É mesmo... poder-se viajar no tempo ou viver o presente em função de um futuro já conhecido pode criar situações de autênticos dilemas a vários níveis, desde os existenciais, dimensionais, o livre arbítrio, etc.
Afinal, o futuro estará mesmo escrito? O destino é mesmo esse futuro?
O futuro pode ser modificado? Existirá a possibilidade de o fazer?
As escolhas e opções do presente que efeitos terá no futuro já conhecido?
E outras questões assim do género...
Puxa, assim de repente esta até parece uma introdução para falar de séries como a recente FlashForward ou de Lost e Fringe... mas não é!
O artigo duplo desta vez é dedicado a dois filmes que lidam com estas situações, de maneiras diferente nestes dois casos mas que a sua trama se vê constantemente a lidar com estes temas. Eles são "Terminator Salvation" e o "Star Trek" (2009).
A saga Terminator...
A saga Terminator, começou por ser um filme que bem se poderia classificar de filme classe B.
"The Terminator" (1984) saiu-se como um filme de acção para o típico filme de músculo pois Arnold Schwarzenegger era a figura central, que apesar de vilão, lá fazia o seu papel de brutamontes musculado tão em voga na década de 80.
No entanto, este era também um filme com uma muito imaginativa história: um andróide que vem do futuro para matar Sarah Connor para assim impedir a existência daquele que é no futuro o líder da Resistência contra as máquinas e a Skynet. John Connor, o líder no futuro, para proteger a sua ainda jovem mãe, envia um soldado, Kyle Reese, uma espécie de seu braço-direito da Resistência e este lá é bem sucedido na sua tarefa com a sua própria vida. Mas o facto mais interessante é que torna-se ele o pai do seu próprio amigo. O filme tornou-se um dos maiores de culto da década e uma sequela seguir-se ia anos mais tarde.
"Terminator 2: Judgment Day" (1991) chegaria e nada mais seria o mesmo.
Veio servido do que de melhor se podia fazer em matérias de efeitos especiais. Contudo, os mesmos efeitos especiais apresentaram-se supreendentemente ao serviço de conseguir contar a história que surgia desta vez ainda mais magnifica.
James Cameron foi o realizador por trás dos dois filmes e com toda a sua mestria deu-nos um dos mais memoráveis filmes de acção e ficção-científica de todos os tempos. Ao segundo filme aquilo que parecia um óptima ideia é transformado para algo ainda mais magnifico com algumas variantes que o alimentaram ainda mais. Desta vez o objectivo é matar o próprio John Connor ainda adolescente e quem surge para o proteger é igualmente uma outra máquina. O que no 1º filme era um vilão é agora um salvador, uma máquina a ajudar a Humanidade, mas a ameaça que defronta é uma outra máquina ainda mais sofisticada vinda do futuro: um imparável e destruidor T300 feito de metal-liquido metamorfo. Tivemos grande, grande, grande filme!
Os problemas apartir deste T2 foi em fazer novas sequelas á altura do material tão inteligentemente estabelecido. James Cameron não quis fazer mais nenhum filme seguinte e o que veio a seguir não se encontrou á altura dos dois iniciais.
Os problemas apartir deste T2 foi em fazer novas sequelas á altura do material tão inteligentemente estabelecido. James Cameron não quis fazer mais nenhum filme seguinte e o que veio a seguir não se encontrou á altura dos dois iniciais.
"Terminator Salvation" ( 2009)
"Terminator Salvation" de 2009, é assim a quarta incursão por este imaginário e chegou com imensas ambições, depois de um T3 que pouco deu de valor para a saga, além de várias sequências de acção interessantes.
Todos os filmes da saga tiveram sempre uma premissa base muito simples para evitar o futuro que aí vinha: "salvar Sarah Connor" no T1, "salvar sarah Connor e o jovem John Connor" no T2, "salvar do dia do julgamento final John Connor e aquela que será a sua mulher" no T3. De todas as vezes alguém foi enviado para o passado para assegurar o cumprimentos das missões.
Chegamos ao T4, e por já estarmos nesse futuro que não se conseguiu evitar, a premissa perdeu-se. Salvar quem desta vez? Improvisa-se... mas o mais visado desta vez é assegurar que Kyle Reese, ainda adolescente, sobreviva para que John Connor possa um dia nascer... e voltar a salvar a sua existência.
Ao quarto filme, realizado por McG, a acção já não decorre no nosso tempo para esta ser mudada para o futuro, onde encontramos um John Connor já adulto em plena guerra com as máquinas e a desenvolver a Resistência, dando esperança á Humanidade num mundo em pleno caos e já dominado pelas máquinas da Skynet. Depois há um John Connor, interpretado por Christian Bale, a remar contra o estado das coisas...
Afinal, o futuro que a sua jovem mãe veio a saber vir a acontecer não pôde ser mudado e o dia do Julgamento Final aconteceu mesmo. O mundo passou a ser comandado por máquinas que exterminam os humanos.
Ou seja, John Connor tem de salvar a todo o custo aquele que virá a ser o seu pai. E o paradoxo-mor é ver ambos juntos, o filho um adulto maduro e o futuro pai ainda um adolescente muito verde. John Connor sabe que ele será (é) o seu pai, que desconhecia, mas devido a ter uma espécie de guião de vida que a mãe lhe deixou (um diário onde ela escreveu as tais Crónicas de Sarah Connor) relaciona os factos. Por seu lado, Kyle Reese desconhece o seu futuro completamente, sendo ele também um pequeno lider da sua área de resistência, onde passa o tempo a arriscar a vida.
E se ele morrer ainda jovem? Isso iria evitar os acontecimentos vistos em T1. Não deixou de ser um ponto interessante, pertinente e paradoxal.
O filme está carregadinho de espantosas cenas de acção com muitos e bons efeitos especiais. A Skynet ainda se encontra num tempo onde não tem os humanoides exterminadores, pelo que os "agentes" da Skynet no terreno são ainda autênticas máquinas de metal. E que maquinões!!!
Pelo meio conhecemos ainda uma outra personagem, interpretado por Sam Worthington, que acaba por ser quem conduz os acontecimentos, carrega em si um grande twist e é através dele que passamos a conhecer um pouco melhor como esse futuro foi conduzido ao ponto que chegou. Pode-se dizer que esta personagem rouba totalmente o protagonismo da personagem de John Connor (e mais uma vez em toda a saga vista até aqui ele perde protagonismo para outras -é estranho sendo ele o grande e famoso líder...).
T4 não supera o T2 mas é muito melhor que o T3. Aliás, acho mesmo que este filme teria servido melhor como sendo o verdadeiro sucessor de T2, olhando à forma como inicia e como os eventos do T3 não pareceram contribuir em nada para a saga dos filmes (e a série incluída).
Consegue ainda deixar algumas referências saborosas.
- Uma é o cameo de um Exterminador em linha de produção, portanto... exactamente igual ao que vemos no T1 (sim é um Arnold Schwarzenegger e ainda bem novo -uma proeza do CGI).
- Depois as referências que remetem a conceitos explorados na série televisiva "Terminator: The Sarah Connor Chronicles" que teve na derradeira 2ªT imensos pontos relevantes que alargaram o universo da saga Terminator. Tais como a existência de uma facção das máquinas a apoiar os humanos da resistência, a ambiguidade dos sentimentos de John Connor pelas máquinas (que alguns humanoides os vê como... pessoas) e muitos outros pontos interessantes que estavam a ser explorados (incluindo a alusão a de nem sequer existir John Connor no futuro mas sim o culto de que ele existe).
É um filme à maneira mas que depois de tantas peripécias sabe a filme vazio de premissas fortes como continham os dois primeiros filmes da saga. Este é mais uma exploração da saga mas vale bem a pena ver por ter muita espectacularidade... e por ser irresistível perder o que quer que seja desta saga.
Star Trek (J. J. Abrams -2009)
Quando o filme estreou dizia assim: "Temia o pior sobre uma nova adaptação de Star Trek. Depois de ver as variantes que foram sendo feitas... nunca nada saiu melhor que a série original dos anos 60/70 ou os dois filmes que imediatamente se fizeram a seguir."(...)
A verdade é que J. J. Abrams conseguiu tornar relevante a saga Star Trek e este tipo de aventuras de ficção-ciêntifica de recorte clássico: naves espaciais, aliens, muito equipamento high-tech futuristico, etc.
Fez tudo bem feito e ao mesmo tempo conseguiu respeitar com mestria uma saga quase sagrada, reinventando-a, actualizando-a e apresentando uma linha narrativa que nem sequer renuncia o que foi feito até então.
O que ele fez é obra mesmo!
O filme afigura-se como sendo uma prequela e reboot simultâneo de tudo. Apesar de o ser na verdade, esta aventura que é assitida no filme também se pode ver como uma continuação do último filme com Spock. E aí reside um dilema com que me deparo: Este filme é então uma prequela ou uma sequela?
Digamos que é uma disfarçada sequela, que se serve das possibilidades dos paradoxos temporais para depois arrancar uma nova aventura em jeito de prequela.
O que ele fez é obra mesmo!
O filme afigura-se como sendo uma prequela e reboot simultâneo de tudo. Apesar de o ser na verdade, esta aventura que é assitida no filme também se pode ver como uma continuação do último filme com Spock. E aí reside um dilema com que me deparo: Este filme é então uma prequela ou uma sequela?
Digamos que é uma disfarçada sequela, que se serve das possibilidades dos paradoxos temporais para depois arrancar uma nova aventura em jeito de prequela.
Se querem uma sinopse revejam (aqui) o artigo aquando da estreia porque o enebriante do filme é mais do que essa premissa.
Somos levados ao inicio de tudo.
Assistimos á construção da mítica Enterprise e à formação da equipa que a comandará. Logo aí temos uma novidade: a nave não é comandada pela personagem James T. Kirk. E é por James T. Kirk, ainda um jovem, muito inconsequente, indisciplinado, de mau-feitio... mas corajoso e irreverente em doses massivas, que somos levados a seguir esta aventura. Esta é em parte a história dele e motivada por ele. Mas não é só sobre ele. É também os primordios do que será a sólida amizade dele com Spock. Spock esse, também jovem, de brilhante inteligência da lógica e dividido pela sua condição de humano e vulcano.
E o mesmo é aplicado aos restantes elementos que vamos conhecendo e que formará a equipa da Enterprise. Todo o lado humano, as motivações e rumos de toda esta equipa é nos colocados de uma forma bem apresentada, estruturada e que acabará por fazer pleno sentido de uma forma saborosa.
Assistimos á construção da mítica Enterprise e à formação da equipa que a comandará. Logo aí temos uma novidade: a nave não é comandada pela personagem James T. Kirk. E é por James T. Kirk, ainda um jovem, muito inconsequente, indisciplinado, de mau-feitio... mas corajoso e irreverente em doses massivas, que somos levados a seguir esta aventura. Esta é em parte a história dele e motivada por ele. Mas não é só sobre ele. É também os primordios do que será a sólida amizade dele com Spock. Spock esse, também jovem, de brilhante inteligência da lógica e dividido pela sua condição de humano e vulcano.
E o mesmo é aplicado aos restantes elementos que vamos conhecendo e que formará a equipa da Enterprise. Todo o lado humano, as motivações e rumos de toda esta equipa é nos colocados de uma forma bem apresentada, estruturada e que acabará por fazer pleno sentido de uma forma saborosa.
Os filmes Star Trek nunca se mostraram como filmes de grande acção. Este consegue-o sem trair nenhuma das características originais, que lá estão também. Uma das mais significativas características identificativas desta saga passa por Spock e Zachary Quinto compôs um jovem Spock mesmo emocionante.
Ainda mais emocionante é ver que o Spock verdadeiro também está presente, revelando um dos pontos paradoxais mais pertinentes. Spock-prime e Spock-alternativo na mesma narrativa? Sim, pois claro!
Ainda mais emocionante é ver que o Spock verdadeiro também está presente, revelando um dos pontos paradoxais mais pertinentes. Spock-prime e Spock-alternativo na mesma narrativa? Sim, pois claro!
J. J. abrams jogou no filme com as suas grandes cartadas de génio que já nos habituou em séries como Lost, Fringe e Alias. Devolveu Star Trek aos grandes filmes do género, com uma nova toada de acção á laia de Star Wars.
Aliás, acredito mesmo que tudo o que foi desenvolvido (deve ter sido um brain-storming exaustivo) ao nível de argumento de ficção-cientifica foram até aproveitadas para as suas actuais séries. Não tenho dúvidas disso.
Aliás, acredito mesmo que tudo o que foi desenvolvido (deve ter sido um brain-storming exaustivo) ao nível de argumento de ficção-cientifica foram até aproveitadas para as suas actuais séries. Não tenho dúvidas disso.
Física quântica e viagens no tempo... foram parar a Lost.
Universos paralelos originados por diferentes opções... fez nascer a série Fringe.
Só que o que nas séries se encontra separado, aqui estes conceitos são apresentados num mix, criando um cocktail impressionante e que até faz pensar profundamente.
Com isso consegue fazer as ligações ao que foi já feito anteriormente e criou novas possibilidades para assegurar possíveis novas aventuras que estas personagens viverão sem nós próprios renunciarmos às que já vimos, porque aqui vive-se outra linha temporal.
Depois funde tudo isso com situações impressionantes.
Teletransporte para uma nave a "navegar" em ultra-velocidade Warp. Nunca visto... No way!
Mundos inteiros a explodir. Amazing!
A ameaça do vilão Nero em regime transdimensional. Impossible!
Até os brilhos lens-flare (as luzes, os clarões e flashes), resultante de reflexos de luz que ofuscam a camera da filmagem, funcionam a favor do filme, criando um efeito de algo como... glossy high-tech ofuscante!
Consoante o filme avança acreditamos cada vez mais que estamos mesmo a ver as personagens que bem conhecemos há muito... muito tempo. Os novos: Spock, Kirk, Scottie, Sulu, Uhura, Bones... são mesmo eles que lá estão, quase como se espiritualmente encarnados em novos e jovens actores. Este novo James T. Kirk é fenomenal mesmo e temos um Spock emocional como nunca o vimos antes.
Tudo isto numa sensacional aventura pelo universo... novamente por descobrir!
Altamente recomendado, dedicado aos fãs e aos que nunca ligaram patavina a esta saga. Uma autêntica passagem de testemunho, com transferência de valores e tudo.
Este é um dos melhores filmes do ano. E mai' nada!!!
Com isso consegue fazer as ligações ao que foi já feito anteriormente e criou novas possibilidades para assegurar possíveis novas aventuras que estas personagens viverão sem nós próprios renunciarmos às que já vimos, porque aqui vive-se outra linha temporal.
Depois funde tudo isso com situações impressionantes.
Teletransporte para uma nave a "navegar" em ultra-velocidade Warp. Nunca visto... No way!
Mundos inteiros a explodir. Amazing!
A ameaça do vilão Nero em regime transdimensional. Impossible!
Até os brilhos lens-flare (as luzes, os clarões e flashes), resultante de reflexos de luz que ofuscam a camera da filmagem, funcionam a favor do filme, criando um efeito de algo como... glossy high-tech ofuscante!
Consoante o filme avança acreditamos cada vez mais que estamos mesmo a ver as personagens que bem conhecemos há muito... muito tempo. Os novos: Spock, Kirk, Scottie, Sulu, Uhura, Bones... são mesmo eles que lá estão, quase como se espiritualmente encarnados em novos e jovens actores. Este novo James T. Kirk é fenomenal mesmo e temos um Spock emocional como nunca o vimos antes.
Tudo isto numa sensacional aventura pelo universo... novamente por descobrir!
Altamente recomendado, dedicado aos fãs e aos que nunca ligaram patavina a esta saga. Uma autêntica passagem de testemunho, com transferência de valores e tudo.
Este é um dos melhores filmes do ano. E mai' nada!!!
5 comentários:
100% de acordo no Star Trek... já vi no cinema, em dvdrip e anseio pelo BlueRay para ver se se nota alguma coisa de diferente face ao upscaling...
só a cena inicial em que uma tipa está a gritar e é sugada para o espaço e tudo se silencia... é perfeita!
JPC
Não tenho bem a certeza, nisto também há sempre segredos, mas o Cameron até tentou que não existissem mais filmes após o T2,
O problema é que ele não tinha os direitos totais da serie, Os produtores ( Kassar e o Vajna ) conseguiram ganhar isso e na altura tiveram a preciosa ajuda da Linda Hamilton, altura da separação com o James Cameron.
Tenho que pesquisar para confirmar isto que acabei de escrever... pode haver erros :)
( O T2 foi feito com dinheiros do Kassar e Vajna ) que de algum modo conseguiram garantir a serie, que veio a dar lugar a mais 2 filmes e uma serie de tv até agora.
@ JPC: essa cena é magsitral. Tal como a cena da explosão do planeta, sente-se até a tensão do jovem Spock. O filme é mesmo magistral! Som, imagem, fotografia, efeitos especiais, ideias e conceitos, os flashs de luz, a irreverência de toda a juventude... tudo!
É um filmaço. Já se sabe, obviamente, que os Oscars ignoram estes filmes... mas deveriam ter uma categoria para estes filmes assim...
@Nasp: Isso são histórias de bastidores. O James Cameron queria ver a obra parar onde ele deixou mas ele foi pouco esperto pois criou uma história eliptica e poderia ter feito sim um T3 e dar um ponto final de forma a não haver mais hipóteses de mais criações. O burro foi ele mesmo... pois a saga pede isso e a verdade é que nenhum dos vários avanços saidos depois de T2 chegaram lá ainda. Talvez porque não interessa dar fim á saga, pois é uma galinha de ovos de ouro...
Como és um fã da saga... o que dizes desta review?
E uma analise fiel a saga :) Não é dificil dizer que T4 é bem melhor que o T3 é que os T1 e T2 são filmes de outra galaxia..... são uma obra fictional unica criada pelo genio que é James Cameron.
O Star Trek é bem bom, é curioso e que só gostei do filme a segunda vez que o vi.
Aqui em jeito de off-topic, já viste o novo trailer de Avatar ?
Mas ades é ver este nos bastidores que mostram imensas imagens do Planeta Pandorra :
http://www.filmofilia.com/2009/10/29/4-minute-avatar-featurette/
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