segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eu e os muitos filmes...


Gosto de muitos tipos de filmes. Desde as comédias-românticas aos mais alternativos filmes. De Hollywood para o "resto" do mundo. Gosto de ver filmes portugueses igualmente.
Porém, são os filmes de acção, sci-fi, terror, bizarros, e até alguma produção dita xunga, que mais rapidamente me atraem para os visionar. Normalmente vejo-os a quase todos e isto de eu me considerar um cinéfilo é igualmente questionável.
Acho que todos nós somos cinéfilos de alguma forma e muito honestamente já fui mais do que actualmente sou. É a vida mais madura que nos faz ter outros interesses e até abraçar outras culturas. A vida é assim mesmo!
Os mais novos que hoje descobrem os filmes e os querem ver a todos compulsivamente, um dia sentirão que passam a ter menos tempo para continuar a ver muitos filmes. E as confusões da vida fazem-nos por vezes optar por ver filmes escape. Coisas que possam entreter e distrair bem mais do aqueles mais sérios e cultos.

Realmente quando era estudante de artes, teria 16 (desde aí), rodeava-me de gente de diversa natureza, com gostos diversos e o embate de "opiniões de café" por vezes até gerava acesas discussões. Havia sempre alguém do contra sobre qual filme fosse. Por vezes até era eu... mas o importante era a forma como cada um se defendia e argumentava com a sua opinião. Era aí que a chama cinéfila florescia.

Por vezes, descobríamos que era ou pela empatia com o conceito, por vezes pelas qualidades técnicas, pelas soluções adoptadas (visuais ou narrativas), pela produção e imagem (nunca fui bom a opinar pela "fotografia" dum filme mas) e até pelas individualidades envolvidas (realizadores e actores, principalmente), que o gosto por um qualquer obra se destacava. Na verdade, é até mesmo por aí...


Recordo-me de dizer que o "Delicatessen" de Jeunet, que me haviam emprestado em VHS era muito bom e alguns ficaram a olhar de lado. Os mais velhos da turma já o conheciam e o enalteciam... mas outros diziam que era um nojo. "Fargo" dos Cohen também deu azo a longas boas conversas. Uma outra que recordo com prazer dessa altura, de entre muitas, é a sobre o "Natural Born Killers", pois na altura não estava tão a par das estreias e tinha já de saido das salas e para o ver tive de ir a um cinema bem longe (numa localidade onde as estreias eram semanas/meses depois). Também se metiam ao barulho os clássicos bastante antigos... mas na altura ainda conhecia poucos. Ficava calado.
Noutras alturas, eu lembrava filmes (mais mainstream) como os da saga "Aliens", os da saga "Regresso ao Futuro", os do Stallone, Chuck Norris ou os do Swarzenegger (que nem sempre corriam bem). Por vezes estragava a conversa quando metia ao barulho fantasias como "Ninja Americano" ou os na altura recentes do Van Damme "Força destruidora", "Time Cop" e muitos outros). Ou um "Superman" ou "Batman"...
"Ó, foda-se, vai-te foder com essa merda! Isso é só filmes de perder tempo, pá!" E depois, estes mais conhecedores no assunto, surgiam em conversa com filmes que me eram completamente desconhecidos. Ficava calado. Mais valia! E é aqui que a coisa bate...

Um cinéfilo pode gostar de tudo mas não pode falar de todos os filmes. Se chegar um, a referir um filme indiano ou chinês, estraga-se logo a cena toda!
As questões que ficam é: Terá um amante de filmes de falar somente dos filmes bem conceituados? Terá de fugir de todos os filmes menos agraciados pela generalidade cinéfila?
Acho que não.
Tudo tem lugar e há imensos filmes que têm o seu valor dentro da sua própria cena. A verdade é que ganhamos mais se conseguirmos aceitar diferentes correntes "cinéfilas"... e até poderemos ser mais felizes sendo mais ecléticos no que aceitamos ver. Não me sinto com gostos "culpados" ou "estragados"...



origem da ilustração

8 comentários:

Movie Lover disse...

Concordo plenamente ... por exemplo, eu odeio filmes pseudo-intelectuais de gajos a olhar para uma parede. E se reparares as criticas a filmes no meu blog são na sua maioria a filmes mainstream.
Não vou dizer que não há filmes pseudo-intelectuais bons, que os há .... mas prefiro uma coisa que puxe pela cabeça, mas seja mais fácil de consumir.

Abraço.
http://vidadosmeusfilmes.blogspot.com/

Rui Francisco Pereira disse...

Uma excelente reflexão. Pessoalmente, também prefiro os circuitos mais comerciais, que me entretenham melhor.

Irritam-me as pessoas que teimam em considerar o mainstream como um género menor (ou qualquer coisa que venha de Hollywood). Pseudo-intelectuais como diz o Bruno, que pensam que ser diferente é ser melhor, e que tentam impôr este tipo de cinéfilia fechada e algo doentia a tudo e tudos (estou a ser talvez um pouco severo, mas já lidei com um dois sujeitos desta blogosfera que o fazem com frequência).

A qualidade existe por todo o lado, no mainstream e no independente. E eu não tenho nenhum problema em dizer que me atraem muito mais os primeiros.
Mas que isso não seja um motivo para um rebaixar de opinião.

Cada um gosta do que gosta, e as divergências opinativas são, não só inevitáveis mas também (na maioria das vezes, isto porque há sempre uma maça podre) saudáveis.

Por exemplo: acho o Fargo um dos filmes mais sobrevalorizados da década de 90 ;)

P.S.- Que não te restem dúvidas: és um verdadeiro cinéfilo ;)

ArmPauloFerreira disse...

Obrigado a ambos pela sempre pronta simpatia. O David martins disse no Facebbok que só há dois tipos de filmes: os bons e os maus.
Realmente nunca vi desta maneira tão simples mas é verdade realmente.
Mesmo na categoria dos filmes assumidamente xungas, há os bons e os maus.

Eu já fui mais cinéfilo, mas admito que o maisntream me atrai mais. Por vezes, penso se não ando a ver mais os filmes que antes até nem via sequer...

Tambéms existem muito cinema alternativo que não veria se tivesse de os ecolher mas quando estou perante eles e a história amarra, as surpresas surgem onde menos esperaria.
Haj é tempo para ver tanta coisa (e tenho séries em atraso...)

Nuno Pereira disse...

Eu sou mais um a concordar plenamente com o que dizes...

Aceito e sei plenamente que existem bons filmes comerciais e bom cinema independente, e tudo se resume a nós falarmos e criticarmos isso mesmo ao gosto de cada um.

Mas isto é dito por quem acaba por preferir sempre o cinema comercial, se foi ao contrário já não é bem assim.

Bruno Cunha disse...

Concordo. O mundo gira em torno de diferenças e todos os cinéfilos têm as suas diferenças mas o que mais importa é que só se discute quando se sabe e nessas alturas soubeste estar calado.

Abraço
Cinema as my World

ArmPauloFerreira disse...

Sim e acrescento que o mais importante é cada um seguir os seus gostos mas também saber ter abertura para ver outras coisas.
Estar sempre pronto a outras cenas menos habituais para não se estagnar sempre no mesmo.

Obviamente que ninguém escapa ao cinema comercial e a tendência é não haver grande atracção pelos filmes não-comerciais quando não se acompanha um pouco o que se passa noutros circuitos. Existe muito e variado cinema...

Close Up! disse...

Adorei!
Disseste tudo!

ArmPauloFerreira disse...

Thanks!