Transposição da BD para cinema

Recentemente fui desafiado pelo blog Metal Polido a lançar um olhar sobre 3 filmes baseados num mesmo tema. Esta ideia nasceu noutro blog e está a reunir adeptos como se fosse um jogo. Escolhe-se um tema e reune-se em torno dele 3 filmes. É uma escolha que pela vastidão de temas se pode tornar difícil. Acabei por decidir um tema que junta ao cinema a arte nascida na banda desenhada, ou seja, transpor BD.

A banda desenhada sempre me acompanhou desde pequenino. A sério mesmo! Foi aos 6 anos, mal aprendi a ler. A banda desenhada teve sempre na minha vida juvenil um papel importante pois estimulava a minha imaginação e saciava a minha constante procura pela fantasia. Acabou por ser um dos modelos criativos mais fortes dos que dispunha, influenciando desde cedo o meu gosto especial pelo desenho (que já tinha) e a arte moderna. No fundo as minhas origens artísticas começaram na BD e acabaram influenciando a procura do meu futuro, chegando às artes gráficas (design gráfico e pré-impressão).

Os três filmes que apresento baseiam-se não simplesmente na adaptação da BD ao cinema mas sim pela fidelidade da transposição desse imaginário para cinema. Muitos seriam os exemplos para escolher dos grandes filmes que resultaram da BD.
Devo recordar desde o Popeye, Dick Tracy, o Fantasma, Tarzan, Flash Gordon, Barbarella, Astérix,...
...aos grandes nomes como Super-Homem, Hulk, Quarteto Fantástico, X-Men, Spawn, Batman, O Corvo, Blade, etc.
Também existem outras BDs mais "normais" que renderam grandes filmes tais como: Ghost World, Road to Perdition, History of Violence, American Splendor, etc.
Enfim é um vasto mundo impossível de os enunciar aqui a todos. Mas aqueles que são muito fies na transposição contam-se apenas pelos dedos das mãos...

Os três filmes que destaco dos muito bem transpostos a cinema:

Spider-man / Homem-Aranha (2002)

Até então tinham sido feitos imensos filmes de super-heróis mas haviam sempre mutações nas personagens ou no tom do filme que desviavam daquilo que se tinham lido e apreendido das páginas da BD. O Homem-Aranha de (2002) pode ser considerado um marco porque pôs exactamente em imagens todo o imaginário de forma perfeita e ao mesmo tempo numa dose harmoniosa que resultou num grande filme empolgante que agradou pequenos e graúdos (e a crítica). Foi arrepiante quando vi no cinema as poses do Homem-Aranha trepando e baloiçando pelos prédios. O realizador Sam Raimi (grande!) não se fez rogado em incluir o momento em que o balanço do Spiderman faz-lhe passar rente ao chão entre duas viaturas no trânsito. Para quem que como eu "comia" esta BD foi um momento de antologia pura.
E depois a correcta focagem na personagem Peter Parker e todos os seus problemas do dia-a-dia, tal qual como nas revistas. Nas revistas até sentíamos mais pena dele do que quando estava de fato vestido. Em filme o Homen-Aranha 2 (2004) foi ainda mais longe, sendo mais completo até e melhor que o primeiro (inclusive tecnicamente). A saga chegou recentemente ao 3º filme (2007). Mas tendo sido o primeiro a mostrar o tom vale mais. Devem-se juntar a este o X-Men 2 (2003) e o Batman Begins (2005).

Provas e trailer:

Sin City - A Cidade do Pecado (2005)

Frank Miller, um dos mais importantes artistas do mundo da BD, criou a série Sin City dando um novo olhar a temas vocacionados aos adultos. Na verdade criou em Sin City uma realidade em que não existe o bom e o mau. Existe sim é um choque de intenções entre personagens, pois cada uma tem algo que as motiva. Sin City era uma BD, de poucos volumes, com um aspecto visual muito estilizado, sem cor e cheia de alto contraste no uso do preto e do branco.

Robert Rodriguez, esse realizador atrevido no uso das novas tecnologias atreveu-se a levar para cinema uma tarefa à partida impossível. Acabou por dar ao mundo aquela que um dia será considerada a transposição definitiva e fiel de BD a cinema. Tudo porque levou ao limite toda a técnica para dar vida a este mundo da Cidade do Pecado de uma forma nunca vista sem na mesma se impedir de nos dar um filme muito original e empolgante. Na verdade tornou em imagem real cada prancha, usando os mesmos enquadramentos, poses, cenários, situações. No fundo foi a BD que serviu de storyline ao filme. Rodeado de bons actores, teve a seu lado Frank Miller que creditou como co-realizador e o amigo Quentin Tarantino ainda fez uma perninha filmando uma das cenas do filme (quem conhece bem QT sabe bem qual é a cena). A continuação, o Sin City 2, já está planeada.

Provas e trailer:

300 (2007)

Novamente uma obra do artista Frank Miller, que além de Sin City também desenhou imensos Spider-man (curiosa coincidência nos 3 filmes escolhidos) e imensas obras (o Batman Begins é inspirado numa história sua). Desta feita, o realizador Jack Snider fez um filme semelhante em técnica ao Sin City mas o resultado final não satisfez tanto público (foi muito criticado pela critica especializada). Esteticamente estamos na presença de algo muito artístico, que seguiu a BD original como uma storyline e storyboard (tal como Sin City). Junto-o aqui nesta selecção por ser o mais recente e por ser um filme muito interessante e extremamente fiel na transposição.

Retrata a história do acto de bravura do rei Leonidas e seus 300 bravos guerreiros que fizeram frente a 1 milhão de soldados do rei Xerxes na tentiva da conquista de Esparta. A ideia do rei era mostar que se apenas com só 300 guerreiros contra tantos e com os estragos avassaladores que causaram ao inimigo, lhes mostraria o valor de Esparta. Causaria o medo a qualquer inimigo pois bastava-lhes imaginar o que seria o rei enviar milhares de guerreiros daquela qualidade. O filme põe à superficie os sentimentos de bravura, valentia, coragem, lealdade e principlamente o patriotismo. Tudo numa mistura explosiva como nunca se viu.

Vamos gritar também: Sparta!!!

Provas e trailer:

Se achou a ideia interessante aceite o desafio e exponha as suas ideias também (deixe um comentário para irmos ver).