora algo semelhante que se vê em Lost). É que assim a sensação de impacto deixado em Lost torna-se maior, se a série Fringe esquecer um pouco o assunto momentaneamente.
Actualmente, a série Fringe (2ª temp) mudou e tem seguido uma linha (e situações) semelhante a uma outra série que tinha arrancado na mesma altura quando Fringe estreou em 2008. Refiro-me à "jeitosinha" série “The Eleventh Hour”, cujo foco se dedicava a lidar com casos anormais e sempre relacionados com situações provenientes do uso abusivo da ciência. A série funcionava em torno do estilo "caso da semana", sendo que a meio da temporada ainda veio a ganhar um novo fôlego (com a adição de uma personagem divertida e muito útil) e um esboço de uma linha narrativa um pouco mais continuada (o que a fez valer de uma boa recta final)
A "11th hour" não veio a ser renovada (cancelamento) e parece que a equipa da Fringe decidiu-se em pegar no mesmo filão deixado pela tal série referida.
Assim passou-os para os episódios "fillers de temporada" que tem apresentado até aqui, casos que na verdade não ligam directamente com a trama principal de Fringe... mas entretêm bem.
O que tem sido apresentado são casos, ainda que interessantes, resolvidos no mesmo episódio. Deve ter sido uma decisão para as audiências não se sentirem tão obrigadas a ver o que passou antes.
Portanto, Fringe tornou-se um procedural, de episódios soltos à lá CSI e onde por vezes lá se alinham ao que mais interessa na trama sobre o mundo paralelo. A 1ª temporada já era assim (mais ou menos a cada 4 episódios haviam momentos altos) mas os episódios de preenchimento contribuíam muito mais com as deixas finais. Fringe continua mesmo assim a ser uma série interessante de seguir… mas admito também que poderia ser melhor.
A "teoria da conspiração" que desenvolvi é que há algo mais nestas mudanças em Fringe (que até vai novamente parar durante umas) pois mais me parece claramente intencional para que não haja mais nada de demasiado entusiasmante para que a chegada de Lost ganhe mais impacto ainda.
Como agora Lost, além da sua abordagem invulgar ás viagens no tempo, ao também se passar a acção numa outra dimensão, passou a ganhar uma nova interpretação da narrativa.
Assim encaro estas situações (positivamente) como "culpa" do grande J. J. Abrams, e os seus argumentistas, por terem feito o filme "Star Trek" 2009 (o “novo” 1º filme da saga). Como já andam até a alinhar a história da sequela do filme Star Trek, as ideias descartadas andam a parar nas séries… só pode. E ainda bem, pois ao menos o brainstorming deu pela segunda vez uma nova vida a Lost. Uma vida ainda mais sci-fi e de autêntico quebra-cabeças
É que agora está presente em Lost, uma ideia claramente derivada do reboot de Star Trek, onde uma acção ou as opções que se "escolhem", conduzem à criação de uma nova realidade paralela. No fundo escolher A ou B, faz-nos acompanhar ambas as possibilidades, estando ambas a acontecer e ambas serem válidas mas em conflito (se o "destino" está decidido acabarão por ter um mesmo desfecho). Falta-nos perceber como é que ambas as realidades se vão cruzar.
Para terminar, até adiantaria que não estaremos bem na presença de realidades paralelas ou alternativas mas sim perante um outro paradoxo que é o das realidades tangentes e imagino que o cruzamento/fusão de ambas trará a possibilidade da redenção às personagens (à lá "Donnie Darko").
2 comentários:
Não penso que a culpa seja do JJ. A palavra-chave é o nome Damon Lindelof, que está à frente de LOST desde a primeira temporada juntamente com Carlton Cuse. O Damon foi produtor executivo do Star Trek e é também o escritor do Star Trek 2. O problema de Fringe não está em querer dar ênfase a outras produções, a Bad Robot tem todas as capacidades para fazer uma série fantástica.
O problema de Fringe é que os melhores escritores estão todos nas outras produções. O interesse do JJ também já está virado para a sua próxima série ("Undercovers", penso eu) e talvez ele deixar Fringe ao encargo de uma equipa (mais) criativa fosse a melhor solução.
Abrams tem muito jeito para lançar grandes séries, mas cada vez mais me convenço que quanto mais cedo ele se afastar, melhor. Deixou Lost ainda na primeira temporada (ficou apenas como produtor executivo) e a série chegou onde chegou. Mas Fringe, sinto que corre sérios riscos de acabar como Alias, quando já ninguém estiver a ver...
Eu e as minhas teorias de conspiração... dá em pensamentos como os que expressei aqui.
Sim o sucesso de Lost é desses dois realmente por terem conseguido levar a série onde chegou. E acredito que Lost chegou a este ponto devido ao brainstorming deles todos para os filmes Star Trek. É que o Star Trek lá que foi introduzindo estas matérias e ideias... que serviram mesmo muito bem ao puzzle que é Lost.
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